Quando eu morrer, Virgem formosa e pura,
Se acaso for o corpo meu cremado,
Vai e, entre a cinza que restar, procura
O coração que eu tenho em mim guardado.
Vai, que hás de vê-lo, doce bem amado,
Cheio de vida entre a poeira escura,
Como um astro que em pleno céu nublado
Surge valente e com vigor fulgura.
Hás de encontrá-lo palpitante e forte
Entre esses restos do que soube em vida
Amar-te e certo o saberá na morte…
Que o coração, querida, de quem ama,
Não se consome, pois é lei sabida
Que a chama não consome a própria chama.