Olhar para o céu é ver o tempo. Com os pés ancorados em solo sertanejo, o azul límpido que vejo vem carregado de angústias. Sobre o tempo. A falta de nuvens anuncia dias sem chuvas, quentes e intensos, que podem desaguar em plantios arruinados.
Nesta paisagem, consigo avistar uma Acácias, florescendo azuis. A essa altura percebemos que esta árvore tem potencial para, em meio a tantas faltas, fincar raízes mais fortes e dar frutos únicos, necessários, importantes para alimentar os segredos de tantas almas.
Meus devaneios também me levam às abundâncias das mais salinas das águas. As águas que não vejo no céu, como um sopro, me inundam sem ter a menor possibilidade de matar as minhas sedes, os meus silêncios. Só me resta navegar, enfrentar ondas que mais parecem muros a serem ultrapassados, sendo alumiado por um luar passageiro.
Ouço uma trilha para outras vindas. De um som que resgata a sua origem ao dar voz à sua identidade. A voz afiada e melancólica, que nem uma cruviana, percorre minhas veias embaladas por uma guitarra intensa, por teclas e batidas imagéticas, por um contrabaixo pulsante e uma bateria precisa. Trilha aberta por cabeças e mãos sensíveis, que me faz querer bandear por aí.
A banda tem nome: Acácias. A trilha tem nome: Sobre a falta. A voz tem nome: Aivlis Amorim. A guitarra tem nome: João Brandim. O teclado e beats têm nome: Cássio Carvalho. O contrabaixo tem nome: Amadeu Alencar. A produção musical tem nome: Cássio Carvalho. A produção executiva tem nome: Mavi Araújo. Nomes em nossa estrada encontrando fins a todo instante. E todo fim tem seu começo.
Por Noé Filho.