SINOPSE
A história de Toni, uma pessoa agênera, se embrenha numa viagem, um misto da estrada keuroaquiana e a estrada de tijolos amarelos. É uma novela ciberpunk. Toni se vê sob a onda da revolução dos direitos sexuais. Mas sua viagem é uma busca em torno de seu devir ou da sua própria obra de arte autobiograficamente ambulante. Qual seria a última pincelada de sua autovernissagem?
“O Mundo muda nossas mentes e corpos ou acontece o contrário? Essa pergunta é mais complexa para Toni, que vive no mundo criado por Roberto Muniz onde a biomecatrônica alcançou os níveis mais íntimos da humanidade. Aqui não temos um hermético estudo antropológico. Trata – se de uma novela que nos conta a viagem de um personagem em transformação através de um mundo em transição. É a estória de um simples esforço para responder nossa pergunta inicial com a ajuda/desafio de pessoas que, como Toni, vamos achando nesse templo de portas abertas que é a vida”. (José Antônio D. Filho, leitor).
TRECHOS DO LIVRO
‘Às vezes, quando eu sonhava que estava viajando, era sempre uma viagem solitária. Eu seguia conversando sozinhe. Eu tinha uma capacidade enorme de criar uma narrativa para preencher o tempo. Na verdade, eu vivia contando histórias para mim, para que eu não desistisse de meu sonho. A personagem das minhas histórias era um reflexo, um duplo que me ouvia sempre calade. Elu não acreditava nas minhas histórias. Eu tinha certeza de que elu me achava louque. E eu estava ali com Nine, pronte para me ouvir…”
“Esta última conversa me lembrou de um escritor que dizia: “A alegria é um engodo para distrair os tolos e amargurar os sábios”. Apokalypse era mais sábia do que eu imaginava. Sua liderança estava entre os argumentos dos originais e também entre os argumentos da serpente do paraíso. Bem e mal; verdade, mentira; homem e mulher, as contradições nos invadiam para narrar nossas próprias histórias. Às vezes, o sonho e a realidade também compunham esta narrativa. Mas, o mais importante era ver que a história daquela comunidade, e aí eu me incluía, residia na contribuição coletiva. Cada membre contava sua história, mas, ao mesmo tempo, teciam uma colcha de retalhos que se transformava num mapa. Cada pessoa ali era um país com fronteiras ligadas pelo comum acordo dos afetos, não era apenas uma questão corporativa, de corporeidade.
Eu estava ali apenas para um trânsito, enquanto em mim alguma fronteira se estabelecesse. Em breve, como todes da comunidade Bolhe, as minhas próteses se tornariam um fardo, literalmente. Éramos reféns de nossos desejos. E ainda eu estava com minhas fronteiras abertas. Apokalypse me tratava como se fosse minha mãe, por causa do cuidado, do carinho. Eu poderia envelhecer ali em Bolhe, mas eu não queria me sepultar naquela espera lenta pela morte indulgente. A mim, todes ali pareciam conformades com seus destinos, embora eu não conseguisse vislumbrar o que poderia ser mudado em suas vidas.
Sobre o Escritor
Somos todos bolhes é uma experiência dentro de si e dentro da língua Portuguesa. Uma experiência de constante mudança.
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