A aranha, de Da Costa e Silva

Num angulo do tecto, agil e astuta, a aranha

Sobre invisivel tear tecendo a tenue teia,

Arma o artistico ardil em que as moscas apanha

E, insidiosa e subtil, os insectos enleia.

 

Faz do fluido que flue das entranhas a extranha

E fina trama ideal de seda que a rodeia

E, alargando o aronhol, os élos emmaranha

Do alvo disco nupcial, que a luz do sol prateia.

 

Em flóculos de espuma urde, borda e desenha

O arabesco fatal, onde os palpos apoia

E, tenaz, a caçar os insectos se empenha.

 

Vive, mata e produz, nessa faina enfadonha;

E, o fascinante olhar a arder como uma joia,

Morre na própria teia, onde trabalha e sonha.

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