Oeiras não possui parque

Foto da cidade de Oeiras vista de cima.
Oeiras, reprodução IPHAN

 

É uma pena, mas é verdade: Oeiras não possui parque verde público. As pessoas que desejam caminhar – por orientação médica, para manter a forma, ou por simples lazer ou exercício físico -, sujeitam-se a andar no asfalto quente das avenidas, nos acostamentos das rodovias e nas praças escassamente arborizadas. Por excessiva pavimentação e por ausência de árvores, esses lugares – e a cidade como um todo – não possuem a ambiência adequada para convivência com o clima tórrido.

A única área verde pública que Oeiras possuiu foi o Parque de Lazer Paulinho Menezes, criado pelo Município no final da década de 1980. Era um parque simples com árvores, vias para se caminhar, um campinho de futebol e locais onde se podia ficar em silêncio e em paz. A única construção que havia era uma lanchonete. O local era agradável, bastante frequentado. Professores levavam crianças para atividades ao ar livre e aproximação com a natureza.

Mas essa única área verde pública foi, em parte, transformada em área privada, fato que ocorreu há uma década. O Poder Executivo solicitou à Câmara de Vereadores de Oeiras, autorização para doar ao SESC parte da área do Parque de Lazer. Por unanimidade de seus membros, a Câmara aprovou a doação, mantendo a tradição de referendar, sem reflexão, os projetos do Executivo. Hoje, o Parque de Lazer é ocupado por um hotel. O acesso à área que restou como patrimônio público é feito mediante pagamento.

Por outro lado, o Prefeito de Oeiras criou o Parque Natural Municipal do Riacho Mocha, através do Decreto nº 22, de 29 de março de 2019, de acordo com o qual teria onze quilômetros e trezentos metros de extensão, desde as nascentes, no Açude Soizão, até a foz, no Rio Canindé. Mas isso é letra morta. Nunca passou do papel. Mesmo com a existência fictícia do Parque, Oeiras recebeu o “selo ambiental”, que lhe confere verba mensal oriunda do Fundo Estadual de Meio Ambiente.

O tempo vai passando, o município registra altas temperaturas nos verões, e a cidade vai perdendo oportunidade de arborizar ruas e praças, de manter áreas verdes e de criar parques ou pequenas unidades de conservação. Uma das áreas adequadas, entre outras, terá sido o entorno do Morro do Leme, mas este é progressivamente devassado para construção de residências. De nada vale a declaração contida na Lei Orgânica do Município, segundo a qual o Riacho Mocha e os morros da cidade são áreas prioritárias de conservação.

Apesar da importância do tema e dos efeitos nefastos das altas temperaturas, são escassas em Oeiras avaliações racionalmente fundamentadas, circulação de ideias e propostas práticas, sejam públicas ou privadas. Praticamente, não há debate público sobre o assunto, nem diretrizes para estabelecimento de uma política pública de meio ambiente.

A cidade se ressente da falta de “ilhas de frescor”, isto é, áreas onde a temperatura é significativamente mais baixa, associadas à presença de vegetação e umidade. Em contrapartida, aumentam as “ilhas de calor”, resultantes da concentração de materiais que absorvem e retém calor, como asfalto e concreto, aliados à escassez de vegetação e de lugares úmidos ou de águas, correntes ou não.

 

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