Wânya Sales: a idealizadora do projeto Escola de Música “Dona Gal”

A violinista Wânya Sales é natural de Teresina, formada em Licenciatura em Música pela Universidade Federal do Piauí e integrante da Orquestra Sinfônica de Teresina. Integrante da Associação Amigos da Dona Gal – AADG, além de ser a idealizadora e coordenadora do Projeto Social Escola de Música “Dona Gal”. Além disso, é professora de violino, musicalização infantil, teoria e canto coral infantil. Wânya também é integrante do grupo de cultura popular “Valor de Pi”, como violinista popular e rabequeira. Já participou do programa de destaque a nível nacional “Um Por Todos e Todos Por Um” (2015), apresentado pelo Luciano Hulk, no qual também fez uma apresentação musical e apresentou o projeto social. Wânya Sales já se apresentou em muitos lugares, tanto no Brasil quando fora do país e tem uma história marcada pela música.

Foto: Emanuel Victor

“A música representa uma oportunidade de mudar. Com a música eu ensino e aprendo ensinando.” Wânya Sales

Nome Completo: Wânya Sales de Oliveira

Descrição: Violinista

Data de Nascimento: 09/08/1981

Local de Nascimento: Teresina

Escrito por: Alisson Carvalho
Revisado por: Paulo Narley

A filha da Tropicália

Wânya Sales é filha de Maria das Graças, que trabalhou na casa do poeta Torquato Neto, foi justamente o poeta quem criou para a sua amiga e para a cantora Gal Costa a alcunha “Gal”. “Minha mãe vivenciou tudo de cultural na casa do Torquato Neto, desde a ideia até o período de efervescência da Tropicália. Ela veio morar na cidade, conheceu a família do poeta e já foi pro Rio de Janeiro trabalhar na casa dele, ela foi a empregada que encontrou e ajudou a tirar o corpo do banheiro”, frisa Wânya. Dona Gal foi uma mãe muito preocupada com a educação cultural, ensinou tudo o que aprendeu para os filhos e aproveitou a criação do Coral Raio de Sol no bairro Alvorada, em 1985, para matricular os filhos. Wânya começou a ter aulas aos quatro anos de idade com a professora Cláudia Tenório que, além de ter ensinado a apreciar a arte, ensinou o impacto de um projeto social na vida das pessoas.

A orquestra de câmara

Depois do projeto Coral Raio de Sol, Cláudia Tenório, percebendo a aptidão de Wânya Sales para a música, aconselhou a Dona Gal a colocar a filha em um projeto que estava sendo fundado que foi a “Orquestra de Câmara da Cidade de Teresina”. Dona Gal seguiu os conselhos da professora e escolheu o instrumento que marcaria para sempre a história da família. Wânya Sales foi matriculada na orquestra e começou a estudar violino com o maestro, professor, compositor e pesquisador Emmanuel Coelho Maciel em 1993. “Ela já sabia o que eu queria, mãe faz é sentir mesmo”, diz. Wânya entrou, aos onze anos de idade, na Orquestra de Câmara, projeto que posteriormente se tornaria a Orquestra Sinfônica de Teresina, onde atualmente trabalha. Foi nesse espaço que a violinista conquistou a sua carreira e começou a garimpar o seu lugar no cenário musical. Dos quatro anos de idade até a atualidade, ela se orgulha de ter conciliado emprego com paixão, ou seja, o hobby virou a sua profissão. “Eu aprendi que projetos sociais ajudam pessoas a traçarem caminhos, caminhos bons, e foi por isso que eu quis transmitir o que aprendi.”

Cantar histórias

Segundo Wânya Sales, a sua vida está diretamente ligada à música, por isso, é impossível contar a sua história sem tocar no assunto. Dessa forma, uma das vivências que ajudou a construir a sua carreira no cenário musical foi a banda “Valor de PI”, que iniciou com o músico Vagner Ribeiro. No início, o músico fazia contação de histórias e começou a também cantar nessas apresentações, foi então que chamou o músico Beto Boreno para colocar em playback com som da rabeca e o percussionista sugeriu colocar uma pessoa tocando uma rabeca ao vivo, foi quando Wânya Sales foi convidada para o grupo. A banda levou para os palcos músicas autorais que enaltecem e retratam os valores e a cultura piauiense utilizando elementos da tradição popular. Graças à experiência, Wânya Sales conta que pôde aprofundar as pesquisas sobre o violino nordestino, a rabeca. Além disso, foi na banda que ela ganhou destaque com o instrumento, o que provocou a sua ida ao Festival da Rabeca de Bom Jesus-PI, onde ficou conhecida pelo apelido de “Wânya da Rabeca”.

“Eu tento fazer um mundo melhor ensinando e, quando alguém aprende, pra mim é o melhor resultado. Isso me inspira muito, me inspira a querer continuar plantando e cultivando.” Wânya Sales

O impacto do projeto social

Wânya Sales perdeu a mãe na adolescência, depois disso passou a focar todas as suas forças e atenção no estudo da música, ela encontrou alento na nova família, a Orquestra de Câmara de Teresina, e no violino, por isso ela chegava a passar o dia inteiro na Casa da Cultura. Passados cinco anos a violinista retornou à casa, que estava abandonada, e rememorou lembranças que estavam escondidas. Wânya percebeu que assim como os projetos que mudaram a sua vida ela poderia fazer a diferença na vida das pessoas e decidiu usar a casa para transmitir às crianças do bairro o que tinha aprendido. “Eu sempre tive a ideia de dar continuidade àquele carinho que eu recebi da professora Cláudia Tenório, por isso eu comecei a juntar as crianças da comunidade para montar um coral de natal”, diz. Wânya conseguiu juntar sessenta crianças durante três anos (2012 à 2014) e ver o envolvimento das famílias com o grupo fez com que ela erguesse uma árvore de natal de aproximadamente cinco metros com materiais reciclados. “No dia 02 de fevereiro de 2015 apareceu uma caixa contendo nove violinos que eu chamo de doação anônima, mas a pessoa que mandou esses instrumentos me deu ferramentas para eu continuar aquilo que eu estava fazendo.” À medida que o projeto foi crescendo, Wânya foi sentindo a necessidade de transformar as aulas no do Projeto Social Escola de Música “Dona Gal” que começou com trinta alunos e passou a atender mais de duzentas crianças. Foi nesse período que inscreveram Wânya Sales no programa “Um Por Todos e Todos Por Um” (2015), apresentado pelo Luciano Hulk.

Quando o violino fala

Um dos momentos mais emocionantes para Wânya Sales foi a apresentação da Orquestra Sinfônica de Teresina, na Casa da Cultura, quando sua mãe, já debilitada por causa da saúde, assistiu emocionada à execução da música Trenzinho Caipira. “Esse foi o momento em que eu comecei a entender que a música pode ser transmitida por você, ou seja, além de você se emocionar, você pode rebater aquele sentimento transmitindo para outras pessoas aquela sensação”, pontua. Segundo a violinista, a sua inspiração vem do desejo de melhorar o mundo ao seu redor e, como artista, ela tenta usar a sua arte para transformar o universo da comunidade, seja tocando ou ensinando os seus alunos. “Eu tento fazer um mundo melhor ensinando e, quando alguém aprende, pra mim, é o melhor resultado. Isso me inspira muito, me inspira a querer continuar plantando e cultivando”. Nesse sentido, a música, para Wânya, é mais que uma manifestação pessoal, acaba sendo uma forma de dialogar, já que educar significa também aprender e sempre se reinventar para superar as adversidades. E as suas referências na música são os artistas Torquato, Cláudia Tenório, Emmanuel Coelho Maciel, Frederico Marroquim, Aurélio Melo e Vagner Ribeiro, que são pessoas que ajudaram na formação não só profissional, mas também na pessoal.

Sementes do bem

“Plantemos hoje sementes do bem, para que a gente consiga viver em um mundo de paz através da educação”. A violinista e professora Wânya Sales, que cresceu nutrida por arte e pelos projetos sociais dos quais fez parte, frisa a importância de ampliar as possibilidades de atividades artísticas em uma comunidade que não era assistida por projetos semelhantes. O resultado do espaço ocupado pela escola de música na região foi tão eficiente que em menos de um ano o projeto se tornou gigante. Atualmente, a Social Escola de Música “Dona Gal” atende aproximadamente setecentas crianças do bairro Alvorada e adjacências. Por isso, é tão importante fortalecer essa iniciativa particular. A educadora, que fez da música paixão e profissão, hoje se divide entre a gestão do projeto, sala de aula e os palcos. Wânya Sales tornou-se referência não só para os alunos, mas para uma comunidade e para gerações de músicos que atuam na profissão. Sua paixão pela cultura piauiense está impressa no seu fazer artístico, no seu discurso, nas suas ações e tudo isso é transmitido para todos que atravessam o seu caminho. “Quem gosta do que faz não precisa trabalhar”, Wânya, parafraseando Dona Gal.

Para quem quiser ajudar o projeto Escola Dona Gal, Wânya convida os interessados para fazerem uma visita ao local (R. Pedro Brito, 1960 – Alvorada, Teresina-PI), conhecendo de perto como funciona, o público atendido e toda a estrutura da escola. Ela frisa que toda ajuda, seja de materiais, financeira ou mesmo o carinho pelo projeto, é bem-vinda.Para quem quiser ajudar o projeto Escola Dona Gal a Wânya convida os interessados para fazerem uma visita ao local (R. Pedro Brito, 1960 – Alvorada, Teresina-PI), conhecendo de perto como funciona, o público atendido e toda a estrutura da escola. Ela frisa que ajuda, tanto de materiais quanto financeira ou mesmo o carinho pelo projeto é bem-vinda.

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Outras fontes

http://gshow.globo.com/Rede-Clube/noticia/2016/01/luciano-huck-entrega-escola-de-musica-dona-gal-em-teresina.html

https://cidadeverde.com/noticias/188214/apos-doacao-misteriosa-professora-cria-escola-de-musica-e-da-aulas-na-periferia-da-capital

https://www.geleiatotal.com.br/2019/04/07/que-garapa-nossa-escola-de-musica-dona-gal-2/

Última atualização: 09/09/2019

 

Caso queria sugerir alguma edição ou correção, envie e-mail para geleiatotal@gmail.com.

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