Paulo Pelicano é escultor e poeta natural de Altos, mas radicado em Teresina desde criança. Paulo Pelicano esculpe desde criança, aprendeu o seu ofício com o mestre Nonato Oliveira e trabalhou durante muitos anos com o artista e amigo Afonso Miguel e com o professor Fernando. O artista trabalhou confeccionando sandálias e bolsas que eram vendidas na cooperativa de artesanato, assim como em algumas lojas do Centro de Teresina. Chegou também a ministrar cursos, inclusive na Universidade Federal do Piauí. Paulo Pelicano foi secretário de Cultura em duas cidades de Minas Gerais depois de participar do Programa de Integração Nacional (2000). Em 1995 Paulo Pelicano ganhou o concurso de arte santeira em Teresina com a obra “anjo alado”, além disso tem um painel em Curitiba entre outras obras.
“Brilho ar, na luz do sol se pôr, iluminando a boca da noite, de hálito cheiroso arvorecer.” Paulo Pelicano
Nome Completo: Paulo Pelicano
Descrição: Escultor e poeta
Local de Nascimento: Teresina
Escrito por: Alisson Carvalho
Revisado por: Paulo Narley
Da brincadeira ao ofício
Paulo Pelicano cresceu no bairro São Pedro. Ainda na infância, com aproximadamente dez anos de idade, ele conheceu o artista mestre Notato Oliveira; e, quando entrou para o grupo de escoteiros, conheceu José Afonso. Foi quando os artistas foram convidados pelo mestre para conhecer a oficina do artesão, que ensinou os pupilos a fabricação não só das obras como de bolsas, cintos, sandálias e recuperação de baús. Esse conhecimento foi essencial para os jovens artistas, pois a partir disso eles começaram a fazer da brincadeira uma profissão. Nesse período, Paulo Pelicano rememora que eles desenvolveram o Cristo feito de madeira que encantou muita gente, foi uma das peças de maior sucesso nesse período.
Fortalecendo as artes
“Eu mais o Afonso compramos uma bicicleta para ir lá no maranhão pegar coco babaçu e fazíamos porta caneta, barcos e cristo feito com uma madeira.” Paulo Pelicano chegou a trabalhar com a confecção de couro e embora tenha aprendido as técnicas da pintura ele preferiu ficar na escultura. Nesse período uma das figuras mais importantes para o desenvolvimento do artesanato piauiense, segundo o próprio artista, foi a paulista professora Efi radicada em Teresina e que foi uma mecenas para as artes por ter investido nas obras dos artesão da época. Posteriormente, com apenas dezessete anos, Paulo conta que o Nonato Oliveira convidou o artista para ser monitor de um curso na universidade sobre o artesanato manual em couro, ocasião que proporcionou o encontro do artesão com o professor Fernando que virou um dos seus parceiros e montaram uma oficina para trabalharem juntos. Além disso muitas das suas obras foram vendidas na Cooperativa de Artesanato Mista do Piauí e durante muito tempo essa foi uma das principais formas de se manter produzindo.
Rememorando os artistas precursores
Ao longo da sua trajetória artística Paulo Pelicano conheceu e participou de diversos eventos, fez intercambio e dialogou com padres, artistas e professores que incentivaram o seu desenvolvimento como artista. O artesanato que estruturou a vida desse artista e de tantos outros, ajudou a construir uma rede de comercialização dos produtos. Toda essa atuação dos artistas já chegou a reconhecer o artesanato piauiense como um dos melhores do mundo, segundo Paulo Pelicano. E o artista relembra trabalhos memoráveis como os quadros do artista visual Portelada sobre as lendas piauienses e a coleção do artista Osmar sobre os rostos dos antigos artesãos piauienses. Trabalhos que para Pelicano são relevantes para a historiografia das artes e que precisam ser recuperados e revisitados.
“Em 95 eu ganhei a arte santeira aqui em primeiro lugar com a peça Anjo alado que tinha a cabeça de madeira barroca com um pedestal sintonizado com o barroquismo, chamado caracóis, e a asa de bronze.” Paulo Pelicano
Alguns trabalhos
Segundo Paulo Pelicano, o domínio dos materiais utilizados no seu processo artístico foi acontecendo de forma gradual e espontânea. À medida que o artista necessitava utilizar outras técnicas e materiais, ele começou a agregar esses novos conhecimentos. Pelicano começou a manipular o gesso e, depois, passou para a cerâmica, foi quando começou a dominar outros processos para manipulação da matéria-prima. Nesse período, ele desenvolveu a obra no estilo de carranca intitulada “O grito”. Seus trabalhos têm como característica os detalhes, pois ele valoriza a harmonia da obra e tenta desenvolver obras com enquadramento equilibrado. Das peças que desenvolveu, Pelicano destaca o seu trabalho na construção do teto da Igreja Matriz de Macapá, um painel criado em Curitiba, o “Gonsalves Dias”, o “Anjo alado” e o “Grito”. “Em 95 eu ganhei a arte santeira aqui em primeiro lugar com a peça Anjo alado que tinha a cabeça de madeira barroca com um pedestal sintonizado com o barroquismo, chamado caracóis, e a asa de bronze.”
Uma amizade atemporal
“O Afonso era mais novo do que eu sete anos e nos conhecemos no grupo de escoteiros, conhecemos a arte e trabalhamos juntos.” Paulo Pelicano tem uma trajetória artística próxima do amigo, os dois cresceram juntos e exploraram caminhos semelhantes. Segundo o artista, Afonso o chamou para construir a estrutura física e o sapato de um de seus bonecos, Juvenal. Paulo Pelicano chegou a acompanhar o amigo em alguns de seus trabalhos e ficou cerca de cinco anos na Europa ajudando nos bastidores do show de Afonso Miguel. “Afonso Miguel é um dos bonequeiros mais admirados, não só a nível nacional. Ele teve um grande contato com diversos bonequeiros de outros países. Ele aprendeu com o mestre Saúba de Carpina”, diz Paulo Pelicano. A amizade dos artistas gerou inúmeros trabalhos e continua viva na memória do artista que procura, sempre que pode, mostrar a importância do trabalho do amigo para a arte.
Rios da minha vida
Para Paulo Pelicano é essencial conhecer a matéria prima, as propriedades dos materiais utilizados nas construções de suas obras seja a composição, o peço ou a consistência. Dessa forma é possível saber as possibilidades que o material dará ao artista. O escultor também é um apaixonado pela poesia e se orgulha dos seus escritos. Quando menos se espera lá está Paulo Pelicano declamando a poesia “Delírio” escrita em 1974 para uma paixão da época:
“Ouça o silêncio. Agora que nasci aprendi a viver. Agora que aprendi a fazer poesias no embalo dos sonhos é preciso cantar. Cantar a despedida do sol que bronzeou a tua pele e cantar a chegada da noite que te deixa o cheiro de mulher. E cantar ainda para te ver dormir. Quero beijar a tua boca agora para sentir o sabor da natureza. Já que meus olhos te conhecem é preciso te amar. Sabes, eu queria ser uma borboleta de asas bem compridas para voar no azul do mar. Quero adormecer no teu seio e acordar no ego do teu amor. Quero transitar em teu corpo, molhado, suado, saltando no muro do medo na beira que canta em um lindo canal.”
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Última atualização: 09/12/2019
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