Hoje acontecerá a exposição e o lançamento do livro “Corpos (In)VISÍVEIS”

O evento acontecerá hoje (20), às 18h, na galeria Terra Siena, e a exposição “Corpos (In)VISÍVEIS”, busca a ressignificação da nudez de corpos de pessoas com deficiência, propondo novas percepções que devem ser tomadas como enfrentamento à abjeção. Esses corpos apresentam-se como questionadores e desestabilizadores dos padrões normalizadoras impostos. Os corpos nus das pessoas com deficiência constituem-se como fenômenos capazes de criar rachaduras nas estruturas que sustentam os padrões estéticos estabelecidos, uma vez que a imagem desses corpos suspende a crença de haver uma métrica universal, que não é capaz de “mensurar” os corpos torcidos, retorcidos, amputados e atrofiados: a potência de um corpo nu de uma pessoa com deficiência.

O livro “Corpos (In)VISÍVEIS”, lançado em novembro de 2023 no Itaú Cultural em São Paulo, será lançado em Teresina. Nesta obra, Fábio Passos busca realizar uma reflexão a partir dos vieses filosófico-político e artístico-teórico/prático acerca dos corpos das pessoas com deficiências, buscando compreender o lócus desses corpos antinormalizados nas artes visuais, procurando responder às seguintes questões: o que é um corpo “normal”? Quais as implicações socioculturais de um corpo “anormal”? As pessoas com deficiências têm outra estética ou ser diferente é o normal?

O Mapeamento Acessa Mais é um projeto que busca conectar e dar visibilidade a artistas e agentes culturais com deficiência, além de profissionais especializados em acessibilidade cultural.

É uma parceria entre a Secretaria de Formação, Livro e Leitura do Ministério da Cultura e a Universidade Federal da Bahia que visa fortalecer nossa rede cultural.

O evento marcará as comemorações do “Dia Internacional da Luta da Pessoa com Deficiência”. E a exposição permanecerá aberta à visitação entre os dias 20 de setembro a 10 de outubro de 2024, de terça a sexta, das 8 às 12 e das 15 às 1Gh. Aos sábados, das 9 às 13h.

Sobre o Artista

Fábio Passos é nascido no Estado do Rio de Janeiro (1G76) e atualmente resido na cidade de Teresina, Piauí (Brasil). É doutor em Filosofia pela Universidade Federal de Minas Gerais (Brasil), pós-doutor em Artes Visuais pela Universidade Federal da Paraíba (Brasil) e professor pesquisador da Universidade Federal do Piauí (Brasil). Faz das suas pesquisas filosóficas o alicerce sobre o qual elabora seus trabalhos artísticos. Por intermédio do desenho de corpos nus de pessoas com deficiência busca questionar os padrões estéticos e demonstrar a feição capacitista da nossa produção do belo, que invisibiliza corpos não hegemônicos. Pelo atrito do grafite com a superfície do papel nasce o seu desenho, que busca construir narrativas visibilizadoras, que sejam capazes de mitigar o apagamento de corpos antinormativos.

Sua vivência enquanto artista, pesquisador e pessoa com deficiência (paraplégico) possibilita-lhe tencionar o que experiencia cotidianamente: a não materialidade, o ocultamento do corpo de uma pessoa com deficiência, fundamentalmente em sua dimensão estética.

Com sua pesquisa acadêmica e meu fazer artístico, busco suscitar perguntas tais como: Qual a estética dos corpos nus de pessoas negras com deficiências? É normal sermos oriundos de um mesmo princípio idealizador, ou o normal é sermos plurais, diferentes?

Seu fazer artístico, que está alicerçado pela poética do desenho, utiliza mina de grafite colorida na cor sanguínea (5.6mm) sobre folha de papel extra branca, com a intenção de revelar a fluidez, as curvaturas, as torções e as distorções da nudez de um corpo com deficiência. Os desenhos procuram expressar fragmentos, em tamanho real, de partes do seu próprio corpo e de corpos de outras pessoas com deficiência.

A ressignificação dos corpos nus das pessoas com deficiência, a partir de pesquisas e manifestações artísticas, permite propor novas percepções que devem ser tomadas como enfrentamento à abjeção. Esses corpos apresentam-se como questionadores e desestabilizadores dos padrões normativos impostos. Os corpos nus das pessoas com deficiência constituem-se como fenômenos capazes de criar rachaduras nas estruturas que sustentam os padrões estéticos estabelecidos, uma vez que a imagem desses corpos suspende a crença de haver uma métrica universal, que não é capaz de “mensurar” os corpos torcidos, retorcidos, amputados e atrofiados: a potência de um corpo nu de uma pessoa com deficiência.

 

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