Pedro Ben, um músico apaixonado pela experimentação

O músico e produtor musical Pedro Ben é natural de Teresina. Formado em Psicologia pela Universidade Estadual do Piauí (UESPI), atua na área da música desde os 18 anos de idade. Tocou na banda Alcaçuz por cinco anos, experiência que gerou o disco Alcaçuz (2014), e mais de cem shows. Em 2017 cria o selo e estúdio caseiro QUARTO DIMENSÕES, responsável pela gravação, produção e lançamento de trabalhos tanto seus como de outros músicos. Pedro Ben lançou os discos: “Música fora de moda” (2016), “Um Breve resumo do futuro (EP/2017) e “1990” (2019) como Duben; Onun (EP/2017), em parceria com o músico Joniel Veras dos grupos Guardia e Violante; “Âmago” (EP/2018) em parceria com seu irmão, o músico Davi Abel; gravou guitarras e co-produziu o EP “Me ache em outro planeta” (2018) do músico Iegor Rainer; participou gravando sintetizadores nos singles: “Olhos de Fogo”(2016) do Eletrique Zamba, na versão de sua música “Trejeitos”(2016) gravado pela Bia e os Becks e “Boca Sequência” (2016) do músico Severo, o qual acompanhou ao vivo desde 2016 e fez direção musical, co-produzindo o disco “Suor, Violento, Precário” (2018). Além disso já tocou nas cidades de Parnaíba/Luís Correia (PI), Fortaleza, Sobral e Tauá (CE), São Luís (MA) & Brasília (DF).

Foto: José Ailson Nascimento

“Eu gosto mais de criar do que reproduzir.” Pedro Ben

Nome Completo: Pedro Ben Santos Bezerra

Descrição: Músico Multi-instrumentista & Produtor Musical

Data de Nascimento: 19/08/1990

Local de Nascimento: Teresina – PI

Escrito por: Alisson Carvalho
Revisado por: Paulo Narley

Foto: José Ailson Nascimento

Os discos de vinil da família

Pedro Ben cresceu em um ambiente nutrido com artes, pois uma parte da sua família é ligada à literatura e a outra à música. Sua mãe sempre facilitou o acesso aos livros por ser professora, assim sempre teve a leitura como uma grande referência dentro de casa. Além disso, o lado da família paterna composto por músicos apresentou a arte como uma prática diária e, dessa forma, Pedro sempre teve contato com instrumentos musicais no seu cotidiano, além de ter estudado violão clássico na infância por um curto período. “Até hoje guardo e compro discos de vinil. Não sou uma pessoa de escutar muito streaming, sou de escutar música mais orgânica. Meu pai diz que furei muito vinil quando era criança”, relembra. Segundo o artista, sua ligação mais forte com a criação aconteceu por meio do desenho, sua primeira forma de se expressar, herança também paterna, já que seu pai, além de músico, é um artista visual e sempre desenhou. Essas primeiras vivências são de suma importância para entender o trabalho de Pedro Ben, que é muito visual e imagético. Além disso, o artista conta que nunca foi fã de reproduções; mesmo na música, o seu maior prazer é com a criação e a improvisação.

Alguns acordes iniciais

Foi no ambiente escolar que Pedro Ben começou a ter mais contato com o Rock e com colegas que também tocavam, em casa tinha mais contato com MPB e música instrumental. Nesse período, começou a tocar guitarra inspirado por Jimi Hendrix e Led Zeppelin. A partir dessa experiência, nasceram algumas bandas de colégio, por brincadeira, que chegaram a participar de festivais escolares e conquistar alguns prêmios, como “Melhor música pelo júri popular”, mas foi na universidade que a música começou a ganhar um ar mais sério. Quando Pedro Ben ingressa no curso de Jornalismo (UFPI), ele se junta com alguns colegas para montar a banda Filosofia de Farmácia, que chegou a fazer apresentações no ambiente universitário. Esse foi o período em que o artista começou a compor suas primeiras músicas com estética própria e a assumir de vez o seu caráter experimental. Nesse tempo, o músico tinha intenções de ser baterista – primeiro instrumento que se interessou na infância – e por não se enxergar apenas como guitarrista, mas como um artista que usa os instrumentos para se expressar; porém em um ensaio qualquer, Pedro assume a guitarra e, graças à química musical com o companheiro de banda, o baixista Rafael Ribeiro, os dois montam a banda Alcaçuz.

O laboratório artístico Duben

Duben é o nome do projeto que nasceu da ânsia em querer criar de forma mais livre, toda essa liberdade e espontaneidade é fruto da necessidade do artista de construir um projeto mais parecido com um grande laboratório musical para testar o potencial de criação sem se prender a nenhuma amarra. O nome do projeto surgiu quando Pedro Ben estava vasculhando na memória algum nome que pudesse intitular essa nova empreitada, então se recordou do período escolar, quando o porteiro da escola na qual foi educado criou a alcunha “Duben”. No mesmo dia o artista encontrou com o porteiro em um dos eventos promovidos pelo coletivo Salve Rainha e depois de refletir sobre a coincidência expôs a ideia para alguns colegas que adoraram o nome. Duben nasceu como um alter ego do artista, Pedro explica as músicas são compostas e gravadas em um processo íntimo e solitário por ele, mas nos shows tomam outra forma com os músicos que compõem a banda e que têm a liberdade artística de criar durante as apresentações. Pedro preza pela liberdade criativa e organicidade do processo musical, seja ele intimamente ou através do encontro com o outro.

“A música representa autoconhecimento além de ter seu lado terapêutico, pois se consegue colocar para fora angústias e questionamentos.” Pedro Ben

Foto: Fernanda Paz

Borrão de tinta

O processo criativo de Pedro Ben é muito espontâneo, mas nem por isso deixa de ser bastante polido. O artista gosta de refletir sobre os conhecimentos aprendidos e somente dessa forma absorve as informações e internaliza tudo, para depois fazer uma desconstrução de maneira antropofágica. Para ele, é na intimidade que a informação é apreendida pela pessoa. Sua espontaneidade se encarrega de dar a pulsão necessária para criar e isso acontece geralmente quando entra em contato com o instrumento musical. Quando sua obra nasce, ele deixa na incubadora artística durante algum tempo até maturar a criação. Dessa forma, poderá refletir sobre o significado daquilo que produziu. Suas referências das artes visuais são as principais fontes de inspiração na hora de criar, além de abordar sua relação com a cidade e o tempo. Esses temas estão presentes no seu disco 1990, que representa uma tentativa do artistas de refletir sobre o seu passado, problematizar o seu presente e conjecturar sobre o seu futuro. Pedro Ben intitula o disco com o ano do seu nascimento e brinca dizendo que a última música é uma relação do ano da sua morte junto com sua referência do filme “Blade Runner 2049”. “Eu nasci em 1990 e certa vez quis saber, em um desses sites de previsão, o ano da minha morte, aí deu o ano 2045. Eu achei muito cedo e por causa do filme Blade Runner me adicionei quatro anos”, brinca.

As âncoras do artista

Pedro Ben foi acumulando boas experiências ao longo da sua trajetória musical, especialmente acompanhando o pai Assis Bezerra em algumas apresentações, como a abertura dos shows de Gilberto Gil e Chico César. Além de ter tocado em festivais e eventos locais, estando sempre ativo, circulando e realizando shows  pela cidade . Pedro também já participou de curadorias e apresentações pelo SESC. Entre as suas principais referências, na guitarra, destacam-se Jimi Hendrix e John Frusciante, já na música nacional frisa a importância de Caetano Veloso para a cultura, além de autores como Bukowski e Nietzsche, na literatura e filosofia, nos quadrinhos  “Maus” de Vladek Spiegelman e “Batman: a piada mortal” de Alan Moore e Brian Bolland. Referências que envolvem os temas que mais despertam interesse do artista atualmente que são: a loucura, o tempo, relações sociais e a cidade. Todas essas questões vez por outra ressurgem no trabalho de Duben, mas também, segundo o artista, são questões que fazem parte do contexto urbano ao qual estamos inseridos e ele usa como referência o psicólogo Jung que traz o conceito de sincronicidade para falar que em determinada época e contexto social o grupo de indivíduos estão interligados por preocupações semelhantes. Dessa forma, muitos dessas questões que fizeram surgir alguns dos seus trabalhos encontraram alento em outras mentes e corações.

Foto: José Ailson Nascimento

A sinceridade artística

Pedro Ben é um artista que capta o público, seja pela autenticidade das suas criações ou pela entrega à sua arte. Suas músicas são histórias contadas em melodias que variam conforme a cadência da situação vivenciada pelas suas personagens, tingidas no ato da criação. Som e letra, instrumental e canto, tudo se torna um único objetivo: criar, camada sobre camada, sensações, sentimentos. É no universo da sinceridade artística de Pedro Ben que surgem ilhas de expressão para o público. O artista demonstra com suas criações que é necessário se desprender das regras e apostar na autenticidade, tentar dar sentido aos sentimentos por meio da arte e que é necessário acreditar na própria identidade artística, sendo honesto consigo mesmo, pois a arte precisa cada vez mais dessa sinceridade.

Contatos

Tel: (86) 98805-3805

E-mail: spedroben@gmail.com

Instagram.com/peedroben

Youtube.com/Duben

Quartodimensoes.bandcamp.com

Fotos

Vídeo

https://www.youtube.com/watch?v=voYEcoVBNhg

 

Discos

“Alcaçuz” (2014) com a banda Alcaçuz;

“Música fora de moda” (2016); como Duben

“Onun” (2017) parceria com o músico Joniel Veras;

“Um Breve resumo do futuro” (EP/2017); Como Duben;

“Âmago” (EP/2018 ) parceria com o irmão Davi Abel;

Iegor Rainer – Me Ache Em Outro Planeta (EP/2018), Como instrumentista/Co-produtor;

Severo – Suor, Violento Precário (2018), Como instrumentista/Co-produtor;

“1990” (2019), Como Duben;

Outras fontes

https://portalvarada.com/borrao-de-tinta-conheca-a-sessao-experimental-do-projeto-musical-duben-2/

http://100porcentopiaui.com.br/cotidiano/teresina-e-pop-seleciona-15-bandas-para-sua-16a-edicao/

Última atualização: 12/08/2019

Caso queria sugerir alguma edição ou correção, envie e-mail para geleiatotal@gmail.com.

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