na senador pacheco 1193 há um poema
onde os primos, em volta da mesa, guardam suas ânsias
diante das pastilhas de hortelã.
e o avô na sala de espera
sonha com o voo dos pássaros
buscando as canaranas.
(às vezes de sobrecenho, fala da guerra de 14,
da gripe espanhola)
o tio já não tosse dentro da noite
arranhando um estranho silêncio
no fim do corredor
que muito se assemelha
ao gesto acanhado dos meninos
com suas canecas, à espera das cabras.
no verão, da mesma forma que no poema,
não há lodo no muro
e as lagartixas passeiam ao sol.
da nudez das pedras e do vermelho
arrebenta um verso
cicatriz esquecida.
(nesse poema o difícil
é não ser trágico)
no quintal, a erva cidreira cresce
por entre as rachaduras das lajes,
sussurrando boatos de revoltas.
na sala de jantar, o perigo do naufrágio
nas tradições de há séculos.
há um poema que rói o tédio,
na senador pacheco, 1193.
Em comemoração do mês de aniversário da capital piauiense resolvemos mostrar alguns lugares de Teresina no olhar de alguns dos nossos fotógrafos e poetas.
Hoje vocês apreciarão a foto de Caio Negreiros e a poesia de Paulo Machado.
Nos conte sobre os lugares que você mais gosta em Teresina.
Fonte da poesia: Teresina: um olhar poético