Parnaíba, litoral do Piauí, por Diego Mendes Sousa

No Parnaíba
eu que venho da Parnaíba
eu que morei com os caranguejos
eu que me fiz íntimo dos siris
eu que vaguei em velas
sob o vulto de uma dor exótica
eu que cantei as xananas
eu que revivi na imensidade
dos cajueiros das amendoeiras das mangueiras
eu que morrerei de mim mesmo um dia…

onde o avejão faz labirinto
onde cavalos-marinhos dançam o amor
sem conhecer dos presságios e dos sonhos
onde tartarugas escapam pelas marés
e pelo infinito
e nunca mais retornam
porque se esquecem das ondas
de volta
como também eu não volto
aos lances noturnos da minha alma
marca negra ao longo da praia

minha cidade é uma claridade
minha cidade é uma poeta
minha cidade é um sino
minha cidade é um hino
minha cidade é um girassol

e eu giro no sol das praias
no sal das dunas
que ardem desde
a minha infância

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