Soneto, de Joaquim Ribeiro Gonçalves

Bela manhã. Nós íamos sozinhos
Como um casal de rolas venturosas,
Ao verem-nos passar, riam-se as rosas
E voavam cantando os passarinhos.

 

Eu adiante — afastava-te os espinhos,
Tu — colhias as flores mais formosas,
Nossas almas unidas, amorosas,
Ouvindo a eterna música dos ninhos,

 

Um dueto de amor íamos cantando,
Tão expressivo, harmônico e tão doce
Como o prazer que estávamos gozando;

 

Depois, sombra que o sol da mocidade
Dissipa e varre — o sonho dissipou-se,
Acordo e te não vejo! Oh! Que saudade!

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