Após lançar o single Memoriar no final de 2020, a cantora e compositora Monise Borges lança mais um trabalho, dessa vez o EP “Não vão nos calar”, disponível em todas as plataformas musicais, que evoca sentimentos profundos que atravessam a artista e tantas outras mulheres que vivenciam diariamente múltiplas violências. O tema é abordado pela artista com muita sensibilidade e precisão, pois se trata de uma luta que se torna coletiva e que acompanha a história das mulheres desde o nascimento. A capa do EP é assinada pela artista visual Mika, e é uma homenagem às mulheres que inspiraram e inspiram Monise desde o nascimento, a capa é uma representação da artista com sua mãe e avó.
“Infelizmente as pessoas julgam as vítimas, elas nunca vão olhar para os abusadores, assediadores. E esse EP é uma espécie de manifesto, pois eu trago alguns assuntos que me incomodaram ao longo da vida e o nome do EP já diz tudo: não vão nos calar!”, crava Monise Borges.
Para a artista esse EP é um trabalho artístico, mas que assume uma postura política justamente por questionar valores que acabam invisibilizando as mulheres, colocando-as em espaços de submissão. As músicas do EP tratam sobre temas como relacionamentos abusivos e as demais violências que são fruto dos absurdos causados pelos seus algozes alimentados pelo machismo e patriarcado.
“Muitas vezes as mulheres que sofrem abuso sexual, por exemplo, morrem guardando isso dentro de si por vergonha ou por medo porque quando elas criam coragem de falar elas sempre são julgadas. Essas músicas eu fiz para tentar chegar nessas mulheres, para que pelo menos por meio da arte elas consigam se sentir compreendidas. Todo tipo de relação de abuso, seja físico, psicológico, moral, não é culpa de quem é vítima, é culpa dos abusadores. Por mais que seja difícil falar sobre, precisamos buscar alternativas para gritar sobre esse assunto.” Monise Borges
O EP apresenta três músicas: “Não vão nos calar”, “Só porque sou mulher” e “Não vou permitir”. “Não vou permitir” foi escrita ainda na adolescência e lançada inicialmente em seu primeiro álbum “Penso em ti” (2008), sendo regravada com novo arranjo para este EP. “Só porque sou mulher” foi composta para participação no I Festival de Música realizado pela Coordenadoria de Estado de Políticas para as Mulheres (CEPM), e que, segundo a cantora, não premiou nenhuma mulher. Então, como forma de manifesto veio a música “Não vão nos calar” que participou da segunda edição do mesmo festival e foi contemplada com o segundo lugar.
“Foi uma forma de manifesto. Primeiro eles dizem que teremos voz e depois eles controlam essa mesma voz”, frisa Monise Borges
A intenção da cantora com o EP é levar o debate para toda a sociedade, pois ela provoca lembrando que os homens devem dialogar com essa pauta e não ficar de fora, mas assim como no Festival que premiou homens com uma pauta sobre o empoderamento feminino é preocupante ver que até nesses espaços o protagonismo ainda seja majoritariamente masculino. E com o agravamento dos casos de violências durante o isolamento social, além do apoio da lei de emergência cultural Aldir Blanc, Monise sentiu que era a hora de materializar esse trabalho que estava engavetado. Você já pode ouvir em todas as plataformas digitais, e dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, estreará o clipe de “Não vão nos calar” no canal do YouTube de Monise Borges.
Ficha Técnica do EP “Não vão nos calar”
- Não vão nos calar
Violão e cavaquinho: Mário Araújo
Guitarra: Denison D’Johnson
Baixo: Kamila Canabrava
Bateria: Rubens de Figueiredo
Teclado: George Meneses
Trompete: Cleidiomar Nascimento
Saxofone: Rannyel Silva
Percussão: Pamela Almeida
Mixagem e masterização: M.A Studio
- Só porque sou mulher
Guitarra: Denison D’Johnson
Violoncelo: Caio Michel
Direção vocal: Paula Molinari
Mixagem e masterização: M.A Studio
- Não vou permitir
Guitarra: Mário Araújo
Guitarra: Denison D’Johnson
Baixo: Kamila Canabrava
Bateria: Rubens de Figueiredo
Teclado: George Meneses
Percussão: Pamela Almeida
Mixagem e masterização: M.A Studio