Amanda Magalhães, a artista e pesquisadora do corpo

Amanda Magalhães é natural de Teresina-PI e tem uma experiência vasta quando se trata da pesquisa com as expressões das artes. É graduanda de Licenciatura em Geografia na UESPI. Atua como uma pesquisadora das artes usando o corpo como o elemento chave para essa investigação, nesse processo envereda pelas áreas da dança, do teatro e da música. Amanda conheceu as artes por meio da dança contemporânea, depois ingressou no teatro ainda na escola participando de projetos escolares, foi atriz da Cia Shangrillá de Teatro atuando em peças como “B, uma tragédia urbana” (2017), depois ingressou na música como becking vocal apresentando em shows e fazendo participações musicais, além disso, hoje faz parte da Casa de Monique e é também pesquisadora de dança afro diaspórica.

“Comecei os meus estudos afrocentrados e hoje em dia eu me entendo como uma mulher preta em diáspora, mulherista africana. O que eu posso fazer com a minha arte é para contribuir com a minha comunidade, então com certeza eu estarei produzindo dentro disso.” Amanda Magalhães

Nome Completo: Amanda Magalhães Araújo
Descrição: atriz, bailarina e becking vocal
Data de Nascimento: 04/06/2000
Local de Nascimento: Teresina
Escrito por: Alisson Carvalho
Revisado por: Joana Tainá

A sementinha da arte

Natural do bairro grande Dirceu, Amanda Magalhães nasceu e vive até hoje na região, local onde conheceu as artes e que construiu toda a sua carreira e vivencias. Desde criança Amanda conta que sempre teve incentivo, mesmo que não tenha artistas na família os seus pais são amantes das artes, um exemplo é o seu pai, Allan Kardec, que é apaixonado por música e a sua avó, Sebastiana Oliveira, que escreve livros sobre as suas pesquisas dentro do espiritismo. Nesse ambiente fértil e aberto às possibilidades foi que amanda cresceu, por isso a artista iniciou nas artes bem cedo, com aproximadamente sete anos de idade, quando ingressou na dança no espaço que era conhecido como Naica Dirceu (Núcleo de Apoio Integral a Criança e Adolescente), atualmente é o CRAS do Dirceu.

O papel da escola

Em seguida esse mesmo grupo de dança contemporânea se muda para o teatro João Paulo II. Com 14 anos de idade Amanda teve contato com o teatro, isso aconteceu no final do ensino fundamental e início do ensino médio no Colégio Professor Raldir Cavalcante Bastos por meio do projeto Mais Educação, que era um projeto voltado para as escolas de tempo integral. Durante esse período muitas atividades foram experenciadas pelos alunos e o professor de teatro Luan Jansen proporcinou aos alunos conhecer não só os jogos teatrais, mas muitas das teorias que sustentam os fazeres teatrais contemporâneos.

Amanda Magalhães conta que a sua primeira apresentação foi marcada pelo nervosismo, pois todo o período de preparação da peça ela ensaiou com o pé engessado devido a um acidente praticando capoeira, mesmo assim seguiu os ensaios e fez a sua estreia. Foi ali que ela se deu conta da importância do teatro, que aquela peça foi construída por diversas mãos inclusive pelas suas e isso a deixou orgulhosa.

Um  lugar de passagem

No trajeto para se desdobrir e descobrir processos artísticos, Amanda Magalhães encontrou uma passagem para um experimento, tudo isso depois que o projeto Mais Educação foi encerrado. Nesse interim estava surgindo um novo grupo de teatro na escola Caic do bairro Renascença, o grupo idealizado pelos artistas Júnior Ferreira e Luis Gonzaga. Por causa das apresentações feitas, anteriormente, as pessoas já sabiam que Amanda era interessada pelo teatro, por isso uma colega contou que na escola vizinha o professor de sociologia, Júnior Ferreira, estava selecionando alunos para um novo grupo de teatro.

Amanda Magalhães mesmo não sendo da escola foi selecionada para o grupo que deu início às suas atividades em dezembro de 2015 e se chamaria Cia de Teatro Shangri-lá. Foi na nova trupe que a artista subiria nos paucos do teatro pela primeira vez. “Acho que passar por esse período dentro das artes foi fundamental para quem eu sou hoje.”

Hoje eu penso no teatro como uma possibilidade de vida. O teatro é uma parte de mim e sem ele eu me sinto incompleta”, frisa Amanda Magalhães.

A arte de criar e recriar realidades

Com um processo de criacão bem rígido, Amanda Magalhães acredita em uma metodologia que envolve muita pesquisa, sem deixar de lado os laboratórios. Essa forma de criar é muito baseada nas leituras, mas também na empiria, pois foram métodos que funcionaram e que tem uma eficiência muito grande para ela. Apesar de existir esse caminho, ela frisa como cada personagem exige uma pesquisa diferenciada e impele o artista a trabalhar questões diferentes seja em seu corpo, na sua voz ou na própria dinâmica psiquica. Essa forma de criar não impede Amanda de descobrir coisas novas, ela mantém sempre o seu “olhar curioso” e aberto para o desconhecido. Para a artista o trabalho de campo é essencial, pois permite conhecer aquilo que nenhuma pesquisa permite conhecer, além disso dialogar, já que na troca de conhecimentos o artista acaba aprendendo muito.

Sabendo sobre o seu lugar no teatro, Amanda Magalhães foi delimitando também os seus elementos de criação e um deles são as poesias, pois despertam emoções que ajudam na hora da construção de sentimentos. A partir dessas provocações se desafia a transmitir através do corpo aquilo que sentiu ao ler e a artista sempre anota todas as inspirações, pois tudo pode gestar algo artístico.

Pilares artísticos

As referências de Amanda Magalhães são de pessoas que marcaram a sua experiência com as artes e também sobre reflexões relacionadas a vida, uma das suas grandes referências é a bailarina Mercedes Baptista pelos seus estudos na dança. Além disso, Amanda frisa como os artistas mais próximos são inspirações para as suas artes como é o caso da Aline Guimarães (Línea), Alícia e Rafaela. E um dos grandes aprendizados que Amanda guarda até hoje foi transmitido pelo diretor de teatro Wanden Lima, pois ele ajudou a entender a importância de se encontrar, do pertencimento ao teatro e como essas questões evidenciam os objetivos do artista. Atualmente suas pesquisas começaram a enveredar pelo compo dos estudos afrocentrados. Segundo a artista:

“Comecei os meus estudos afrocentrados e hoje em dia eu me entendo como uma mulher preta em diáspora, mulherista africana. Eu vejo que o que eu posso fazer com a minha arte é para contribuir com a minha comunidade, então com certeza eu estarei produzindo dentro disso. Eu sei que estarei servindo a minha comunidade com esses estudos.”

Os encontros promovidos pelo teatro

O teatro se tornou tão essencial que Amanda Magalhães não se enxerga sem explorar esse universo artístico, para ela o teatro é uma possibilidade de vida, é parte do seu próprio corpo, uma peça fundamental. Sua arte tem muito de si, pois ela conta que as peças que mais tocaram a sua vida foram as que contaram histórias da sua realidade, por mais lindo que seja recriar a Grécia Antiga é preciso mostrar as nossas vivências. Dessa forma, essas reflexões e questionamentos a levaram para os estudos afrocentrados e atualmente suas pesquisas nas artes também seguem esse caminho. Por isso a montagem da peça “B, uma tragédia urbana” foi tão importante, pois foi a partir dela que Amanda entendeu que o teatro é algo sério, foi quando o público compartilhou o impacto que foi assistir ao espetáculo. Todos esses estudos levaram a artista para a Cultura Ballroom, e especificamente no JUNTA em 2019, Amanda tem contato com a Cultura e no ano seguinte entra para a primeira casa de Ballroom de Teresina, a Casa di Monique e lá começa a compartilhar seus conhecimentos do teatro, ajudando outros a se encontrarem nesse universo das artes cênicas.

Contatos

Facebook.com/amanda.m.araujo.96

Instagram.com/_amandarauj0

Fotos

Espetáculo

“B, uma tragédia urbana” (2017)

Outras fontes

Companhia de Teatro Shangri-lá, o projeto social de teatro do Dirceu

Última atualização: 17/04/2023

 

Caso queria sugerir alguma edição ou correção, envie e-mail para geleiatotal@gmail.com.

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