Revisão: Joana Tainá
Entre as inúmeras assombrações e lendas que andam pelas ruas das cidades, encantados que nadam em nossos rios e lagoas, visagens que aparecem de canto de olho e luzes nas beiras das estradas, escolhi dez histórias de vários cantos do Piauí para apresentar um pouco da riqueza cultural do estado.
1. Barba Ruiva (Parnaguá)
Um encantado que vive nas águas da Lagoa de Parnaguá, ele aparece na forma de um menino pela parte da manhã, um adulto jovem de barba ruiva de tarde e como um senhor de longas barbas brancas à noite. Geralmente, ataca as lavadeiras que vão até a beira da água, mas se ver mais alguém por perto sai correndo de volta para a lagoa.
Quer conhecer um pouco mais sobre essa lenda? Falamos sobre ela no texto “Barba Ruiva, Barba Branca e a Lagoa de Parnaguá” (aqui).
2. Carneirinho de ouro (Campo Maior e Oeiras)
Na Serra de Santo Antônio em Campo Maior e no Morro do Leme em Oeiras, corre a lenda de um carneiro revestido de luz e com uma estrela brilhante na testa. Ele é arisco e muito rápido – salta de um lado para outro – o que torna difícil de pegá-lo. Acreditam que ele indica onde há uma grande riqueza.
Quer conhecer um pouco mais sobre essa lenda? Falamos sobre ela no texto “Pelas serras, grutas e morros: a lenda do Carneirinho de ouro” (aqui).
3. Pé de pato (Amarante)
Criatura que aparece na época do carnaval. Tem a forma humana, o que torna fácil se misturar entre os foliões na rua. Com uma máscara escondendo o rosto e vestindo uma espécie de batina colorida e bem folgada ele dança até se acabar. Passaria despercebido se ninguém olhasse para baixo, pois os pés dele têm membranas ligando os dedos como os de um pato. Quando alguém descobre que ele não é um ser humano, o Pé de pato explode em uma nuvem de enxofre.
4. Montador de Cachorro pro Inferno (Pedro II)
Um rapaz chegou bêbado em casa de madrugada e numa briga com o pai acabou por matá-lo com uma faca bem no coração. Vendo o que acabou de fazer, o rapaz entrou em pânico e fugiu antes que a mãe saísse do quarto e descobrisse o corpo estirado no chão da cozinha. O rapaz correu pelo quintal e pulou o muro, mas do outro lado ele caiu nas costas de um enorme cachorro de pelos chamuscados, o bicho não perdeu tempo e saiu em disparada, rosnando e cuspindo fogo, carregando o rapaz direto para o inferno.
5. Pé de garrafa
Assombração que vive pelas matas e é protetor da floresta. Solta gritos ensurdecedores que desorientam as pessoas, fazendo com que percam o caminho de volta. O Pé de garrafa também consegue imitar vozes, e com essa habilidade ele atrai caçadores, que pensam se tratar de algum conhecido que pede por ajuda, e faz eles sumirem na mata. Por onde o Pé de Garrafa passa é possível encontrar pegadas redondas na terra como o fundo de garrafas, que deram origem ao nome dele.
6. Gritador
Uma alma penada que atravessa as noites gritando e correndo. O Gritador seria um homem que matou o irmão e foi amaldiçoado a carregá-lo nas costas todas as noites. Algumas versões falam que ele é acompanhado por cachorros que lhe mordem os pés – por isso os gritos –, outras versões já dizem que quem o morde é o próprio irmão morto às suas costas. Assim, ele pena às noites gritando de dor pelos caminhos no meio do mato ou pelas ruas das cidades.
7. Baleia Adormecida
Correm pelo Piauí as lendas de que debaixo de algumas cidades há uma baleia adormecida, deitada em um oceano subterrâneo. De vez em quando rachaduras aparecem nas paredes das casas, isso acontece porque a baleia se mexeu durante o sono, também é possível ouvir o ressonar dela através do silêncio das noites. Um dia quando a baleia despertar e subir para a superfície, vai destruir toda a cidade, que afundará no oceano subterrâneo.
8. A velha de um peito só (Oeiras)
Uma assombração que aparece no meio das estradas e trilhas pela mata. Tem a aparência de uma senhora bem idosa com apenas um seio. Ela ataca viajantes solitários durante as horas mortas da noite e com uma força incomum derruba as pessoas no chão e as força a mamar.
9. Peba João (Picos)
Uma criatura misteriosa que aparecia pela cidade a qualquer hora do dia. Assemelhava-se a um tatu como outro qualquer, mas era bem maior do que o normal e, além disso, ainda ficava de pé nas patas traseiras e saía pulando, dançando, rindo enquanto cantava: “Cadê o peba, João? Tá no buraco! Tá no de cima, tá no de baixo” e outras coisas mais imorais.
10. Vaqueiro da Pedra do Castelo (Castelo do Piauí)
A formação rochosa que deu nome à cidade por se assemelhar a um castelo medieval, guarda muitos segredos e lendas. Ela possui uma gruta com um buraco no teto – uma espécie de claraboia – por onde caiu um vaqueiro com o cavalo ao perseguir uma vaca. Ele não sobreviveu à queda, mas ao que contam a alma do vaqueiro e do cavalo continuam a vagar pelo lugar.
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