Aves, de Jonas da Silva

No meu pomar, cercado de alto muro,
Entre os galhos e as frondes do arvoredo,
Gosto de ver pousar o passaredo:
0 verde, o azul, o branco, o de ouro e o escuro.

Sei que o fruto lá em cima está maduro
Pelo chilreio que ouço, manhã, cedo…
— Ó galo-da-campina leve e ledo,
Gostas de passar bem, como Epicuro!

Eu sei que tens feitiço e tens prestígio
Mas… entre vós, só a rapina é vezo.
Há quanto tempo usas barrete frígio?

–        Ó trovador divino, ó chico-preto,

Tanto hás de me roubar que um dia, preso,
*/Vivo, a cantar te ponho num soneto!…

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