O Museu de Paleontologia da Lagoa de São Vitor, ganhou um importante mural artístico em homenagem às figuras locais.

O museu de paleontologia da Lagoa de São Vitor, conhecido como Seu Pindoxo e localizado na localidade homônima, no Território Quilombola Lagoas, zona rural do município de São Raimundo Nonato, ganhou um mural em sua fachada que homenageia seus moradores durante um evento em comemoração aos 10 anos do projeto de extensão Ciência e Sabedoria Popular. O mural, criado pelos artistas Paola Vitoria, Ronne da Cruz e Snow Waze e produzido pela Saracura Produtora, retrata a paisagem local e duas de suas principais lideranças: Seu Pindoxo e Dona Marcionília.

Com exposição de fósseis da megafauna encontrados e colecionados entre as décadas de 1970 e 2000, o museu é fruto dos esforços do senhor Andrelino e da comunidade, em conjunto com o projeto de extensão Ciência e Sabedoria Popular na Lagoa de São Vitor, iniciado em 2013, sob coordenação da professora do Colegiado de Arqueologia e Preservação Patrimonial da Univasf, Nívia Paula Dias de Assis.

 

SOBRE AS LIDERANÇAS LOCAIS

Andrelino Alves de Miranda, conhecido como Seu Pindoxo, é responsável pela guarda e exposição dos fósseis do museu, que funciona em sua residência. Iniciando seus estudos e a coleta de fósseis na região na década de 1970, Seu Pindoxo começou a reunir os fósseis que encontrava fortuitamente pela região, temendo que não restassem mais exemplares na comunidade para mostrar às gerações futuras.

Dona Marcionília, líder comunitária, falecida há mais de 10 anos, era neta de escravizados e é lembrada em toda a região por suas habilidades como parteira e contadora de histórias locais.

Segundo o artista Ronne da Cruz, o mural foi concebido para comemorar os 10 anos do museu comunitário e do projeto de extensão universitária de turismo comunitário Ciência e Sabedoria Popular na Comunidade Quilombola São Vitor.

“No processo de criação, levamos em consideração as discussões sobre história, memória, paleontologia e arqueologia que são trabalhadas nas atividades de extensão na comunidade. Além disso, o museu, que funciona na casa de Seu Pindoxa, não possuía qualquer tipo de sinalização ou ponto de referência, o que dificultava a identificação do espaço pelos visitantes”, afirma.

A iniciativa da homenagem deu mais vida ao lugar que sempre trouxe bons ensinamentos e boas memórias. “Durante o processo de pintura, percebemos o quanto a comunidade se sentiu identificada com a representação de seu Andreolino e, principalmente, de Dona Marcionília. Seus causos e sua memória permanecem vivos na comunidade. Inclusive, sua casa atualmente funciona como um memorial”, disse Ronne. Ele também destaca a importância de a exposição integrar o legado da arte e cultura piauiense.

“O museu de Seu Pindoxo é extremamente importante para a museografia piauiense, pois é gerido pela comunidade, sob os cuidados de Seu Pindoxa. Esta iniciativa demonstra a capacidade das comunidades tradicionais de gerir e preservar seu patrimônio (histórico, cultural, arqueológico e paleontológico) e de utilizá-lo para fortalecer a economia local por meio do turismo de base comunitária”, conclui.

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