Exposição “Doce TRANS-tornado” e Último Encontro de 2ª do ano

Os Encontros de 2ª são bate-papos sobre cultura e arte promovidos pela Geleia Total toda segunda-feira sempre no Museu de Arqueologia e Paleontologia da UFPI e sempre às 19h. Cada segunda com temas completamente diferentes e com convidados com experiências diferentes para abordar os temas. E o último Encontro de 2ª deste ano vem com um gostinho bem especial, pois no dia 9 de dezembro o bate-papo comum das segundas-feiras será precedido pela abertura da exposição “Doce TRANS-tornado” do artista visual e professor Fábio Solon, que ficará disponível até 31 de janeiro, podendo ser visitada entre segunda e sexta, das 8h às 18h. Segundo o artista, o evento busca socializar os resultados da pesquisa intitulada “ITINERÁRIOS TERAPÊUTICOS DA POPULAÇÃO TRANS EM UM MUNICÍPIO DO NORDESTE BRASILEIRO” desenvolvida por Rodrigo Aragão da Silva, aluno do Mestrado Profissional em Saúde da Família / RENASF, e orientada por Fábio Solon Tajra.

O evento será dividido em duas partes: Inicialmente, será apresentada exposição de artes visuais elaborada a partir das versões de sentido experenciadas por Fábio Solon Tajra no seu trabalho de campo. Em seguida, o público será convidado para uma roda de conversa com os pesquisadores junto à Joseane Borges, Gerente de Enfrentamento a LGBTFOBIA da SASC, no auditório do Museu de Arqueologia e Paleontologia da UFPI sobre os principais resultados da pesquisa.

“A arte me movimenta, acalma e, também, tensiona. A arte, sobretudo, me transforma!” Fabio Solon

Sobre o artista

Fabio Solon expôs pela primeira vez em Sobral-CE (2002) na exposição coletiva durante a “Mostra SAFRA”, desde então continuou expondo seus trabalhos com exposição como exposição “12 anjos e muitas canções” (2009), “12 contos e tantos encantos” (2010), ““João e o pé de feijão” (2011), “12 Nações Sobralenses” (2011), “Provérbios Populares” (2011), “12 Tons de Chico” (2012), “Regionalização da saúde materna e infantil no estado do Ceará” (2016), exposição coletiva no VIII Visualidades (2016) e “DOCE REDE QUE VENTIL-A-DOR” (2018).

Sobre a exposição “Doce TRANS-tornado”

“A pintura representa o reencontro comigo mesmo. Representa aquilo que penso, o que sinto e o que sou. Tudo isso está expresso nas minhas pinturas. Cada tela produzida é uma exposição do meu ‘eu’.” Fabio Solon

1) Como surgiu a ideia dessa exposição?

Essa exposição partiu do movimento para a construção de uma possível interface entre a ciência e a arte. Tenho me dedicado à pesquisa qualitativa em saúde e utilizo a arte como expressão. De acordo com o objeto de estudo, são identificados os tipos de abordagem e as técnicas a serem utilizadas. Usualmente, trabalho com entrevistas e grupos para o contato com as narrativas dos participantes dos estudos. Cada encontro, cada contato com as suas histórias, suas experiências, sentimentos e emoções me gera uma afetação. É o que o autor Mauro Amatuzzi chama de versão de sentido. Essa afetação me mobiliza para a elaboração de uma imagem. Meu processo de compreensão sobre as coisas passa por isso, já que a arte faz parte da minha essência.

A temática dessa exposição, em especial, foi despertada pelo meu aluno do Mestrado Profissional em Saúde da Família da RENASF-UFPI, Rodrigo Aragão. Eu já tinha trabalhado com esse tema assim que voltei para Teresina, depois de doze anos estudando e trabalhando no Ceará. Na época, o professor Ivo Pedrosa me convidou para compor o grupo de pesquisa em parceria com a UnB. Foi uma pesquisa multicêntrica sobre acesso e qualidade da atenção da saúde da população LGBTQI+. Foi uma experiência muito importante e me ajudou a orientar o Rodrigo.

Nessa pesquisa, decidimos abordar os itinerários terapêuticos da população trans e é sobre essa temática que trato nessa exposição. Fui para o campo, entrevistei algumas pessoas, participei de discussões, debates e busquei me fundamentar na elaboração de cada peça. São oito quadros e quatro instalações em que pretendo dar visibilidade à população trans, apresentar algumas de suas necessidades e demandas para a saúde e contribuir com a nossa reflexão, enquanto profissional de saúde, sobretudo, na garantia do direito à saúde dessas pessoas.

2) Qual a importância do diálogo entre a arte e a academia?

Acredito que é possível construir uma interface entre Ciência e Arte. A ciência me fundamenta enquanto docente e pesquisador. Ela me oferece diversas possibilidades para a apreensão de um fenômeno. Esse é meu investimento na ciência que passa pela avaliação de políticas, programas e serviços de saúde. A arte é minha tomada de consciência. Ela me oferece um mundo de possibilidades de expressão e socialização dos resultados de uma pesquisa, por exemplo. Alcança um público que não, necessariamente, teria contato com a produção científica. A arte é um dispositivo incrível, porque me permite interagir com o outro e explorar outras possibilidades de compreensão. Amplia o alcance da pesquisa e incorpora mais elementos para a minha produção. É nesse momento que eu articulo o meu lado docente e pesquisador com o meu lado artista.

3) O que te inspira a criar?

O encontro com o outro, com as suas histórias de vida, suas narrativas. No meu processo de investigação, tenho contato com um relato vivo e cheio de emoções e sentimentos. Isso me mobiliza e me afeta.

Antes de ir para campo, busco me aprofundar em uma temática e ter contato com diversos tipos de produção, científica ou não. Contudo, durante a minha imersão em campo, aquilo tudo se materializa e ganha um novo significado. Sai do papel e ganha forma, cor, som e cheiro. Torna-se vida! É como se cada pessoa me ajudasse a escrever a sua própria história e montar o seu álbum de fotografias sobre aquela experiência que estamos tratando. Tudo ganha sentido a partir daquele momento.

4) Quando você se descobriu artista?

Tive a oportunidade de ter um contato com as artes desde a infância. Em casa, minha avó, Ana Susete, e minha mãe, Heloneida Solon, produziam arte a partir de retalhos de tecidos. Minha tia Valda e meu tio Chico Expedito também são do mundo das artes. O tio Chico, além de ator e diretor de teatro, pinta muito bem. Foi meu grande tutor, quando despertei para as artes visuais. Foi para ele que me dirigi, quando pensei em me dedicar mais.

Vale ressaltar que a minha escola também contribuiu nessa formação. Estudei no Colégio das Irmãs e tive aulas de Educação Artística. Lá, pude explorar um pouquinho de cada possibilidade artística, mas só despertei para as artes visuais no período de Residência em Saúde da Família pela Escola de Formação em Saúde da Família Visconde de Sabóia em Sobral. Naquela época, tive contato com a educação popular e percebi uma possível aproximação entre o ‘fazer em saúde’ e a arte. Esse período coincidiu com o maior contato com o meu tio Chico que estava na cidade para produzir uma peça de reinauguração do teatro local. Aproveitava o tempo livre dele e partíamos para as telas. De fato, só comecei a me dedicar em 2001. De lá para cá, já foram mais de dez exposições. Ano passado, fiz a primeira exposição em Teresina. Todas as outras foram no Ceará. Sou de Teresina e a exposição daqui teve um significado especial.

🗣 Último Encontro de 2ª do ano
🎨 Exposição “Doce TRANS-tornado”, de Fábio Solon
👉🏾 Tema: Diálogos sobre acesso à saúde da população trans
😋 Comidinhas phynas e deliciosas da Borim Gastronomia

🙌🏾 Convidades
Fábio Solon – Docente do Dep, de Medicina Comunitária da UFPI e do Mestrado Profissional em Saúde da Família/ RENASF
Rodrigo Aragão – Docente do Curso de Enfermagem da UFPII / Campus Senador Helvídio Nunes de Barros
Joseane Borges – Gerente de Enfrentamento a LGBTFOBIA da SASC

😊 Moderador: Noé Filho – Idealizador e Coordenador da Geleia Total

🎨 Realização: Geleia Total – Piauí – linktr.ee/geleiatotal

🗓 9 de dezembro (segunda)
⏰ Exposição 18h. Encontro de 2ª às 19h (pontualmente)
📬 Museu de Arqueologia e Paleontologia da UFPI- atrás do CT – https://goo.gl/maps/ywReEN5w4Rk.

✅ Entrada Gratuita

👉 Mais informações: 86 99802.6952 (http://bit.ly/WhatsAppGeleiaTotal)

💚 Apoio: Museu de Arqueologia e Paleontologia da UFPI e Borim Gastronomia

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