Calma, a Engecopi e as Tintas Sunivil não me pagaram nada para escrever esse texto, nem conheço os donos ou alguém que trabalhe por lá. E confesso que raramente entro em lojas de construção. Mas agradeço profundamente a iniciativa de ter apoiado e produzido o álbum “Feliz em Teresina”, há mais de 10 anos.
(Após muita chantagem emocional e insistência) Ganhei de presente, no ano passado, de um amigo este álbum que conta com um time incrível de canções, compositores e intérpretes para celebrar a nossa Teresina. Olha isso! O CD conta com produção artística da Solange Leal, produção e direção musical do Osnir Veríssimo, arranjos musicais de Adelson Viana, Di Mota, Tim Fonteneles, Myel Araújo, Paulo Aquino, Aurélio Melo, Luizão Paiva e Conjunto Roque Moreira e tem, entre compositores e intérpretes: Luis Santos, Humberto, Vanda Queiroz, Soraya Castello Branco, João Luiz Bezerra, Solange Leal, Assis Batista, Rosinha Amorim, Ensaio Vocal, Chicão, Laurenice França, Osnir Veríssimo, Rubeni Miranda, Conjunto Roque Moreira, Naeno, Glauco Luz, Aurélio Melo, Daniel Hulk, João Angelo, Zé Piau, João Luiz Bezerra, Marcos de Carvalho, Williams Soares.
Olha o privilégio. A Engecopi e as Tintas Suvinil estão eternizadas, graças à produção e ao apoio deste álbum que conta com um time incrível de artistas piauienses. E, com o passar dos anos, a importância desse álbum só crescerá. Temos um registro histórico desses artistas em 2008, em Teresina. Com certeza, o valor investido é infinitamente inferior a esse privilégio de ter sua marca para sempre associada a artistas tão importantes para nossa história.
Talvez, na época, eles não tivessem esta dimensão. E, infelizmente, muitas empresas deixam de apoiar projetos culturais, mesmo tendo a possibilidade, por possuírem uma visão curtoprazista, esperando retornos imediatos. Mal sabem elas que associar sua marca a um projeto artístico é ter a inestimável honra de estar eternizado junto a ela. E as gerações futuras agradecem por possibilitarem que estas artes cheguem até elas. Como eu, hoje, em 2019, agradeço à Engecopi e às Tintas Suvinil por terem produzido o “Feliz em Teresina”, em 2008.
Outra empresa a qual sou grato é ao Armazém Paraíba, por ter apoiado, em 1999, o projeto “Procura-se”, com Roraima e Sérgio Matos. Projeto este que passei a conhecer em função do convite de Roraima e Sérgio Matos para a Geleia Total produzir o show de regravação (aguardem) deste álbum que agora sei da importância que teve e sempre terá para a música piauiense, sendo inclusive o primeiro álbum do Piauí gravado ao vivo, no Theatro 4 de Setembro. Ao me reunir com os dois e revisitar o material da época, deparo-me com o cartaz utilizado na divulgação, que tem lá a marca do Armazém Paraíba como apoiador.
Sabemos a realidade que é empreender no Brasil, por isso nem todas as empresas podem apoiar e patrocinar produções culturais, mas as que têm essa possibilidade possuem uma enorme responsabilidade perante o setor artístico. O apoio do setor privado é fundamental para energizar o cenário cultural local, até para evitar que haja um excesso de dependência dos artistas em relação a verbas oriundas do poder público. E é claro que quantos mais empresas tiverem essa sensibilidade cultural maior será o impacto na quantidade e na qualidade das produções culturais. Poderia passar horas aqui citando artistas que jamais teriam condição de se firmarem como tais se não tivessem recebido apoio financeiro de empresas e pessoas que tinham a percepção de que poderiam usar sua situação financeira privilegiada para construir um mundo melhor.
Ainda estamos longe de ter uma situação financeira sustentável para o crescimento do projeto, mas já recebemos apoios que foram fundamentais para concretizar vários de nossos sonhos. Vou tomar a liberdade para homenagear a todos em nome do Marcélio Lima (Galeria The Doors), Sayô Holanda (Camarão do Elias) e Ney Paranaguá (Infoway) por terem sido dos primeiros que tiveram essa sensibilidade de não apenas aceitar apoiar nossos projetos como até mesmo oferecer ativamente apoio, mesmo sem termos uma amizade ou relação pessoal estreita anteriormente, apenas por acreditarem tanto quanto nós em nossos sonhos. São pessoas que podemos ver nos olhos um sol tão forte quanto o do Piauí, ao verem a arte nascer e ganhar o mundo. Por isso, nos sentimos extremamente honrados em termos tido o apoio de pessoas e empresas tão conectadas com nossa cultura.
A iniciativa privada é o fator-chave para que haja profundas e contínuas inovações em nosso cenário artístico e para que se tornem viáveis carreiras de artistas que hão de fazer história. Por isso, a compreensão de que investimento em cultura tem um enorme ganho (em alguns casos, de modo mais imediato, mas na maioria das vezes no longo prazo) é fundamental para que possamos ter mais empreendedores apoiando ativamente a cultura do nosso povo.
Por Noé Filho.