Banda piauiense Boi de Piranha já é um sucesso por ter um estilo atrativo

Foto da banda Boi de Piranha. Em um fundo branco, os quatro integrantes estão em pé, vestem camisas de bandas de rock, calças compridas e all stars coloridos. Os rostos deles estão cobertos por um desenho estilizado de uma piranha de enormes dentes e chifres de boi. Há um sol vermelho com rosto acima dos quatro integrantes da banda.

 

Revisão: Ayrton de Souza

Criada em fevereiro de 2023, os músicos e compositores Bráulio Miranda & Pedro Ben juntam-se para apresentar um repertório instrumental voltado a música afro-caribenha e brasileira feita no norte do país. Com uma mistura de ritmos latinos e afro-caribenhos como a cumbia, zouk, carimbó, calipso, lambada e outros, surge a Banda Boi de Piranha.

O músico Braúlio Miranda ressalta que o ponto de partida  para o processo de criação da banda se deu a partir de um instrumento bastante conhecido no cenário musical, a guitarra.  “Partiu de uma pesquisa sobre guitarra brasileira e latino-americana, procurando se aproximar de uma linguagem de guitarra mais ‘descolonizada’ buscando um deslocamento dos padrões norte-americanos. A gente fez uma imersão nas guitarradas do Pará, nas cumbias Peruanas e na música afro-caribenha. A lambada e a guitarrada (que seria a lambada solada na guitarra) são ritmos muito influentes na música nordestina e nortista, estando incorporadas a música popular que vigorou principalmente na década de 80 e 90, mas também na música atual. A gente sentiu que uma havia uma lacuna, sentimos a necessidade de trazer a cena um som assim, instrumental, acessível, dançante e tropical”, disse Bráulio.

O músico Pedro Ben destaca que a banda Boi de Piranha foca na temática de uma pesquisa musical quase antropológica: “Temos uma pesquisa de ritmos caribenhos, amazônicos, sul-americano e afrobrasileiro, quase com uma intenção velada de educar e instigar o público a conhecer mais das origens musicais de nosso povo, que vem de uma diáspora africana, tirar a guitarra e a música instrumental desse lugar de monopólio americano/europeu e deixar apenas nosso sotaque ancestral e brasileiro. Durante muito tempo, qualquer formato que fugia do padrão americano/europeu sofria uma espécie de bloqueio comercial e estético, o qual não chegava aos ouvidos da massa, ocultando nossa identidade anterior e popular, fazendo uma despersonalização para o consumo somente do que era ‘deles’, ritmos os quais foram obrigados a sobreviver em nichos ou até quase desaparecerem sem ou com registros precários e de ‘baixa qualidade’, quase um boicote capitalista estético do que não era americanizado o suficiente, pois no quesito música, somos muito mais ricos do que o modelo americano/europeu.  Quem quiser também se aprofundar nessa pesquisa basta ouvir as coletâneas do selo ‘Analog Africa’. Tenho a minha pesquisa, mas só compartilho minhas playlists com os amigos”, disse Pedro.

Para Pedro Bem, o projeto “Conjunto Boi de Piranha” é bem representado no universo artístico da arte piauiense – “representa a aproximação da música do seu lugar de origem, que é o povo e as periferias e tirar desse lugar elitista e personalista da música/arte. Arte vem do povo e deve ficar com o povo.  Liberta-se desse protagonismo, de ídolos, do ‘eu’ e tornar a produção mais participativa e próxima das pessoas, dos bairros, das ruas, das comunidades, dos projetos sociais, da rua, das linguagens marginalizadas, tirar desse lugar sagrado do palco e levar para a libertinagem das ruas, pois arte deve ser mais sobre experiência do que sobre consumo/apreciação. Eu não acredito nisso de apreciar arte, a gente sente a arte. Quanto mais ela se distancia das pessoas, do orgânico, mais se torna descartável e apenas mais um objeto do capitalismo e entretenimento, e não, não está tudo bem?!”, afirma.

Braúlio Miranda destaca que a banda ainda se encontra na fase de produção de material autoral, Pedro Ben ressalta que alguns singles já estão disponíveis na plataforma soundcloud – “Estamos sempre compondo e liberando gravações ‘piratas’ no soundcloud, uma plataforma de áudio não tão popular entre o público, porém muito mais interessante para artistas e por ter um contato direto com público, produtores, e outros artistas do mundo todo, idem para o bandcamp. Atualmente as plataformas de streaming tem modificado a forma como as pessoas consomem e compreendem a música, já que hoje a produção artística segue um ritmo efêmero, quase um burnout. Mas em breve haverá material audiovisual, trilhas e disco nas plataformas gerais. Queremos lançar algo com o cuidado e a qualidade que o nosso trabalho exige”, conclui Pedro Bem.

📷 Instagram: @conjuntoboidepiranha

Músicos da Boi de Piranha:

Bráulio Miranda – Guitarra

Pedro Ben – Guitarra

Danyel Henrique – Baixo

Lucas di Matos – Bateria

 

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