Thaín Wirá é um jovem sorridente, receptivo e um ativista da poesia, levando-a para onde quer que vá. É produtor cultural, slammaster e um poeta em retomada. Além de criador, sua trajetória é intensamente marcada pela produção de eventos que têm como finalidade promover a poesia falada, que vai além de um evento: é um instrumento de expressão, cultura e resistência.
Ele compõe a equipe do Slam “Nós Por Nós”, pioneiro na organização de slams em Teresina. Esse movimento itinerante busca levar arte e cultura para os mais diversos espaços, inclusive ocupando locais ociosos. Thaín também foi responsável pela produção do Primeiro Campeonato Piauiense de Slam, que faz parte do Slam Nacional (Slam BR) e seleciona poetas do Piauí para competir nacionalmente.
Além disso, Thaín integra o coletivo indígena multiartístico RetomARThe, que tem como objetivo ecoar as vozes indígenas do território piauiense e acolher parentes que vivem em contexto urbano.
“Meu corre é sem drama No peito pindorama
Essa imensa pachamama matriarca ancestral
A mata sempre foi o meu quintal Sonho original,
fazendo um som tribal boyzinho passa mal.
No meio dessa gente ainda me acha prepotente
essa terra me pertence, sou guerreiro ancestral…”
Nome Completo: Thaín Wirá
Descrição: produtor cultural, slammaster e poeta
Data de Nascimento: 17/04/1994
Local de Nascimento: Manaus-AM
Escrito por: Alisson Carvalho
“…O corre é a retomada
sem tempo pra passação
Não vou pedir licença
no solo que é meu, irmão
esse sangue derramado
não contam na história não
Eles não nos mataram
Aguarde a revolução…”
Geleia Total: Você pode contar mais um pouco sobre você?
Thaín Wirá: Eu me chamo Thaín Wirá, eu sou um jovem indígena da etnia Baré, eu resido aqui em Teresina tem 7 anos, sou filho de um homem amazonense de São Gabriel da Cachoeira, ele é indígena da etnia Baré e minha mãe é uma mulher piauiense, nascida aqui em Teresina, lá no Monte Castelo. Eu passei a minha vida inteira no Norte do Brasil, lá no Amazonas, então resolvi vir à Teresina conhecer a cidade e a ancestralidade nordestina, por parte da minha mãe, e acabei me apaixonando pela cidade e estou aqui há 7 anos. Aqui na cidade eu desenvolvo a produção cultural com o Slam Nós Por Nós, o RetomARThe, sou poeta em retomada, poeta indígena, sou aluno da UESPI de Ciência Sociais, hoje eu também sou pesquisador da Fiocruz com a pesquisa com a saúde mental indígena lá em Piripiri e isso é um pouco de mim, um pouco das minhas facetas.
Eu vim de um ambiente familiar no qual a universidade não era uma possibilidade, a alternativa era eu me formar, ir para o quartel. Então meu pai é ex-militar, as minhas irmãs são todas casadas com militares e quando eu me formei a opção era ir para quartel, então eu passei 4 anos na aeronáutica lá em Manaus, aí pedi baixa e vim para o Nordeste conhecer esse lado que eu não conhecia. Então quando cheguei na Academia eu cheguei com o pensamento todo diferente, reproduzindo muitas vezes preconceitos e a universidade me fez entender isso e conheci a rua, a rua que falo é o hip hop, aí foi quando eu quis cursar Ciências Sociais para entender mais essas questões e mergulhar nessas narrativas.
Geleia Total: Segundo Krenak, há uma guerra cultural que afeta a identidade dos povos. Além disso, vivemos uma construção de conhecimento que costuma separar a arte dos outros saberes. Como você vê essa construção da arte na sua trajetória?
Thaín Wirá: A arte, para o povo indígena, já está naturalmente ligada ao dia a dia. A gente não vê essa separação, essa diferenciação. Nossas ritualísticas espirituais são acompanhadas pela música e pela dança. Sempre me interessei pela arte e sempre fiz arte de alguma forma: dançando, escrevendo — pois, desde criança, escrevo poesia —, além de cantar e brincar. Mas eu vim me descobrir artista… Na verdade, não me descobri artista, e sim me aceitar como artista dentro dessa sociedade capitalista que define o que seria um artista, isso aconteceu há pouco tempo.
Durante toda a minha infância — como falei, para nós, povos indígenas, não há diferenciação da arte —, ela sempre esteve presente. É cantando, inventando histórias, ouvindo histórias dos mais velhos, dançando, fazendo o Toré… Enfim, acho que a arte já está ligada a mim desde muito cedo. Minha família sempre foi muito ligada à música, por exemplo. Desde pequeno, esse lado foi muito explorado. Mas me aceitar como artista, acreditar que eu poderia me colocar como uma pessoa que produz arte, produz conhecimento, produz vivência, produz vida — pois, para mim, arte é vida —, isso aconteceu há uns 4 anos. Mas, desde criança, a gente trabalha a arte em casa, no dia a dia, sem essa pressão que existe para “fazer arte”.

Geleia Total: Nesse sentido, como eram essas vivências familiares entrelaçadas com a arte?
Thaín Wirá: A minha família era de religião de matriz africana. Meu pai era do Terecô, minha mãe é da Umbanda, então trabalhar com instrumentos musicais na infância era muito comum: atabaque, tiquerê, maracá. A lembrança que tenho com a música é essa, de casa, no fundo do quintal, fazendo samba com os meus primos, meus primos montando bateria de lata.
Desde muito pequeno, minha família inteira tem essa ligação, mas levando a arte como algo que faz parte da gente, sem a necessidade de um nome. Só estávamos lá, vivendo a nossa vida, e isso faz parte de mim em todos os momentos. Minha maior lembrança é mais com a música, nem tanto com a poesia, mas o lugar que mais me pegou — pois é o lugar onde posso falar dos meus, sobre as experiências que vivenciamos e sobre o que precisamos para retomar o território, a nossa cultura, o nosso bem viver — é a música.
Eu acredito que a música traz essa conexão, essa sinestesia. Tanto é que a nossa espiritualidade gira em torno da música. Para fazermos o nosso Toré, precisamos da música, do canto, do maracá, do atabaque, do agogô. Minha maior lembrança é em torno da música.
“… Eu escrevo pra fuzilar o sistema
Minha meta é te deixar insano
Eu vou roubar tua paz, tua humanidade
igual vocês fizeram com os meus a mais de 500 anos atrás
Preparados para guerra, com o arco na mão
nessa luta não vai mais escorrer o nosso sangue não
Te prepara pra aprender a tua lição
Chega de tanta opressão
Minha coroa é meu cocar, toré vamos dançar
Sob a luz da luar queremos bailar
Nosso canto ecoar, cantando que Pindorama não é mais o seu lugar
Colonizadores a expulsar, com vocês não vamos mais confraternizar…”

Geleia Total: Cita aí uma música que você gosta muito.
Thaín Wirá: Eu vou citar uma toada do Boi Garantido que eu gosto muito, que é assim…
“Águia, condor, gavião, asas da liberdade.
Sonho alado no céu, força guardiã.
No ninho pátria, a Pachamama, ameríndia.
No ninho pátria, a Pachamama, ameríndia.”
E essa toada, para mim, eu gosto muito, sempre ouço, todos os dias, porque ela traz o reavivamento do território, pois eu estou aqui e essa é a minha pátria. Não a pátria nacional, o Brasil, mas Pachamama é o território em que estamos, tudo isso aqui é nosso. O asfalto já foi floresta, também nos pertence.
Geleia Total: A escrita foi uma extensão dessa expressão da musicalidade que esteve presente contigo durante a sua trajetória?
Thaín Wirá: Eu escrevo desde muito novo. Gostava de escrever contos, aí arriscava um pouco na poesia e até no repente. Inclusive, eu até acho que era muito mais no repente do que na poesia, pois era o que eu conhecia. E aí fui escrevendo. Lá em Manaus, eu não tinha um contato tão próximo com os movimentos organizados artísticos. A vivência artística em Manaus era muito mais familiar, ali em casa, na brincadeira. Quando cheguei aqui em Teresina e fui fazer o curso de História, começamos a desenvolver um projeto chamado “Roda Ativa”, onde levávamos alguns assuntos para as escolas de ensino fundamental aqui de Teresina. Logo comecei a apresentar minhas poesias nas rodas de diálogo que fazíamos. Eram mais poesias falando sobre racismo, sobre território, então eu vi a possibilidade de trabalhar com a poesia.
Demorou um tempinho. Um dia, andando de bicicleta com meu companheiro, ironicamente conhecendo o território, parei na praça do bairro Cristo Rei, onde estava acontecendo o primeiro Slam Nós Por Nós. Aí vi aquele movimento e achei interessante. Acho que é justamente isso que eu prospecto fazer, que é trabalhar com a base. Então o slam chegou nesse momento. Acho que foi aí que eu entendi que poderia fazer poesia marginal a partir de mim mesmo, uma poesia que não estivesse presa a uma caixa, a uma forma de fazer poesia, que eu não precisasse me desmembrar para caber dentro de um livro ou qualquer outra coisa. Conheci o Slam Nós Por Nós ali em 2019, e então conheci a PsicoAfrodite. Eu não conhecia quase ninguém na cidade, falei com ela e, desde então, participo da organização. Comecei a me ver como poeta e slammer.
Aí foi quando comecei a trabalhar minha poesia, pois não se tratava mais de um diário, agora era um livro aberto para todo mundo ler. Antigamente, minhas poesias eram diários, a forma que eu tinha de me expressar para mim mesmo, de não deixar que os pensamentos que ficam martelando a nossa cabeça me enchessem. Era a forma de me aliviar da pressão. A partir disso, abri esse livro, que foi no slam, e consegui achar um grupo que me acolhe, que está junto comigo, que sei que vai respeitar as minhas questões. Consegui mostrar poesias que tinha escrito desde a adolescência para os meus iguais, para os meus amigos, amigas, meus parentes. E, a partir daí, me apropriei com toda força da palavra “artista”. Entendi que eu tinha algo a dizer, e vai ser através da arte que eu vou fazer esse bagulho acontecer.
Foi todo um ritual, pois primeiro foi ser historiador. Minha família vem toda do militarismo e foi uma quebra familiar. Depois de 4 anos, cheguei em casa e disse que era artista — e fui bem aceito pela família. Mas eu sei que sou artista desde quando saí do ventre da minha mãe, fazendo os rituais familiares através da música e da oralidade. Acho que a tecnologia mais importante que ajuda a sobreviver dentro dos povos tradicionais é a oralidade, que permite que ainda estejamos aqui, que permite que as pessoas nos vejam, através da nossa oralidade, dizendo que ainda estamos aqui.
Geleia Total: Alice Pataxó já citou em entrevista que os povos originários são seres sociais complexos e não uma caricatura. Nesse sentido, queria entender o que há de mais profundo nos versos que você escreve.
Thaín Wirá: Eu escrevo sobre território, inclusive é um diálogo que tenho com quase todos os poetas que conheço. A minha escrita é voltada mais para o território. Eu escrevo o que me toca e o que acho importante ser dito. Eu vou escrever a partir do território porque é através dele que o meu povo resiste. Então, para mim, o território não está distante de mim: o território como lugar de resistência, o meu corpo como território, mas também o espaço físico como território. Retomar o território de Piripiri, para colocar a galera de boinha ali, então é a luta pelo território, tanto o físico quanto o corpo.
Primeiramente, ninguém pode destruir esse primeiro território, que é o corpo, onde eu resisto dentro da cidade, e ele é o lugar mais sagrado para mim. Então, quando consigo que as pessoas respeitem isso e me tenham como alguém que não pode ser violentado, que não pode ser ocupado por outros corpos, eu escrevo sobre esse território, Pindorama. Tudo o que eu falar terá território, pois o território é indissociável para nós, que somos indígenas. Precisamos da floresta para sobreviver, precisamos dos rios, do rio Poti e do Parnaíba. Aí tem muita gente que esquece disso, e a gente fala sobre outras questões que o capitalismo traz também, como o racismo, o feminicídio e a homofobia. Mas, para mim, como corpo indígena em contexto urbano, é indispensável falar sobre território. Não tenho como não falar sobre território, sobre como isso é importante para os povos indígenas continuarem existindo e resistindo, e também sobre o respeito com os nossos povos.
Por exemplo, principalmente aqui no Piauí, eu escutava uma história que minha mãe contava de que não havia indígenas, e eu não conseguia entender como não existiam indígenas. Quando vim para cá, outros parentes contaram que, desde pequenos, isso lhes foi negado. “Não tem indígena no Piauí?” Como não tem, se eu estou aqui? Acho que trazer essas questões, tanto do nosso corpo como território quanto do território físico, é fundamental para a aceitação. Precisamos quebrar e naufragar todas essas caravelas que ainda estão em nossas cabeças, colonizando nosso pensamento todos os dias. É aceitar que nosso território existe, que nós existimos nesse território e que, independente de ele estar asfaltado ou com a mata de pé, ele continua sendo território indígena.
“…Virado no verso
Amanhecendo eu peço
Proteção a Tupã,
Já pensando nos problemas de amanhã
To tentando ficar sã
Vendo parente morrendo na mão de alibã
Certa vez
Ouvi de uma cunhã
Que estimativa é pouca
E tamo trocando nossas rimas
Por nossas Vidas!…”
Geleia Total: E como a tua poesia retoma e trabalha a questão do território nos versos?
Thaín Wirá: Eu vou recitar uma poesia de uma parenta minha, a Brisa Flor, para explanar isso. Ela vai falar, como no slam, que é uma poesia marginal, algo um pouco mais agressivo, que vem da palavra em inglês que significa bater ou socar. Eu trago isso como uma revolta. Como a Brisa Flor fala: “Nós estamos em guerra, na rua, na quebra e na floresta…”.
Onde eu moro é lá na Palitolândia, ali é cercado de mata, então a gente está em guerra na comunidade, na periferia. Estamos lutando por aquele território para que tenhamos políticas públicas, para que elas cheguem até lá. Lutamos também pelo território, pela mata que ainda está de pé. Acho que o slam chega dessa forma, nessa denúncia, pois o slam é sobre denunciar também a violência sobre nossos corpos. Não só isso, o slam vai falar de amor, amizade, tudo o que você acha importante, mas ele chega num tom de denúncia. Alguém precisa ouvir que isso está acontecendo, e se ninguém está falando, eu vou falar. E se incomoda, acho que estou fazendo o bagulho certo. No slam, o território aparece como denúncia, eu vou falar para os meus que isso está acontecendo aqui, e precisamos falar disso também.
Geleia Total: No meio das apresentações, surge um lema que ecoa na multidão: “Se eles são por eles, nós somos por nós. SLAM NÓS POR NÓS.” Foi assim que te conheci, entoando o lema deste espaço cheio de expressão e poesia. Como você conheceu o Slam Nós Por Nós?
Thaín Wirá: Eu me aproximei da Psico e, como na época a organização era reduzida, eu olhei aquele movimento. Lá no Norte, era uma questão mais regional com as toadas, e aí, quando cheguei aqui e conheci o hip-hop, conheci também o slam. Eu pedi para a Psico me colocar na organização e já entrei como slammaster.
Além disso, eu trabalho com a produção, nos bastidores, contratando poetas. Às vezes, contratamos poetas de fora para fazer oficinas e trazemos artistas de outras cidades. Já trouxemos de São Luís, Manaus, e de municípios do Piauí. Minha inserção ajudou no fortalecimento deles, ao mesmo tempo em que me ajudaram a me reconhecer como poeta. Se não fosse o Slam Nós Por Nós, talvez eu nem fosse slammer, pois, primeiramente, eu precisei ser acolhido para depois sentir a segurança de abrir meu caderninho e recitar o que tinha escrito.
O slammaster é quem apresenta todo o evento, quem faz a sinestesia entre público e artista, conseguindo tornar tudo mais dinâmico. Por provocação da Amanda Moura, entramos para o Slam BR e, depois de estabelecermos contato com eles, começamos. O primeiro Slam Piauí foi no ano de 2023, no Clube dos Diários, e em 2024 conseguimos trazer pessoas do litoral para compor a organização. Então, hoje, o Slam Piauí é formado por Teresina, Parnaíba e Jaicós.

Geleia Total: Agora, mergulhando mais no seu processo criativo, como é o modus operandi do Thaín poeta para criar suas poesias e performances?
Thaín Wirá: A minha forma de escrita é bem ritualística, pois a arte é muito ritualística para mim. Eu não sento para escrever poesias. As vozes da minha cabeça, da minha ancestralidade, falam aqui no meu ouvido, e aquilo que estou sentindo naquele momento — que nem sempre é um sentimento ruim — se manifesta. Como estou me sentindo naquele momento? Como observo o que está ao meu redor naquele exato instante?
Tem poesias que escrevi para o meu companheiro em momentos de extrema paixão, e aquilo conduzia a minha mão. Às vezes, ouço música, gosto muito de escutar beats enquanto escrevo, para dar uma ritmada na própria letra durante a escrita. Mas minha poesia acontece de forma natural. Geralmente, estou conversando contigo e os pensamentos não param, estou criando frases e, quando percebo, já está ali.
Não é um processo rápido. Às vezes, demora uma semana. Estou sempre trabalhando nela, vendo como aquilo me atravessa e como atravessa o outro. Mas é sempre um processo muito pessoal e muito orgânico.
Eu acho que, no dia em que eu sentar para escrever poesia porque preciso entregar uma poesia, o meu poeta morreu. Não é mais o meu corre, pois meu corre é conseguir entregar quem eu sou. Por muito tempo, me foi negado quem eu era, e agora eu só quero escrever a partir do que realmente me toca e do que é importante para mim.
Existem técnicas para escrever poesias, mas será que aquilo realmente contempla a pessoa, seus anseios, seus medos? Para mim, a poesia vem de forma orgânica. Eu acho que todas as minhas poesias se tornam atemporais porque estou sempre revisitando e acrescentando algo nelas.
A poesia que eu conhecia era a que me apresentaram na escola, algo bem filosófico. Por isso, o meu livro era fechado, pois era um lugar pessoal meu. Mas, para o coletivo, talvez não fosse tão importante. Então, mudei minha escrita quando percebi que, perto de mim, havia várias pessoas que passavam pelo mesmo que eu e que, às vezes, precisavam ouvir. Assim, tirei o “eu” pessoal e me coloquei no coletivo.
“…Reescrevendo essa porra
Nossos versos voam
Vozes ecoam
Na oralidade fazemos
nossa força
Para que nosso povo ouça
Que vamo vencer nessa porra!…”
Geleia Total: E, atualmente, quem são os escritores e/ou poetas que mais te tocam e inspiram?
Thaín Wirá: Eu tenho uns parentes fazendo trabalhos fenomenais, como a Nathalia Kariri, uma poeta muito boa que veio aqui em Teresina duas vezes, a Yaní Yéte, a Maria Lúcia, o Nego Bispo e o Ailton Krenak, que é poeta, escritor e um pensador gigantesco. Acho que essas são as pessoas que mais me inspiram.
Geleia Total: E o que a poesia significa para você?
Thaín Wirá: Vida. Possibilidade de vida, de viver. Por isso que eu falo: quando eu sentar para escrever poesia como mercado, como produto, acabou a minha vida.
A poesia, para mim, é resistência. É o que me faz acordar todo dia e me inspira a sair da cama.
Muita coisa me foi negada: primeiro, por ser indígena, por não ter minha identidade respeitada, sempre questionada. Sempre havia alguém me perguntando de onde eu era, se eu vivia no mato. Me colocar como artista, como poeta, nesse lugar, tem uma importância imensa. É pertencimento.
Entender que eu tinha um lugar e que as pessoas me respeitariam é um sentimento que não consigo descrever.
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O slam “Nós Por Nós” comemora seus 4 anos de ( r) existência com evento no Centro Cultural do Centro
Última atualização: 25/02/2024
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