Não se pode duvidar
Da Miota que vagava
Pelas noites a fumar
Vestida de branco,
De saia e tamanco
Passeava em Teresina
Altas horas da matina
Roupa furada, que arrasta na rua imunda
É alma penada de olheira profunda
Com a Miota ninguém pode
Nem humano, nem capote
Se ela pedir um cigarro
Desconfie sem receio
Faça o sinal da cruz
E saia logo do meio
Quem dá o que ela pede
Vê uma aparição de porte
Que mais de três metros mede
E acende o fumo no alto do poste
A marmota de olhar triste
Depois de se esticar
Vai declamando uma frase
Que repete sem parar
Não se pode! Não se pode!
Isso é assombração
Sai soltando baforadas
Xexelentas feito o cão
Seu sumiço repentino
Serve pra confirmação
De que a mulher gigante
É mesmo uma assombração.
Conta-se que quando alguém a encontrava, a mulher pedia logo um cigarro. Geralmente, ao entregar o cigarro para o fantasma, a pessoa era tomada por curiosidade e perguntava o nome da mulher. Mas pelo visto tinha um grande mistério envolvendo o nome daquela visagem, pois quando era indagada, sua expressão mudava e ela começava a se esticar, crescendo até atingir a altura dos postes.
Quando já estava enorme, a mulher acendia seu cigarro e, ao invés de responder seu nome, apenas gemia com uma voz melancólica e aterrorizante: “Não se pode, não se pode …”
A mulher repetia de maneira prolongada essa expressão, enquanto ia se afastando e sua imagem se dissipando no ar. Quando a pessoa piscava o olho, já não conseguia mais ver a tal assombração, o que causava grande sensação de terror. Por conta da frase que sempre repetia, ficou conhecida como “Não se Pode”, ou “Maria Num se Pode”. Também é chamada pelos nomes de “Moita” ou “Miota”.