Rosa Melo, mais conhecida como Rosa da Caatinga, é professora e fotógrafa. Ela é natural de Pio IX, município piauiense. Formada em História, pela Universidade Federal do Piauí (UFPI), e em Educação Física, pela Universidade Estadual do Piauí (UESPI). Trabalhou como coordenadora de polo da Universidade Aberta do Brasil. Já participou de exposições como “Retrato e Canção” no Seminário Municipal de Meio Ambiente (2003), “Retratos da Caatinga” no I MOSTRA CULTURAL de Pio IX (2007), “Tempo de Brincar” 5ª edição do Salão do Livro do Piauí (SALIPI) em Teresina (2007), participação na 14ª Edição do Artes de Março no Teresina Shopping em Teresina (2012), “Exposição de Texto Autobiográfico” na Gincana Cultural do Instituto Dom Barreto em Teresina (2016), “A Caatinga” no 17º encontro de folguedos de Pio IX (2018) e expôs no Projeto de Educação Ambiental e Sustentabilidade (PEAS) no Colégio e Faculdade Amadeus em Aracaju-SE (2020). Além disso, Rosa Melo tem publicações nas revistas “Gente Miúda” (2011 e 2012), revista Cidade Verde e no livro “História do Piauí”, organizado por Maria Cecília Silva e Shara Jane Adad. Roda da Caatinga também tem vende quadros – fine art na página rosadacaatingafineart.
“O beija-flor e a Rosa
Um certo dia o beija-flor
Cansado de tanto amar
Bateu asas e voou
Viajou para além-mar”
Nome Completo: Rosilândia Melo de Alencar Maia
Descrição: Fotógrafa
Data de Nascimento: 03/05/1967
Local de Nascimento: Pio IX – PI
Escrito por: Alisson Carvalho
Revisado por: Paulo Narley
“A flor já acostumada
Ao atraente arruaceiro
Toda triste e amuada
Reclamou ao jardineiro”
Semeando uma artista
Foi no ambiente escolar que Rosa Melo teve o seu primeiro encontro com a arte, ela relembra que a escola organizava recitais e esquetes teatrais como prática pedagógica e atividade escolar. Posteriormente ela começou a se inspirar na arte circense, pois vez por outra algum circo passava pela cidade e apresentavam as suas atrações para os moradores. Rosa conta que as aberturas das apresentações dos circos tinham encenações teatrais com dramas como A Louca do Jardim”, “Os Brutos Também Amam, entre outros. E toda vez que os circos partiam a garotada armava a sua própria tenta e montavam os seus próprios espetáculos. “Fico impressionada com aquela estrutura toda, belíssima, viajando até os cafundós, para levar arte, atravessando estradas de terra esburacadas, tendo os sonhos como locomotiva.” Uma das experiências mais marcantes de Rosa Melo foi interpretar uma poesia por volta dos nove anos de idade na igreja da sua cidade no dia das mães, a poesia dizia: “Vi um paralitico jogado no fundo de uma cama, dizer a sua mãe: “mamãe, eu sou o mais infeliz dos meninos”. Com lágrimas a escorrer-lhe pelos olhos ela o animou: “Não diga isso meu filho, o mais infeliz dos meninos é aquele que não tem mãe para consolá-lo nas horas de dor”.
“Com o olhar baixo, rasteiro
Ele exclamou de supetão
– Como trazer o beijoqueiro?!
– Não cai água nesse chão!
A flor desmilinguida
Pálida olhou pro céu
Com a maior sede da vida:
– Não há chuva! Não há mel!”
Brota a Rosa da Caatinga
“Se contrai visão fontana não sei, o certo é que de tanto adentrar veredas em busca de imagens do modo de vida próprio dos seres da caatinga no seu fazer cotidiano, passei a enxergar além do que as lentes fotográficas nos permitem. Suponho que essa variabilidade da visão do pássaro tenha me contaminado.” Rosa Melo começou a colecionar figurinhas desde cedo, por volta da década de 1980. Nesse tempo ela recebia dos irmãos uma câmera descartável dada a eles quando iam revelar as fotografias. Rosa e a sua amiga de infância, Lulu, usavam todo o filme fotografando o mundo ao eu redor. “Cedo descobri que a minha relação com a fotografia não passa apenas por um simples olhar, como uma paquera à moda antiga. É uma paixão avassaladora, dessas que nos faz saltar cercas, se embrenhar vereda adentro, conversar com minúsculos seres, comprometer a família, chorar de dor, e principalmente sorrir de encantamento. É enfim uma relação viva, intensa!”
“- Como atrair o beija flor?
Sem meu néctar pra extrair?!
Estou pálida, sem olor!
Estou só, vou sucumbir!
A nuvem tão preguiçosa
Passava bem por ali
Teve pena daquela rosa
Chamou logo o bem-te-vi”
Os bastidores da fotografia
“Saio do trabalho, pego a bicicleta e pedalo até um brejo qualquer, onde posso sem pressa esquecer-me do tempo. Não sei o que me chama ao esvoaçar das libélulas, mas estou presa a uma rotina que perdura. Tantas vezes o pingo do meio dia me pegou ali, acocorada, mendigando uma pausa no voo, atolada na lama que se forma nos últimos córregos das últimas chuvas. Dialogo em voz alta com as criaturas, pedindo uma pose – “só uma por favor!” Às vezes xingo, mando ir às favas, e agradeço enfim, ao vê-las sorrindo para minha lente.
O certo é que nenhum humano das minhas relações teve moleira resistente pra acompanhar um dia dessa trama fotográfica até o fim. Nesse mês de setembro, um surto de solidão me fez buscar companhia pra minha caça no meio do nada. O que me responderam? – “Só um doido ou inocente arriscaria, numa época dessas, queimar os miolos nessa brincadeirinha em pleno sertão nordestino”. – Hum! A criaturinha de seis anos seguiu iludida por minha narrativa sobre caverna do dragão, lobo mau, e floresta encantada. Eu precisava de uma vozinha qualquer que desse eco ao meu movimento no meio da mata seca. Me limitei ao meu vício (clic clic) e só na milésima vez consegui ouvir aquela criança debaixo do sol causticante (12:42h) dizer: – “agora eu não aguento mais!”. – “Caramba, por que não vim sozinha!” Foi o eco que ricocheteou dentro de mim.
Porém confesso que também me sinto cansada, do sol, da falta de equipamento, e assim volta e meia, “dou um tempo”!
Na verdade, a fotografia é um conjunto, e pra conseguir vários elementos em harmonia, sem poluição, com um contexto apropriado, é manobra radical. Já sentei em lama pra pegar o quadro ideal de uma libélula como protagonista. Já fraturei o cóccix em busca de uma simples florzinha… daí despenquei da árvore e cai em espinhos de favela. Já passei uma noite de cabaré em cabaré, na cidade de Oeiras, e por aí vai. Tudo isso envolve amor e dor”, diz Rosa Melo.
“- E que tal um mutirão?!
Com bico pontiagudo
Aceito até muchicão
Para ‘água jorrar em tudo”
Um olhar sensível
Para Rosa Melo, o ofício de fotógrafa exige muito da capacidade criativa do profissional e são muitos os obstáculos enfrentados como o valor dos equipamentos utilizados. Contudo, existem muitos motivadores para fotografar e ela comenta o quanto os encantamentos são involuntários. “Creio que toda beleza nos dá prazer, e a fotografia é essa arma apontada na busca de aprisionar o belo. Damos vazão aos estímulos visuais, experimentamos a beleza, e nosso cérebro fica emocionalmente dependente”, frisa. Para a fotógrafa, foi a Kodak nº 1 que criou o seu amadorismo fotográfico e ela brinca rememorando o slogan da marca que dizia: “você aperta o botão, nós fazemos o resto”. Rosa tem um trabalho que encanta e um olhar sensível que consegue captar as belezas muitas vezes escondidas na vastidão do mundo. As fotografias de Rosa se apresentam sob formas múltiplas e sutis, pois para ela há uma busca para documentar a realidade e ela diz que nunca teve um compromisso fechado com a objetividade e/ou neutralidade, pois são lugares que não existem. Rosa da Caatinga usa a fotografia de forma libertadora.
“Atraíram a fauna alada
Espremeram-lhe a barriga
A nuvem foi destilada
E a missão estava cumprida”
A fotografia aprisiona a poesia para gozo do leitor
A exposição “Vereda Adentro” tem um significado especial para Rosa Melo, pois foi a que mais deu visibilidade aos retratados. Graças a esse trabalho de divulgação dos artesãos de Pio IX uma Trançadeira de Coroá chegou aos olhares da mídia e conseguiu repercussão no programa do Geraldo Luís, na TV Record, ganhando, inclusive uma casa própria. Rosa Melo já teve um trabalho mais voltado para o registro das flores da caatinga que gerou a coleção “Variantes Florais”, depois disso ela passou a registrar os pássaros e seus hábitos na natureza criando a série “Cereus Jamacaru”, posteriormente ela começou a registrar as crianças brincando na rua e esse cotidiano lúdico acabou formando a série “Tempo de Brincar”. E Rosa Melo demonstra essa paixão pela fotografia constantemente, a sua inspiração é a existência. Afinal, para a fotógrafa, a fotografia é um manifesto da alma e as pessoas precisam se manifestar. “A fotografia aprisiona a poesia para gozo do leitor.”
“O jardim todo brotou!
As cores fizeram festa
De pólen a florzinha pintou
E coloriu toda a floresta.”
A relação com a natureza
“Pra mim especificamente a fotografia é um instrumento que me chama à comunicação com os seres, é um chamado à convivência!”, diz Rosa Melo. A fotografa tem uma relação íntima com a natureza e gosta de transformar essa paixão em registros. Sua sensibilidade em perceber as nuances da caatinga e eternizar momentos que passariam despercebidos pelos olhares menos atentos encanta e nos faz perceber a riqueza que existe na natureza. Rosa Melo é uma artista apaixonada pela sua terra e para a fotografia é uma forma de apaziguar os sentimentos e como em uma meditação para a mente ela cria o seu próprio universo dentro do universo da fotografia. E ela segue enfrentando as veredas, percebendo os sinais da natureza e inspirando outros olhares com as suas criações que demonstram a vida mesmo nos lugares mais inóspitos.
Contatos
Instagram.com/rosadacaatingafineart
http://rosadacaatinga.blogspot.com/
https://www.shutterstock.com/g/RosadaCaatinga
https://www.wikiaves.com.br/perfil_rosadacaatinga
Youtube
Fotos
Vídeo
Exposições
I Exposição Fotográfica – “Retrato E Canção”;
II Exposição Fotográfica – Retrato Da Caatinga;
A III Exposição Da Fotógrafa Rosa Melo – Tempo De Brincar;
IV EXPOSIÇÃO FOTOGRÁFICA (2012);
Exposição De Texto (2016);
Exposição Ano 2018 – A Caatinga – Fotografias e haikais;
ESCOLA IEMP/Ano 2019;
Exposição em Aracaju – SE/ano 2020 no Projeto de Educação Ambiental e Sustentabilidade (PEAS).
Outras fontes
http://www.lagoadorato.com/2018/07/a-beleza-da-caatinga-atraves-das-lentes.html
Última atualização: 25/05/2020
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