Me vejo centrado em um círculo. Não importa para onde eu olho, vejo apenas janelas. Umas maiores que as outras. Algumas teimam em dançar. Muitas cobertas de cortinas, persianas, vidraças. Em todas, tento vislumbrar Piauís.
Através destas janelas me desperto em paisagens repletas de sombras. Problemas históricos. Pessoas nefastas históricas. Entrelaçados. Entrelaçadas. Ódio. Revolta. Dor. Fúria. Piauís pesados, que ancoram voos que poderiam ser.
Em apenas um segundo, quase que como um respiro entre um grito de dor e grunhido de revolta, rajadas de luzes, que migram afundo dessas paisagens, passam por todas essas janelas bombardeando meu peito com verdades e possibilidades.
Existem Piauís solares presentes. Como assim existe Sol no Piauí? Pois num é que existe?! Temos tantos corações que carregam um pouquinho desse Sol rio abaixo, rio arriba. E labutam. E também gritam. E sorriem. E fazem estripulias. E… BRILHAM.
Existem Piauís ancestralizados pulsando. Nossos parentes. Rios, mares, matas brancas, terras, chãos, ventos, verdes, entes queridos: entidades. E olha só! Essas entidades querem respeito, viu? Querem ser vistas, querem ser ouvidas, querem ser valorizadas. Da mesma forma que elas nos acolhem e nos ensinam a sermos… GENTE.
Sinto todos esses Piauís em mim. A mil. E sinto muito mesmo, mas todas essas paisagens piauienses desalumiadas jamais serão capazes de ocultar os Piauís presentes e ancestralizados que meus olhares conseguem alcançar. Vocês conseguem enxergar também?
Esperanço que sim. Quem sabe quantas janelas solares podem ser construídas se todas nós esperançarmos juntos esses Piauís? Quero estar aqui para descortiná-las com vocês.
Escrito por Noé Filho.