O diretor de teatro Adriano Abreu é, natural de Teresina e acumula uma vasta experiência na área. O ator que se tornou diretor, ingressou na carreira em 1992 com o grupo de agitação cultural OX17 na UFPI (Universidade Federal do Piauí). Sobre os palcos, Adriano já participou dos trabalhos “Boca de Ouro” de Nelson Rodrigues e direção do ator e diretor Laurent Matallia. Montagem que lhe rendeu a indicação de melhor ator coadjuvante no Festival Teatral de São Mateus – ES (1994), além disso ele atuou no espetáculo História de Muitos Amores de Domingos Oliveira do mesmo diretor. Participou de peças como: “O Auto dos 99%”, “Grande Sertão Veredas”, “Outras Faces da Fábula”, “Tá Pronto Seu Lobo”, “Os Olhos de Garrincha” e “Lázaro feito em pedaços” (peça indicada a melhor direção, espetáculo, ator e prêmio de melhor cenário no Festival Nacional de Monólogos Ana Maria Rêgo edição 2003). Como dramaturgo, escreveu os espetáculos “Mãe, Mulher, Professora e Funcionária Pública” (em parceria com Chiquinho Pereira) e o texto “Você não engana ninguém” ( que conquistou o prêmio no concurso nacional de monólogos Ana Maria Rêgo por júri popular em 1997) e ainda o texto inédito “Anacreonte Escrincha ( e Sua Peleja Contra a Maldade)”. Montou também peças como “O Rouxinol e a Rosa”, “Fogo”, “Exercício Sobre Medéia” e “Pinóquio e Gepeto ao sabor do vento”. Adriano Abreu coordena e dirige o Projeto Ciclo de Leituras Dramáticas do Piauhy Estúdio das Artes. Foi diretor administrativo do Teatro do Boi (Teatro Municipal) e editor de teatro da Revista de Cultura Pulsar. Adriano também enveredou pelas letras conquistando o segundo lugar no concurso Novos Autores promovido pela FUNDAC e pelo Governo do Estado do Piauí com a obra poética intitulada “Preces Subversivas”.
“O teatro brinca com você, os deuses do teatro brincam com os talentosos. A intuição, a espontaneidade no teatro é sempre bem vinda, mas é um deus de pé-de-barro, pois você tem que ter conhecimento do que você está fazendo, saber o que está manipulando.” Adriano Abreu
Nome Completo: Adriano Cézar de Abreu Costa
Descrição: Diretor de teatro
Data de Nascimento: 02/08/1968
Local de Nascimento: Teresina
Escrito por: Alisson Carvalho
Revisado por: Paulo Narley
A melodia do teatro
Filho de uma dona de casa mais um contador, Adriano abreu cresceu abastecido pelas referências dos pais. Segundo o diretor, escutar a voz materna durante o dia mais as referências dos discos de vinil de artistas como Chico Buarque, Roberto Carlos, entre outros, gerou a afinidade com a música. Adriano descreve a sorte que foi ter um vizinho que trabalhava na rádio e pais que apreciavam a música. O primeiro contato do artista com a criação se deu por meio da literatura, foi nas letras que Adriano Abreu descobriu o prazer de dar vida às ideias, inicialmente como um exercício para melhorar a sua grafia e que depois se tornou na sua atividade mais prazerosa. Construir caminhos com os versos e brincar com as palavras virou o seu entretenimento, ele conta que gostava de reorganizar frases e criar versos. Houve um tempo, na adolescência, que o artista conjecturou sobre a possibilidade de seguir a carreira de escritor para continuar construindo sobre a linguagem poética. Os seus versos foram perdendo a rigidez e ganhando liberdade, até que Adriano deixasse que seus versos ficassem mais livres e enveredasse para o terreno da música. “Acho que quando eu estava mexendo com as palavras, mudando-as de lugar, alterando a oração, eu já estava fazendo uma cena. As palavras eram meus atores e minhas atrizes, acho que inconscientemente eu já estava dirigindo naquela época”, brinca.
Contrapartida social
Adriano Abreu foi mordido pelo encanto do teatro de forma inusitada. Um escritor que enveredou pela música, cinema e finalmente achou-se nas artes cênica. Ele certa vez estava transitando pelo colégio Diocesano quando se deparou com uma apresentação dos estudantes, eles encenavam o texto A Morte do Leiteiro de Drummond e aquela apresentação encantou o Pedagogo que inicialmente manteve a paixão suprimida até que Adriano envolve-se com a política partidária e se filia a um partido político, lá ele conhece a obra de Jorge Amado “Seara Vermelha”. Posteriormente, após se desvincular do partido, Adriano começa a trabalhar com um projeto social voltado para meninos e meninas que moravam na rua, essa experiência fez o diretor se aproximar de Rogério, defensor público, e que apresentou ao diretor o parque Floresta Fóssil, o escritor Paulo Machado e Laurent Matallia que se tornaram grandes referências para Adriano. Laurent Matallia, que veio ao Piauí para construir a nova equipe da TV Educativa, se aproximou do mesmo projeto social no qual Adriano Abreu trabalhava e certa vez convidou o artista para ajudar na parte teatral. Essa vivência foi importante para que Adriano observasse a performance dele organizando a cena que traduzia o conjunto de conhecimentos adquiridos na cena teatral paulista.
Conhecendo as artes cênicas
Adriano Abreu ainda apresentou duas peças teatrais com Laurent Matallia e com a peça “Boca de Ouro” o grupo chega a circular não só pela cidade, mas se apresentar em Espírito Santos, segundo Adriano, nesse período a Lucélia Santos cedeu os direitos da peça sem cobrar nada do grupo. E foi com essas vivencias que Adriano Abreu começou a escutar as referências dos autores teatrais como Stanislavski, Grotowski, entre outros. A partir disso ele começou a pesquisar por conta própria e ler sobre teatro, sua sede e curiosidade para compreender mais sobre aquela seara fez com que ele encomendasse livros sobre as artes cênicas por não encontra-los nas livrarias. Com a partida de Laurent, Adriano Abreu e Chiquinho Pereira resolvem insistir e criam o grupo Circo Negro, posteriormente, com a entrada da atriz Cláudia e Carlos Aguiar o grupo vai se reestruturando e começam a preparar uma nova montagem com textos escritos pelo próprio Adriano que nunca haia perdido o hábito da escrita. Com o Circo Negro Adriano produz inúmeras peças antes de se desligar do grupo, período que começa a trabalhar no Centro de Internação de Menores, período que conhece Júnior do Movimento MP3.
Incursão na literatura
No período que ficou afastado do teatro, Adriano Abreu investiu na literatura e voltou a escrever, nesse momento , em 2006, ele participou do concurso Novos Autores promovido pela FUNDAC e pelo Governo do Estado do Piauí conquistando o 2º lugar no concurso com o livro “Preces Subversivas”. O que parecia um hiato, na verdade foi se transformando em um momento para investir no próprio conhecimento sobre as artes, foi quando o artista passou a assistir aos espetáculos forasteiros, além de ver obras das artes visuais e ler as obras de poetas. Para ele, o artista é resultado de tudo que faz, é a soma das obras que lê, assiste e participa. “Eu aprendi e aprendo muito assistindo aos espetáculos de teatro”, pontua Adriano Abreu. Em 2009, Adriano retorna ao teatro provocado pela atriz Sandra e convida o ator Carlos Aguiar para juntos montarem a obra “O rouxinol e a Rosa” que aborda o tema do amor. Esse retorno ao teatro foi desafiador e nesse novo momento o diretor encontrou nos estudos ancoras para sustentar o seu trabalho, conheceu, então a obra “Ilhas Flutuantes” de Eugênio Barba que lhe deu referências diversas. A partir disso Adriano passou a investir e experimentar o seu próprio caminho no teatro e quando ele funda o Puty.Teatro Labore.
Um teatro com rigor
Formado em Pedagogia, Adriano Abreu é um defensor e estudioso dos métodos do Paulo Freire, além de ter referências variadas e ter experimentado um pouco de tudo ele afirma que para o teatro o artista tem que se voltar inteiramente ao ofício. “Meu posicionamento é sempre ser o primeiro crítico do meu trabalho. Eu não posso gozar do que eu fiz e mesmo se eu achar que aquela cena está legal eu tenho que encontrar os defeitos dela”, crava Adriano. Um exímio leitor que encontrou na escrita um modo de se expressar, Adriano Abreu tentou suprir a ausência de informações e cursos especializados na área com as suas leituras e pesquisas. E justamente por admirar escritores que mantinham um método rígido nos seus processos criativos é que o diretor conserva o mesmo cuidado com a sua criação. Para o diretor, a sala de ensaio é o templo do atuante e é lá que acontece o esmero e a magia do teatro, esse resultado é sentido no palco. “O teatro brinca com você, os deuses do teatro brincam com os talentosos. A intuição, a espontaneidade no teatro é sempre bem vinda, mas é um deus de pé-de-barro, pois você tem que ter conhecimento do que você está fazendo, saber o que está manipulando.”
As ancoras do teatro
Adriano Abreu atualmente compõe o grupo Coletivo Piauhy Estúdio das Artes no qual investe esforços desenvolvendo um método de formação autoral para compor os seus espetáculos. E por acreditar nos atuantes como sendo a coluna vertebral do trabalho cênico é que Adriano Abreu faz da sua arte um sacerdócio e tenta transmitir a seriedade desse trabalho tanto para o Coletivo como para o público. Dessa forma, os espetáculos desenvolvidos pelo grupo sempre propõem um olhar diferenciado sobre o tema abordado, buscando uma estética própria e que buscam dilatar o máximo possível a capacidade dos atuantes na cena. Com o grupo, Adriano propõe projetos permanentes como o Ciclo de Leituras Dramáticas, Suplemento Cultural Cigarra, Colóquios de Artes Cênicas, De Última Pocket Show, A Hora do Ângelus, além de promover cursos, laboratórios e oficinas. O grupo participou recentemente da primeira etapa do Projeto Sesc Amazônia das Artes circulando com o espetáculo “Pinóquio e Gepeto ao Sabor do Vento” (2019) por dez estados no Norte e Nordeste do país. Adriano Abreu é uma presença forte no teatro, tem se tornado cada vez mais uma referência para os novos profissionais e é ciente do seu papel para as artes, não é atoa que suas montagens encantam, marcam e provocam o público. E uma coisa é certa, o teatro de Adriano Abreu modifica não só os atuantes, mas os espectadores, a cidade e o Brasil.
Contatos
Fotos
Vídeo
https://vimeo.com/262397334
Livro
Preces Subversivas (2006).
Espetáculos
Como ator
“O Auto dos 99%”;
“Grande Sertão Veredas”;
“Outras Faces da Fábula”;
“Tá Pronto Seu Lobo”;
“Os Olhos de Garrincha”;
“Lázaro feito em pedaços”.
Como dramaturgo
“Mãe, Mulher, Professora e Funcionária Pública”;
“Você não engana ninguém”
“Anacreonte Escrincha ( e Sua Peleja Contra a Maldade)”
Como diretor
“O Rouxinol e a Rosa”;
“Fogo”;
“Exercício Sobre Medéia”;
“Pinóquio e Gepeto ao sabor do vento”.
Outras fontes
http://adrianolobao.blogspot.com/2014/01/entrevista-com-adriano-abreu-o-teatro.html
Última atualização: 24/06/2019
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