Construção, por João Carlos Martins Bezerra

Tenho sobre a mesa

um canteiro de versos

irregulares

e fragmentos de mim

onde construo, sem pressa,

quem eu sou.

É uma obra inacabada, frágil,

que não serve de abrigo em tempos

de inverno.

Derrubo traços

e paredes do passado,

levanto partes de agora…

Deve ser isso:

destruir imperfeições pretéritas o tempo inteiro.

Sou uma edificação sem fim.

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