Luiza Cantanhêde é uma poeta maranhense, natural de Santa Inês e radicada em Teresina-PI. Ela chegou em Teresina em 1983, e na cidade se formou em Técnico em Contabilidade, iniciou a carreira Literária e criou a filha que hoje já é formada em arqueologia. A poeta e escritora já é reconhecida nacionalmente, sendo autora dos livros “Palafitas”(Penalux,2016), “Amanhã, serei uma flor insana”(Penalux,2018) e “Pequeno ensaio amoroso”(Penalux,2019). Além disso, participa de várias antologias nacionais e internacionais, entre elas: A Antologia internacional/bilíngue “Encruzilhada de versos” (Avant Garde edições-2014), “A mulher na Literatura Latino-Americana” (Avant Garde edições-2018), “Ero das eras” (Avant Garde edições-2019) e “Literatura de livre expressão” (Avant Garde/matizes-2019). Publicou nas revistas Mallamargens, Quatetê, Ser Mulher arte, Escrita Droide, Literatura & Fechadura, nos blogs “Como eu escrevo” e “O lume das palavras”. Luiza recebeu Menção honrosa no prêmio “Poeta H.Dobal” 2017, pela Academia Piauiense de Letras. Foi premiada no Concurso “Novos poetas Maranhenses” pela Associação maranhense de escritores independentes(AMEI) (2018 e 2019), além dos prêmios “Vicente de Carvalho” (2018) e “Álvares de Azevedo” (2019), pela União Brasileira de escritores-UBE/RJ. A autora é convidada constantemente para participar de feiras literárias, salão de livros e saraus, no Piauí e em outras cidades brasileiras.
DA VOZ
Tão rústica é a minha palavra
Não tem a fineza daqueles que
Passeiam pela boca da erudiçãoA minha palavra é a da roça
Da enxada circundando a
Poeira ao pé das cinzasMeu vocábulo de pedra
Dizendo “desvão”
Nome Completo: Maria Luiza Cantanhêde Gomes
Descrição: Poeta
Data de Nascimento: 14/07/1964
Local de Nascimento: Santa Inês-MA
Escrito por: Alisson Carvalho
Revisado por: Paulo Narley
O zelo pela educação
Filha de pai e mãe lavradores (já falecidos), Luiza Cantanhêde os descreve como sendo o seu farol na vida. E foi justamente os seus pais que ensinaram a ela o amor pela terra de “chão batido” e pelo correr das águas dos rios e dos igarapés, um legado que marca até a sua escrita.
“De família humilde, não tínhamos muita condição financeira para a compra de livros e isso também contribuía para um certo afastamento dos nichos culturais, mas a poesia escolhe a gente, não sei bem o porquê; na nossa casa não havia livros, artistas, mas havia muita oralidade, muitas histórias contadas pelo meu pai e pela minha mãe de quem eu era devota e nas andanças com eles aprendi primeiro a arte da humanidade, da resiliência, da resistência e da dignidade em vencer as dificuldades de cabeça erguida. O correr das águas dos igarapés onde minha mãe lavava roupas e os babaçuais por onde ela quebrava côco pra nos sustentar e as roças que meu pai plantava foi o que primeiro encharcou minhas retinas de poesia”, rememora. A escritora conta que, embora seus pais fossem analfabetos, eles sempre deram valor ao conhecimento e não mediram esforços para educar os filhos. Por isso, ela aprendeu desde cedo a dar valor aos livros. Além disso, Luiza frisa que ainda muito cedo se tornou uma leitora contumaz, pegava emprestado de um amigo gibis para ler e na escola aproveitou a biblioteca para ler clássicos da Literatura como Guimarães Rosa, Graciliano Ramos, Gabriel Garcia Márquez, Vladimir Nabokov, Aldous Huxley e tantos outros.
O contato com a arte
Luiza Contanhêde, uma leitora apaixonada pela literatura, começou a ter um contato mais direto com a poesia quando ia passar as férias na casa do seu irmão, que morava em Teresina. Foi lá que Luiza se deparou com uma estante repleta de livros de poesia “Literatura comentada” onde foi apresentada à Vinícius de Morais, Cecília Meireles, Drummond de Andrade, Jorge de Lima, Lima Barreto, Fernando Sabino e muitos outros. Além disso, o irmão da escritora trabalhava como pintor e locutor de rádio, e ela atribui a sua formação cultural a ele, que permitia um tráfego de informações musicais e também artísticas de modo geral. E ela rememora que mesmo antes de entender o conceito de arte já ficava fascinada com os processos de produção de obras como o entrançado da palha de pindova durante a feitura dos cofos e dos abanos feitos pelo pai; ou seja, seu encantamento não se restringia aos livros, era uma admiração que pelas artes, por isso ela destaca também a importância que teve conhecer o circo, pois foi uma das experiência que marcou a sua infância.
Os laços da literatura
O contato com a leitura foi fundamental para Luiza Cantanhêde solidificar e impulsionar a materialização das suas obras. E a escritora aponta as referências dos seus dois estados, Maranhão e Piauí, sendo também responsáveis pela formação da sua trajetória literária. “Fiz grandes amigos no meio Literário e a quem devo muito a ajuda no início de minha carreira. Hoje muitos já se juntaram a este grupo, mas cito dois em especial: Paulo Rodrigues no Maranhão e Nathan Souza no Piauí.” Luiza que sempre foi introspectiva, encontrou na leitura uma forma de ampliar os seus horizontes e ela escrevia sem pretensão de ser escritora, fazia isso apenas para “desengasgar os seus embaraços”. Em 2012 a escritora tem acesso às redes sociais e no ano seguinte começa a postar seus textos no Facebook. A escritora conta que esses escritos eram postados sem o esmero estético que exige os textos literários, mas que mesmo assim foram bem aceitos pelos amigos e acabaram criando diálogos com outros escritores.
INDIGENTIA
No caminho
Abraço minhas
Indigências
(Um Deus manco
E meus passos em falso)
A repercussão de um trabalho
Graças aos diálogos criados pelas publicações dos seus textos no Facebook, em 2015 Luiza Cantanhêde foi convidada para um evento Literário na casa da Cultura de Teresina, organizada pelos poetas Nathan Souza e Valcian Calixto onde tive contato com vários artistas piauienses, inclusive conhecendo Nathan Souza pessoalmente, o mesmo pediu para ver o seus escritos, organizou e enviou para a avaliação da Editora Penalux, onde seus livros eram publicados e a editora aprovou. Então em 2016 nascia o “Palafitas”, o primeiro livro da poeta e que recebeu duas premiações, uma pela Academia Piauiense de letras e outra pela União Brasileira de escritores-UBE/RJ. O livro Palafitas: “Além de ser o meu “cartão de visitas” é a minha homenagem para o meu chão ancestral! Palafitas representa a lata d’água aprumada na cabeça, o encontro dos rios, o som dos machados, a corte e a lâmina”, pontua. Ela publicou também pela Editora Penalux o seu segundo livro “Amanhã, serei uma flor insana” em 2018 e por fim “Pequeno ensaio amoroso” em 2019, também premiado pela UBE. A escritora comenta com alegria que em apenas 04 anos de carreira já conquistou relevantes conquistas tanto no aspecto Literário quanto pessoal e antecipa dizendo que já está organizando uma coletânea com poemas dos três livros e escrevendo um livro de contos.
Cantando grãos e materializando poesia
As referências de Luiza Cantanhêde são vastas, pois ela conta que tudo que leu deixou marcou de alguma forma, deixou impresso um código em si, seja pela inquietude, angústia, calmaria. A escritora destaca as obras “A paixão segundo G.H” (Clarice Lispector), “A confissão de Leontina” (Lygia Fagundes Telles), “Cem anos de solidão” (Gabriel Garcia Márquez), “Admirável mundo novo” (Aldous Huxley) e “Lolita” (Vladimir Nabokov). “A inquietude, a angústia, a reflexão, o fluxo de consciência, a epifania e a solidão incrustadas nessas obras me marcaram profundamente.” E sobre o seu processo de criação ela explica que: “Escrever na maioria das vezes é angustiante, afinal de contas você vai expor ao mundo aquilo que há um minuto atrás você pensava ser só seu, mas eu sempre tive uma relação de respeito e leveza com a palavra. Espero o seu chamado que tanto pode ser em casa ou na fila de um banco… sempre que me ocorre os chamados “fora de hora” eu rabisco alguma coisa no papel, ou mesmo pelo celular e depois dou corpo ao poema. Para escrever gosto mais da madrugada, quando se desliga todos os barulhos externos para que eu possa ouvir o som da palavra em mim. Sempre escrevi “aleatoriamente” quando me proponho a publicar um livro, a exemplo de João Cabral de Melo Neto “vou catando” meus melhores grãos e materializo em poesia.”
A nascente da poesia
Para Luiza Cantanhêde a poesia é movimento, pois “ela não permanece inativa num ambiente esperando para ser criada, a poesia está nas pessoas, em suas realidades, no som, nas imagens e tudo isso é matéria prima para a minha criação.” A poeta frisa a importância da literatura comparando com uma arma poderosa, pois tem como matéria prima a palavra. Então ela parafraseia Mikhail Bakntin: “Viver significa participar do diálogo”. Luiza Cantanhêde continua dizendo que a Literatura sempre leva o leitor a refletir e isso pode mudar o seu posicionamento diante da realidade. Além disso, como instrumento de comunicação e interação, ela sempre cumpre o papel de transmitir conhecimentos e de transformação social. A escritora é uma referência para muitos outros escritores e diz com orgulho que: “A poesia sempre se entranhou em minhas paisagens, cresci bebendo da nascente histórica que perpassava a vida do homem do campo, do sertanejo, como meus pais foram e a minha criação não poderia prescindir de abordar esses temas, os povoados, as roças, as feiras, as festas populares, os rios e os igarapés onde tantas vezes ouvi o batido das roupas nas tábuas as suas margens; mas a minha escrita também reconhece a voz da periferia e é feita também para os abandonados, os esquecidos, os excluídos. Para o poeta é permitido todas as cores, todas as dores e os meus temas é feito do que me espanta ou me encanta.”
Contatos
Instagram.com/luiza_cantanhede
Fotos
Vídeo
Publicações
Antologia internacional/bilíngue:
Encruzilhada de versos (Avant Garde edições-2014)
A mulher na Literatura Latino-Americana (Avant Garde edições-2018)
Ero das eras (Avant Garde edições-2019
Literatura de livre expressão (Avant Garde/matizes-2019)
Prêmios
Menção honrosa no prêmio “Poeta H.Dobal” 2017, pela Academia Piauiense de letras;
Premiada no Concurso “Novos poetas Maranhenses” pela Associação maranhense de escritores independentes (AMEI);
(2018 e 2019)
Prêmio “Vicente de Carvalho”-2018 e prêmio “Álvares de Azevedo”-2019,pela União Brasileira de escritores-UBE/RJ;
Comenda “Thiago de Mello” pela Academia Poética Brasileira (APB);
Recebeu o certificado de Honra ao Mérito, pela rede de bibliotecas do Instituto Estadual de educação ciências e tecnologia do Maranhão (IEMA);
“Moção de aplausos” pela Câmara Municipal de Santa Inês-MA;
Recebeu homenagens das escolas: ” Cícero Portela Nunes”- Teresina-PI, “Centro de ensino Travassos Furtado” (Santa Luzia-MA), “Centro de ensino Francisco das Chagas Vasconcelos” (Pindaré-Mirim-MA);
“Prêmio Destaque Nordeste” em Gravatá-PE.
Outras fontes
https://revistaacrobata.com.br/demetrios/poesia/8-poemas-de-luiza-cantanhede/
https://www.facetubes.com.br/noticia/137/luiza-cantanhede-poesia-nasce-de-todos-os-cantos-do-brasil
Última atualização: 23/06/2020
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