O Dixtrava, podcast com temáticas direcionadas para a comunidade LGBTQIAPN+ no Piauí, estreia sua quarta temporada destacando a história do movimento no estado e trazendo personalidades que estão na linha de frente da luta por direitos e também da nova geração que seguem transformando o cenário atual. A principal novidade do Dixtrava é que agora ele também será publicado em formato de videocast.
O projeto surgiu em 2020 sendo uma idealização dos amigos Leandro Soares, que é jornalista e produtor de conteúdo, e Marcos Antônio, que é escritor, pedagogo e mestre em Sociologia. E a partir de uma ocupação durante a pandemia, percebeu-se da necessidade de discutir e compartilhar experiências pessoais, percepções e vivência no cenário LGBTQIAPN+ local, e se transformou em um palco para discussões sociais do movimento.
Marcos Antônio é natural de Cocal de Telha e Leandro é de Santa Cruz dos Milagres. Ele relata à Geleia Total sobre como se deu a construção do Dixtrava. “A gente é do interior do estado e nós pensamos na verdade em criar o Dixtrava muito nesse sentido de trazer um pouco das nossas experiências e as nossas percepções de vivências LGBTS enquanto moradores de cidades pequenas e essa mudança de cenário, do impacto que a gente vivenciou as novas formas de ser e viver a nossa sexualidade já aqui em Teresina quando a gente veio pra estudar”, explica Marcos Antônio.
A parceria deu tão certo que o conteúdo, que no começo a distância por chamadas gravadas, agora se torna um videocast. O novo formato foi possível graças a contemplação no Sistema Estadual de Incentivo à Cultura (SIEC) 2024, viabilizado pela Secretaria de Estado da Cultura do Piauí e o Governo do Estado, com patrocínio do Armazém Paraíba.
Para a quarta temporada, o Dixtrava traz personalidades que fizeram e que fazem parte da história LGBTQIAPN+ no Piauí. Estão confirmados nomes como Marinalva Santana, uma das fundadoras do grupo Matizes (organização civil que tem por missão defender os direitos humanos, com foco na defesa dos direitos de LGBTQIA+), Dackson Mikael, bailarino e ator que dá vida a Chandelly Kidman, Maria Laura Reis, presidente do GPTrans (Grupo Piauiense de Transexuais e Travestis), Richard Hiperbolar, produtor cultural, entre outros.
O Dixtrava tem a direção de Fábio Cariolano e com roteiro assinado por Leandro Soares e Marcos Antonio Anísio e produção da VR Produções. A equipe conta com os cinegrafistas Lucas Machado, Ronny Marques e Filipe Ferreira, enquanto a edição fica a cargo de Luiz Wagner Jr., assegurando um olhar técnico e refinado para essa nova fase do projeto.
Mas e o que significa o nome Dixtrava?
Ao longo de 14 episódios distribuídos em três temporadas, o podcast fala de vivências e experiências reais trazendo convidados que se identificam com as diferentes letras da sigla do movimento. “O significado do nome Dixtrava, que nós atribuímos é no sentido mesmo de destravar toda e qualquer forma de preconceito. De fazer com que as pessoas entendam as nossas subjetividades, nossas particularidades e a partir de então elas compreendam esse universo que nos envolve”, revela Marcos Antônio.
Discussão de assuntos relevantes
A cada temporada, o Dixtrave mergulha em temas relevantes que demandam discussão, com o objetivo de fomentar o debate e estimular a reflexão sobre assuntos pouco abordados. “A gente sempre trabalhou uma temática em cada em cada temporada. E temáticas que a gente se preocupa, saúde da comunidade LGBTQIAPN+, os mitos que as pessoas têm sobre a comunidade, sobre adoção, os combates contra homofobia, transfobia, bifobia, sobre bissexualidade, direito LGBT, falamos sobre o culto à beleza da comunidade LGBTQIAPN+”, diz Leandro Soares, que também contribue com a roteirização do programa.
Público e Receptividade
Para Leandro Soares, a migração do Dixtrava para o formato de videocast amplia o alcance do projeto, permitindo conectar-se com um público que o áudio streaming não alcançava. “Fazer num formato vídeo é mais prazeroso. Acho que a gente vai alcançar um público que a gente nem imaginava alcançar no formato só do streaming de áudio. O YouTube ele vai dar essa democratização de muita gente ter acesso e ver também a gente, que a gente tem muitos ouvintes, pessoas fora do eixo Piaui. A gente tem pessoas também até já em outros países que acompanhavam a gente”, explica.
Marcos Antônio destaca o impacto positivo do podcast, que vai além do público LGBTQIA+. “É muito gratificante a gente receber ouvir dos nossos amigos, dos nossos conhecidos sugestões de pauta e elogios. Inclusive um dado muito interessante é que boa parte das pessoas que ouvem o podcast são pessoas que são heterossexuais e por vezes dão sugestões de pauta porque eles encaram como uma forma de se educarem em relação as questões que envolvem as diversas formas de sexualidade. Esse retorno é muito importante porque faz com que a gente se sinta muito mais empolgado em trazer diferentes temas, diferentes discussões e ampliar muito mais o leque de pessoas que nós entrevistamos”, comenta.