Bixanikas e a live animada do bloco Unha de Gato

A elegância do Cavalo Piancó, funks pocotós/proibidões, o pagode do Mimbó, cultura drag queens, sambas, danças, palhaçaria, bufonoria, marchinhas, e bossas pretas tecem os elos das Bixanikas, grupo cênico-musical formado pela multiartista Negro Val, o artista cênico Paulo Gomes e a jornartista Vicente de Paula (Vince Vicentina). Há três anos têm realizado experimentos que resultam no show debochado, crítico e carnavalesco Bixanikas em Live Block da Unha de Gato apresentado online diretamente do Casarão Cultural na Rua das Flores-Amarante/PI que começou dia 12(sexta- 12:00) e continua nos dias 14 (domingo, 14:00) e 16(terça, 16:00).

Carnaval é a semente que gerou as Bixanikas. Foi organizando o bloco de carnaval Sambambaia, em Samambaia, cidade periférica do DF, que surgiram as primeiras composições e a vontade de amplificar suas questões no cenário musical com uma pegada performática humorada, cabaretera, burlesca e experimental. Cientes das possibilidades de opressão e emancipação que envolvem o carnaval, o trio fortaleceu a folia levantando pautas e artistas LGBTQIA, com deficência, negros e periféricos num encontro de referências políticas/artísticas como Ju Ataíde, Samba da Malandra, Dani da Silva, Hayna e os verdes, As Podríssimas dentre tantas outras artistas que inspiraram a formação das Bixanikas.

Ainda montando repertório para ser apresentado, as Bixanikas se arriscam em compartilhar ensaios de suas composições e esquetes que remontam suas vivências carnavalescas. O show Bixanikas em Live Block da Unha de Gato se trata da estreia e ao mesmo tempo retomada das peripécias de construir um bloco de carnaval pautado na inclusão das diferenças.

Paulo Gomes ressalta que: “O bloco foi um evento criado por LGBTQIA+. Eu e Val, gays, negros e da comunidade não precisávamos levantar uma bandeira. A gente era/é a própria bandeira: A comunidade, da quebrada da 310 (Samambaia) via, admirava e estranhava um bando de bixa promovendo ações de arte, educação e lazer. Tudo foi orgânico desde as crianças, aos pais, os bêbados, os evangélicos, os filhos, avós. As Bixanikas estavam ali já nessa conexão entre grupos que aparentemente são opostos às bixas, mas que não estavam nos agredindo e sim sendo nossas aliadas em prol de alegria.”


Negro Val ressalta  aponta que a diversidade é o que gera e mantém as Bixanikas:

“A gente mistura artes visuais, a pintura, montagem, a gente dança, compõe, faz poesia, FAZ DEBOCHE, samba, paródia. É poder transformar uma brincadeira, numa piada numa música, é poder trazer um momento de alegria, deboche, sair um pouco da caixinha, do tradicional, do padrão.”

Vibrando nesta sintonia Vicente considera que as “Bixanikas arregaçam essa política de eliminação de subjetividades/corpos desviantes. Bixanikas cantam essa beleza que não tá presa num padrão, né?! É uma ginga sobre os escombros da beleza que encontra camadas múltiplas, dissidentes: incapturáveis e fluídas.”

As lives Bixanikas em Live Block da Unha de Gato também contarão com participações especiais de convidadas que  articulam vários blocos de carnaval no Piauí e no Brasil. 

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