Transformando a pele em tela, a arte de Ayala Thaís

“A tatuagem representa a possibilidade de você enxergar na sua dor uma capacidade de evolução”, comenta Ayala Thaís. A artista multifacetada divide-se principalmente entre as artes visuais e a tatuagem. Ayala é teresinense, cursa Artes Visuais na Universidade Federal do Piauí, onde teve a oportunidade de abrir caminhos e desenvolver trabalhos como o Ensaio Conceitual “Preto no Branco”, que já foi exposto na Galeria Louvre Tattoo, estúdio onde ela trabalha e se inspira diariamente, pois segundo a artista, é um local que reúne suas duas paixões: tattoo e arte. Suas obras já foram expostas na Casa da Cultura, além da Galeria da UFPI e da Galeria Liz Medeiros. A artista representará o Piauí na Bienal da UNE, em Salvador, considerado o maior evento de estudantes da América Latina. Ayala Thaís é criatividade que não se esgota, está constantemente criando e também envereda pelas letras: um dos seus projetos para 2019 é a publicação de uma obra de sua autoria.

“A tatuagem representa a possibilidade de você enxergar na sua dor uma capacidade de evolução.” AyalaThaís

Nome Completo: AyalaThaís Ribeiro Lopes

Descrição: Artista visual e tatuadora

Data de Nascimento: 17/07/1998

Local de Nascimento: Teresina

Escrito por: Alisson Carvalho
Revisado por: Paulo Narley

A caligrafia da arte

Filha de professora e de um militar, Ayala Thaís  sempre foi autossuficiente, nunca esperou por nada. A artista autodidata começou a desenhar na infância usando os materiais escolares usados pela mãe como ferramenta de trabalho e que se tornou o seu material de criação. Além disso, desde que se entende por gente, ela conta que mantém a organização e disciplina como instrumento para organizar suas aspirações e estruturar melhor os seus sonhos. Para a artista, não bastava praticar o desenho, era preciso planejar um percurso e traçar os objetivos que aquela atividade teria na sua vida. Por isso, Ayala, que estudou em um colégio católico e que tinha atividades artísticas na grade curricular, criou algumas metas e uma delas seria aproximar-se da sua professora de artes para aprender o máximo possível com a discente. Dessa forma, Ayala começou a treinar com materiais profissionais, experimentando um pouco de cada estilo para encontrar seu próprio caminho artístico. “Eu decidi que seria artista com doze anos e eu comecei a estudar portfólio.”

Tinta sobre a epiderme

Quase que por acidente do destino, ou quem sabe por obra do acaso, Ayala Thaís esbarrou no mundo ainda desconhecido da tatuagem por volta dos quatorze anos de idade, quando passeava pelo complexo da Ponte Estaiada. O que seria apenas uma atividade de lazer acabou definindo a trajetória da artista, pois foi lá que ela avistou uma tatuadora, e a imagem de uma mulher tatuando ficou gravada na sua memória, destruindo alguns preconceitos. A partir daquele dia, a artista começou a estudar assuntos relacionados à tatuagem e, posteriormente, testar estilos que se encaixavam na vertente artística. Ela decidiu cursar de Artes Visuais e, então, ingressou na universidade. Foi no ambiente acadêmico que conheceu Caio Marwell, colega de curso que se tornou o seu cônjuge e maior incentivador. Caio é o proprietário do Louvre Tattoo, estúdio de tatuagem e galeria de arte que desenvolve um trabalho de promoção e divulgação das várias manifestações artísticas. Buscando sempre a ideia da diferença, o ambiente se dedica a propor um espaço voltado para a inovação artística, inclusive, reafirmando a tatuagem como objeto artístico. Foi no Louvre Tattoo que Ayala teve a sua primeira oportunidade de tatuar, e o local de aprendizado se tornou a sua segunda casa. Com o tempo, a artista começou a atuar na área de comunicação, redação das mídias digitais que abordam temas como as criações e experiências artísticas que lá acontecem, coorganização de eventos abertos ao público (como performances, curadoria e vernissages gratuitos para valorização de artistas teresinenses que expõem no espaço) e como artista tatuadora.

Rabiscando arco-íris

Desenhar é contar um mundo com traços cromáticos, pincelar sobre a tela toda um pouco de si. Dessa forma, a criação de Ayala não se restringiu apenas aos desenhos, mas manifestou-se também na escrita da artista, que desenvolveu essa maneira de expressão de forma velada, contudo, sempre muito dedicada. No esforço de criar, Ayala Thaís uniu as suas duas paixões: ela escreveu e ilustrou um protótipo do seu primeiro livro, intitulado “Meu Arco-íris”, com temas filosóficos que atravessam a infância e demonstram as questões contidas no universo infantil. A proposta singela questiona o leitor sobre os medos e sobre a natureza do que seria o arco-íris de cada pessoa.
“Contada por uma nuvem, a história de um botão de flor que é apaixonado pela chuva, mas não se molha, pois teme as consequências advindas do crescimento. A obra fala sobre descobertas, sobre a simplicidade e a beleza da vida. O livro será lançado em parceria com a editora independente Kizumba (uma escolha feita propositalmente pela valorização de artistas autorais da região), em 2019″, afirma a artista.

“Eu me vejo na tatuagem como uma mediadora do processo de evolução do corpo.” AyalaThaís

As multifaces da artista

Como uma de suas mil faces, Ayala Thaís descobriu a arte multimídia ainda na
adolescência fotografando paisagens, mas foi apenas na universidade que
enxergou nas fotos a possibilidade de expressão conceitual. Aos 18 anos enquanto cursava
Artes Visuais, ela fotografou profissionalmente pela primeira vez o que se tornaria o prólogo do seu trabalho consagrado e intitulado “Preto no Branco” que foi escrito e dirigido por ela, depois fotografado pelo artista João Guimarães. O ensaio, segundo Thaís, foi composto por 40 fotos, fuja proposta foi justamente abordar uma narrativa real e pessoal
à cerca dos mecanismos sociais tóxicos e dores emocionais, desde relações e
padrões de existência até sobre as diversas formas de opressão que suprimem as particularidades de cada indivíduo. O estudo evoluiu para uma
instalação interativa que questiona o público sobre qual seria a fonte de seus
traumas e desejos. E como resultado, o trabalho já foi recebido em espaços como a Galeria Louvre Tattoo, Galeria Liz Medeiros da UFPI, Casa da Cultura de Teresina e, recentemente, foi aceito para
ser exposto na Bienal da UNE de 2019 em Salvador, o maior encontro de
estudantes da América Latina.

Os tons da empatia

As tatuagens de Ayala Thaís demonstram a sensibilidade e percepção da artista, que fez do dialogo a sua principal ferramenta de trabalho. A empatia é a maior inspiração do trabalho, cujas criações geralmente são mergulhos dentro do universo de cada pessoa tatuada, assim, cada arte é única. “As múltiplas personalidades das pessoas são a real inspiração daquele tatuador que escolhe ser mais do que só tatuador e escolhe ser um artista”, crava Ayala Thaís.
Para a artista, uma das maiores realizações em ser tatuadora é realizar o seu desejo de trabalhar modificando e aprendendo com o contato humano. Ayala comenta que ser mediadora dos processos artísticos de transformação do corpo e da alma das pessoas é um dos grandes prazeres da profissão. Ela tem como projeto ressignificar as marcas deixadas pelas angústias. Por isso, pretende, no futuro, cobrir cicatrizes de automutilação, um projeto sensível e abrangente que usará o poder da tatuagem para melhorar a autoestima dessas pessoas. Ayala Thaís é inspiração e demonstra como a paixão pela profissão pode transformar vidas.

Contatos

Instagram.com/@ay.alas

Cel: (86) 9 95085858

E-mail: ayalathaisvida@gmail.com

Fotos

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Vídeo

Exposições

Preto no Branco

Outras fontes

http://100porcentopiaui.com.br/cotidiano/louvre-tattoo-recebe-obras-de-arte-de-graca-marwell-nesta-quinta-27/

Última atualização: 29/01/2019

 

Caso queria sugerir alguma edição ou correção, envie e-mail para geleiatotal@gmail.com.

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