Carolina Lopes, escritora piauiense, lança campanha para publicar sua obra

Carolina Lopes, escritora piauiense, é muitas mulheres em uma só. Além de Carolina Lopes, a escritora, é também Carol, a amiga, é também tia Carol, a mentora de espanhol em um projeto social, é cozinheira nas horas vagas, função inclusive que a inspira enormemente em seus textos. Mas é sobretudo um conjunto de inúmeros fragmentos de luta e resistência. Já havendo participado de duas antologias de poesia, a antologia “Ágora de Outono”, lançada pela editora Trevo, e da antologia “Louvação”, em homenagem a Torquato Neto e lançada pela Academia de Letras de Teresina, a artista pretende publicar agora sua primeira obra individual, “A Inspiração dá Voz à Simplicidade Quando me Conecto.”

Fonte: Carolina Lopes

A escritora viu em sua campanha, lançada no Catarse, uma plataforma brasileira de financiamento coletivo para projetos criativos, não apenas a maneira de arrecadar o dinheiro para a publicação de seu livro, mas essencialmente uma forma de trazer à tona seus sonhos, suas divagações e contemplações, além de sua luta, seu orgulho e resistência em ser uma mulher escritora piauiense e nordestina; criar assim a possibilidade de conexões várias com o leitor ou a leitora faz parte de um dos enormes prazeres em escrever de Carolina. Desse modo, quem puder contribuir com o financiamento, estará contribuindo não somente com o livro, mas com toda uma valorização da arte e da cultura piauienses.

Nós, escritoras mulheres, fomos proibidas de publicar por muito tempo devido a não enxergarem em nós a capacidade de tal.

Inspirada por diversas outras escritoras mulheres, como Maria Firmina dos Reis, Carolina Maria de Jesus e Emily Brontë, Carolina Lopes escreveu grande parte dos textos presentes nessa obra, que são em maioria do gênero da poesia, no terraço de casa, despretensiosamente, em meio ao cenário inicial da Covid-19 no mundo, que a fez se deparar com o caos e os conflitos não apenas externos, como internos também. Em busca de se sentir segura diante de tantas incertezas, ela não sabia que ao buscar o controle sobre si e as coisas que a rodeiam, encontraria então alguns de seus próprios fragmentos.

A autora afirma também que as inspirações surgiram a partir de coisas simples, como contemplar um bem-te-vi empoleirado em um fio elétrico e se questionar quanto a liberdade e a fragilidade da vida; como seguir uma trilha formada por formigas e perguntar-se se, nesta demonstração da natureza, há algum código ou mensagens a serem decifradas; as inspirações vieram das folhas verdes que permeiam o mundo, das rosas que Carolina possui em sua casa, de seus sonhos, não só os sonhos que ocorrem durante o sono, mas seus sonhos como pessoa, como humana, além da contemplação de ser mulher.

A inspiração para esse livro foi a simplicidade. O poema mora no detalhe, mora no que passa batido, no que as pessoas geralmente não olham.

Segundo Carolina Lopes, “a obra tem uma pegada muito natureza”, porque nós somos seres cíclicos, e ela afirma gostar dessa visão de que as coisas giram como uma roda, e que tudo o que se inicia um dia acaba, assim como as formigas que estavam fazendo trilha se esconderam no formigueiro e ela teve que parar de tentar entender se aquilo era uma letra ou código, da mesma forma que o pássaro empoleirado no fio elétrico voou. E é nesse contexto de perceber o mundo que a artista nos convida a observa-lo através de suas lentes, através do poente, do bem-te-vi e das minuciosidades presentes no cotidiano de cada ser vivo.

Link para contribuir com o livro de Carolina Lopes: https://www.catarse.me/quandomeconecto

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