Sem medida, de Demetrios Galvão

as casas fogem de repente

e em seu lugar há uma carta.

enrique molina

 

longe dos olhos o alimento é saudade

o que se carrega na mochila é rarefeito

a voz que vem de dentro é mitológica

reza uma fronteira e lembra uma origem.

 

longe do lar o encantamento é armadilha

os cartões-postais realizam um cortejo tímido

as paredes vestem um luto cordial que se renova

as águas dão forma a céus de misericórdia.

 

longe do corpo o relevo de um sorriso adormece elefantes

o nome próprio é um signo abstrato e sangra a falta de carne

os músculos são cordões inanimados em jogo voraz

os pássaros tomam posse da cabeleira abandonada.

 

Poesia de Demetrios Galvão

 

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