Rapper de Parnaíba representará o Piauí no Duelo Nacional de MCs

A poesia ritmada feita no improviso e materializada de forma oral é a principal ferramenta de expressão do artista Aleson Aguiar que é natural de Parnaíba e com apenas 22 anos de idade já participou de muitas competições como o Torneio do Poder, Litoral Style, Batalha dos Crias de Parnaíba, além disso foi campeão regional 4 vezes em Parnaíba e acumula muitas outras vitórias.

 

O rapper iniciou nas batalhas em 2017, graças ao incentivo dos amigos e desde então tem ocupado cada vez mais espaços com a sua poesia, inclusive em dezembro o artista representará o Piauí em Belo Horizonte no Duelo Nacional de MCs que é a maior competição de MCs no Brasil e em 2022 completou 10 anos de existência destacando MCs de todo o país.

 

“Comecei rimando em casa, com os amigos mesmo, mas não tinha batalhas assiduamente, só começou mais em 2017. E eu conheci a batalha por meio de um amigo meu, o Will, e ele acreditou no meu potencial, além disso ele conhecia o pessoal.”

 

Aleson fala que o processo de criação na rima é espontâneo, inclusive o improviso mnemônico como citado por Paul Zumthor, remete aos griots e às tradições orais africanas. Isso gestou a técnica de improviso conhecida como toast que era usada pelos DJs jamaicanos e serve para compreender o rap. E Aleson continua explicando que seu improviso também segue o que o seu oponente apresenta, pois é a partir da fala do outro que ele consegue explorar as suas vulnerabilidades.

“O que me inspira a criar são meus próprios sentimentos. Eu uso o rap como uma liberdade de expressão. Então o que me inspira é o que eu vivo, a minha família, são os meus sonhos, é onde eu quero chegar. Todos esses meus objetivos e metas me inspiram a ser um MC melhor e a tentar sempre explorar o meu potencial máximo”, frisa.

 

Enquanto assistimos ao Aleson Aguiar rimando rememoramos percebemos aquilo que Valmir Alcântara escreve ao comparar o rap com o repente, principalmente destacando as particularidades de ambos e mostrando a importância do rap na educação da juventude negra. O pesquisador conta como os rappers e os emboladores utilizam das pausas, melodias, entonação e silêncios nas performances como um recurso da linguagem.

 

O movimento Hip Hop para Aleson Aguiar é um projeto social, uma ação, uma válvula de escape para muitas pessoas justamente por ter o poder de abrir portas, apontar caminhos e mostrar o que há de melhor mesmo quando poucos acreditam no seu próprio potencial. O artista explica que a cara rija e a performance aparentemente agressiva fazem parte do espetáculo que é a batalha, tudo é um jogo de improviso e uma encenação necessária para a disputa. E fora do palco todos são amigos, irmãos, todos se abraçam.

O hip hop para Aleson acaba servindo como uma forma de expurgo de todas as tensões e tudo que incomoda ou tudo que precisa ser dito, tudo que pode adoecer uma pessoa. O poeta conclui dizendo que o hip hop é um local de afetos, dentro do movimento as pessoas são bem recebidas e sabem que têm uma rede de apoios, além de ser um meio para alcançar os sonhos e de se sentir representado.

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