Quando não mais restar amor nenhum
E o mundo de ódio for estabelecido,
Os anos de escuridão nos farão relembrar
Do tempo em que os valores humanos
Ainda possuíam certa relevância.
Quando não mais restar amor nenhum
E o cristianismo radical for a lei,
Os castigos aos diferentes farão lamentar
Toda uma massa que hoje jaz moribunda
Por promessas nascidas da ignorância.
Quando não mais restar amor nenhum
E o vil metal for definitivamente adorado
O brilho intenso e cruel, nos fará enxergar
Os milhares de escravos acorrentados
Presos pelo vicio, destinados à subserviência.
Quando não mais restar amor nenhum
E a escolha das formas de se apaixonar for restrita
As perseguições aos hereges farão sangrar
Até mesmo aquele que hoje com os olhos condena
Pois também verá dos seus, a queimar por desobediência.
Quando não mais restar amor nenhum
E o ensino novamente nos tornar zumbis,
O angustiante som da palmatória fará clamar
Por dias em que o dialogo seja de novo uma opção
Prevalecendo o lúdico e o afeto, ao invés da violência.
Quando não mais restar amor nenhum
Que Deus então nos perdoe,
Pelo esquecimento de tudo que um dia ele pregou.
Claucio Ciarlini (2018)