Revisão: Joana Tainá
Antes de jogar Forza Horizon 5, a única coisa que eu sabia sobre o carro que meu pai comprou de um tio, e que minha irmã usa para ir ao trabalho, é que ele era apenas um carro. Hoje, ele não é só mais um carro, ele é um FIAT Vermelho. Existem ocasiões onde meu pai, uma pessoa que possui uma deficiência física, deseja ir pro interior onde foi criado ou ir até alguma loja no centro, mas ele não pode, justamente porque teria que adaptar o carro para isso. Para os personagens de Forza Horizon 5, isso não seria problema. Se alguém batesse com o carro, algo que eu espero que não aconteça, mas que eu provavelmente faria, em Forza Horizon 5 eu poderia simplesmente apertar o botão R e voltar no tempo, tomando a atitude certa. Forza Horizon 5 toma várias atitudes certas.
O novo Forza foi desenvolvido pelos britânicos da Playground Games, um dos estúdios afiliados à Xbox Game Studios, um aglomerado de empresas que desenvolve jogos exclusivos para as plataformas da Microsoft, que são os consoles Xbox e computadores. A Playground Games foi responsável por todos os Forza até então, acumulando experiência com o desenvolvimento de jogos de corrida, aprendendo com os erros e aprimorando as técnicas que levaram o estúdio a juntar todas as peças do quebra cabeça e finalizar um jogo que é muito bom e ao mesmo tempo busca ser também acessível.
Atualmente, um debate que vem se colocando em voga é a questão da acessibilidade nos jogos e, paralelamente, questionam também a dificuldade em alguns jogos como, por exemplo, Dark Souls e jogos que tentam seguir sua fórmula. Apesar de acessibilidade e níveis de dificuldade serem tópicos diferentes, eles convergem em um ponto: afastar ou não um novo jogador ou jogadora. O argumento utilizado por aqueles que defendem a não inserção de opções de acessibilidade e dificuldade em jogos é a de que eles ficam fáceis demais. E talvez até fiquem, mas só para quem defende isso, que são pessoas que não possuem uma dificuldade motora, visual ou psicológica sequer. Não se pode esquecer das pessoas que possuem déficit de atenção, problemas com movimentos rápidos, e se um jogo deliberadamente não se importa com essas pessoas, ele é, em um mundo pós-Forza Horizon 5, um jogo atrasado.
Desde os primeiros momentos, o jogo deixa bem claro: Forza busca ser acessível. Forza Horizon 5 permite que a sua personalização de personagens seja livre em questões de gênero, você pode ser uma mulher em vestes masculinas e vice e versa, o jogo também adota o pronome neutro, podendo chamar o jogador de ela/dela, ele/dele ou elu/delu, além de uma coisa que me tocou bastante, que foi a possibilidade do uso de próteses de perna no personagem. E além disso, a Playground Games confirmou, após o lançamento, que posteriormente o jogo seria atualizado com a possibilidade de se ter um intérprete de língua de sinais junto as cenas. Entretanto, até agora foram apenas confirmadas as línguas de sinais norte-americanas e britânicas, nada de LIBRAS ainda.
Mecanicamente, Forza também segura na mão do jogador, para que tome o seu ritmo de aprendizado e curta da sua maneira as corridas nos belos ambientes que o cercam. Os desenvolvedores mantiveram a mecânica de voltar no tempo, onde caso ocorra uma situação de curva mal feita, batida, ou que o jogador não tenha passado pelo checkpoint da pista, com um simples apertar do botão R, o jogo retorna no tempo até o jogador encontrar uma posição segura para continuar a corrida. E também, em um reforço para os jogadores que tem problema com rápidas reações, Forza traz a opção de diminuir a velocidade das corridas, dando a oportunidade para essas pessoas tenham mais tempo de tomar decisões.
Mas correr, de maneira geral, não mudou muito do Forza Horizon 4 para o 5. Caso você tenha 100 horas ou mais no jogo anterior, nesse novo título, o choque não vai ser tão grande como alguém que se depara pela primeira vez com a franquia. Porém, não precisa mudar se continua bom.
Me deleitei com os belíssimos gráficos de nova geração de videogames que o jogo possui, o verde vivo dos galhos e da grama, o azul gritante do céu ensolarado, as gotas de água que respingavam no carro quando fazia drift sobre uma poça reluzente. Senti também ansiedade e adrenalina, enquanto focava apenas em ultrapassar o carro na minha frente, em ser o melhor, em não errar, e em aproveitar a beleza mimética dos carros e do ambiente. Além disso, eu amei as músicas.
As corridas são, mais do que nunca, diversificadas. Na narrativa do game que, diferente do Forza anterior tem até uma participação mais ampla, o jogador está no Festival de corrida Horizon, que dessa vez se passa no México, e tem a possibilidade de escolher entre vários tipos e estilos de corrida. Eu, como gosto muito de plantas, de arvores, de toda essa coisa verde e da natureza, escolhi no início as corridas de Cross-Country e foi uma experiência magnífica. Me deleitei com os belíssimos gráficos de nova geração de videogames que o jogo possui, o verde vivo dos galhos e da grama, o azul gritante do céu ensolarado, as gotas de água que respingavam no carro quando fazia drift sobre uma poça reluzente. Senti também ansiedade e adrenalina, enquanto focava apenas em ultrapassar o carro na minha frente, em ser o melhor, em não errar, e em aproveitar a beleza mimética dos carros e do ambiente. Além disso, eu amei as músicas.
A curadoria das músicas nas rádios do Forza Horizon 5 é fantástica e se você gosta de hard-rock e coisas do gênero, recomendo fielmente manter ligada a rádio onde tocam os rocks porque, não existe nada melhor do que descer um vulcão à 236 quilômetros por hora ouvindo músicas do novo álbum do Foo Fighters, ou The Killers ou Nothing But Thieves. As rádios, que vão de música clássica, passando por eletrônica até o hard-rock, enriquecem muito a experiência, contribuindo na imersão e na inquietação que é ultrapassar os seus adversários. É como sentir a corrida deslizando nas curvas da pele do ouvido.
Enfim, com a somatória de todos esses aspectos positivos, não é por acaso que o novo Forza está sendo considerado um jogo divisor de gerações, ele é o primeiro grande passo dos novos consoles da Microsoft. Se o jogo anterior da franquia já era muito bonito, Forza Horizon 5 é um jogo estupidamente lindo, ao ponto de eu poder exagerar e dizer que jogar o novo Forza com os gráficos no Alto fez as minhas retinas voltarem pro lugar. E, após todos esses pontos de acessibilidade, existe mais um que conta bastante para a experiência valer a pena.
Forza Horizon 5 é vendido digitalmente pelo preço de 250 reais, em sua edição padrão. Eu gastei apenas 5 reais para jogá-lo. Isso acontece graças a nova abordagem que a Microsoft tem com os seus jogos, que se resume em seu serviço de assinatura de games, o Xbox Game Pass, onde quem paga uma determinada quantia por mês tem direito a uma quantidade vasta de jogos de alta qualidade, como o novo Forza, lançamentos futuros como o aguardado novo Halo e jogos de empresas do Xbox Game Studios, que aumentou consideravelmente no ano de 2021. Enfim, não foram só 5 reais por Forza, mas também por todo um catálogo invejável.
A Playground Studios conseguiu criar a experiência definitiva em jogos de corrida contemporâneos. Jogar Forza me lembrou de quando eu era criança e amava passar um tempo nas pistas sinuosas e embaladas pelas luzes da noite em Need For Speed Undergound 2, um jogo que na época era considerado por muitos “A” experiência definitiva. Desde então, jogos de corrida mudaram bastante, evoluíram, mas nenhum deles tinha tantas possibilidades e nem tantos olhos para o futuro.