Hoje, dia 3, faleceu o professor, pensador, ativista e escritor piauiense Nego Bispo que completaria 64 anos em 10 de dezembro.
Antônio Bispo dos Santos nasceu em 1959 no vale do Rio Berlengas, Piauí. Lavrador, formou-se com os saberes de mestras e mestres do quilombo Saco Curtume, no município de São João do Piauí, e foi o primeiro de sua família a ser alfabetizado. Desde cedo teve que desenvolver a habilidade de traduzir para a escrita a sabedoria de seu povo e mediar as relações com o Estado, cuja violência se manifesta, também, pela invalidação da oralidade.
Como liderança, atuou na Coordenação Estadual das Comunidades Quilombolas do Piauí (Cecoq/pi) e na Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq). Sua atuação política nos movimentos de luta pela terra ancora-se na cosmovisão dos povos contracolonizadores.
Destacou-se na defesa dos direitos das comunidades quilombolas, questões agrárias e da relação entre humanos e natureza.
Atuou de forma fervorosa na educação, principalmente motivado pela necessidade de lidar com correspondências da comunidade, isso fez despertar o seu interesse pela escrita poética.
Tinha o ensino fundamental completo, além de ser membro ativo da CECOQ/PI e CONAQ. Bispo deixou um legado literário significativo, incluindo vários artigos, poemas e do livro Colonização, Quilombos: modos e significações (unb/incti, 2015), além de coordenador da coleção Quatro Cantos (n-1 edições, 2022). Na revista piseagrama publicou os ensaios Modos quilombolas (2016) e Somos da terra (2018). Tem realizado palestras, conferências e cursos por todo o Brasil. É professor convidado do Encontro de Saberes da unb/incti e da Formação Transversal em Saberes Tradicionais da UFMG.
Fonte: Ubueditora