Num angulo do tecto, agil e astuta, a aranha
Sobre invisivel tear tecendo a tenue teia,
Arma o artistico ardil em que as moscas apanha
E, insidiosa e subtil, os insectos enleia.
Faz do fluido que flue das entranhas a extranha
E fina trama ideal de seda que a rodeia
E, alargando o aronhol, os élos emmaranha
Do alvo disco nupcial, que a luz do sol prateia.
Em flóculos de espuma urde, borda e desenha
O arabesco fatal, onde os palpos apoia
E, tenaz, a caçar os insectos se empenha.
Vive, mata e produz, nessa faina enfadonha;
E, o fascinante olhar a arder como uma joia,
Morre na própria teia, onde trabalha e sonha.