I
Escorre sobre a pele
Pedaços do céu líquido
Um mundo sobrevoa os ouvidos
As palavras não costumam caber
As mãos chegam atrasadas
Contatos físicos
Sempre atravessaram a alma
Nada leve
Tudo navalha
II
Tenho que as raízes são de outras vidas
Tão profundas como o destino
E que tenho mais de minha mãe do que imagino
Há mais em minha pele de mulher
Do que seus olhos podem sonhar
Há todas as estações na boca
Uma multidão de força
Meus olhos oceânicos fundos
Na barriga frutos
E tudo embutido
Em um corpo mínguo que sabe dançar
III
Tenho que há nas curvas do mundo
um pouco de corpo
E que o chão é uma mulher
Nossos pés se arrastam pela sua pele
E todo passo é um risco
de tudo se levantar
Deitada no tempo
O céu circula em suas veias de terra
E brota
Em suas mãos colossais