“Poranduba – Cartas de Cultura” é um jogo de cartas estratégico, inspirado na cultura popular brasileira, para uma a quatro pessoas. Planejado para públicos a partir dos 12 anos de idade, traz como objetivo vencer três desafios antes do seu oponente. Para isso, você deve utilizar a sabedoria das benzedeiras; a força dos lobisomens ou a ginga dos palhaços de folia de reis. Só cuidado: um movimento em falso e suas cartas podem ir para o Beleléu!
A campanha para viabilizar o jogo entra no ar na plataforma Catarse a partir do dia 7 de agosto e terá duração de 45 dias. A proposta é viabilizar o lançamento da versão física do baralho de 55 cartas, que representa aspectos dos mais variados da tradição oral do nosso país: mitos, lendas, brincantes de festas populares, parteiras, mestres de ofícios. Isso sem falar em superstições, simpatias, pratos típicos e muito mais! No Catarse, já é possível clicar para ser notificado quando a campanha estiver aberta.
Muitos traços, muitas histórias
O jogo foi desenvolvido ao longo de dois anos e contou com o trabalho de quase 30 ilustradores de todas as regiões do país. São artistas com traços dos mais variados: de ilustradores mais ligados à cultura pop e aos quadrinhos à artistas plásticos de exposição.
Como um desafio adicional, coube ao diretor de arte André Vazzios (Tormenta, Holly Avenger) dar identidade visual a traços tão diferentes que representam, ao mesmo tempo, a diversidade e o reconhecimento do povo brasileiro. É Vazzios que faz as cores e finaliza todas as cartas, além de criar o padrão visual do jogo; inspirado na padronagem dos pisos de cacos. Um grande mosaico das culturas.
Vazzios ilustra também algumas das cartas, inclusive aquela que foi a primeira desta coleção: o “Lobisomem Porco”. No Brasil, como não há lobos, é comum que as narrativas falem que os licantropos se transformem em misturas de cachorros com outros animais – especialmente os de fazenda. O ilustrador conta que não conhecia estas versões, e foi com o desenvolvimento do jogo que ficou fascinado com a ideia de um “lobisporco” – como ele o chama carinhosamente. Neste baralho há ainda um Lobisomem-Touro, mas no traço de outro artista: Cezar Berjê (que ilustrou o Abecedário de Personagens do Folclore Brasileiro).
Diversão com referência
O cardgame é desdobramento do pós-doutorado do pesquisador Andriolli Costa, que analisou outros jogos de cartas com a mesma temática. Poranduba surge, assim, alinhando estética e pesquisa. Por isso, antes mesmo das mecânicas serem criadas, Andriolli introduziu uma proposta: cada carta conta com um QR code que leva a uma página dedicada. Nela, a pessoa vai encontrar um relatório com mais informações sobre a manifestação tradicional que inspirou a carta. Um texto que só tende a expandir com os anos.
“Nossa ideia não foi criar um jogo educativo; mas sim um jogo que fosse ao mesmo tempo encantador e bem fundamentado podendo, assim, ser usado inclusive na educação”, explica Andriolli. Com o QR Code o jogo pode facilmente ser utilizado em atividades dirigidas em ambiente escolar. “Só que em última instância, ele é um jogo. Quem não quiser acessar o link, não precisa de mais nada para poder curtir a partida”.
Recompensas
A recompensa principal do jogo de cartas é o baralho, com 55 cartas. É possível jogar com um único baralho, mas o indicado mesmo é que cada pessoa tenha o seu próprio baralho – que poderá ser personalizado com futuras expansões ou com outras cartas da mesma coleção.
Existem ainda os acessórios: a moeda, em metal, é personalizada. A Cara é o rosto do Saci, Coroa é sua Carapuça. Também será produzido um gamepad, espécie de tapete de jogo com espaço demarcado para colocar as cartas.
Entre as recompensas possíveis, existe a opção de doação. Com ela, você garante um baralho para você e outro para ser reunido em um conjunto e doado para a biblioteca de uma escola. Assim, será possível levar o encantamento para ainda mais pessoas.
Além disso haverá a venda de originais em aquarela feitos por AndréVazzios e pôsteres exclusivos e numerados assinados por Berjê. Outra opção são os mini-cursos, como os de colorização com Vazzios e de escrita de ficção folclórica com Andriolli Costa. O pesquisador foi consultor em livros e trabalhos audiovisuais, entre elas a segunda temporada de Cidade Invisível – assinando com o coletivo FolcloreBR.
Versão Digital e futuro
Para além do financiamento coletivo via Catarse, uma versão digital do jogo está em desenvolvimento para a plataforma Android. O aplicativo, que será gratuito, foi produzido com o apoio do edital ProaC 2022, focado em videogames, e tem desenvolvimento do estúdio Ampla Arena e da 40Giants Games. A previsão de lançamento é outubro de 2023, juntamente com a versão física.
Entre os planos para o futuro estão o lançamento de um segundo baralho, com 55 novas cartas e outros 30 ilustradores. Com o tempo, novas campanhas poderão ser focadas em expansões menores, para manter o jogo sempre atual e contemplando novas manifestações da cultura brasileira.
O que é Poranduba?
Segundo Barbosa Rodrigues, ainda no século XIX, a palavra é Tupi e significa algo entre “história” (como ao contar uma história) e “notícia”. A primeira vez que Andriolli utilizou a palavra foi para batizar seu TCC em 2010, também sobre culturas populares. Mais tarde o nome foi utilizado em seu podcast, que entre 2018 e 2022 publicou mais de 100 entrevistas sobre o tema. O conceito era a ideia de que todo mundo tem uma história fantástica para viver e contar.
No jogo, Poranduba é o baralho principal usado para vencer o baralho de Desafios. Comprar uma carta nova é como ouvir uma nova história; uma nova poranduba.
Quer conhecer mais sobre a história do Cabeça de Cuia que inspirou uma das cartas do jogo? Leia o texto que temos aqui na Geleia sobre a lenda. Quer sugerir pautas para a Geleia Total? Manda a sua sugestão para: redacao.geleiatotal@gmail.com