Cego, tacteio em vão, num caminho indeciso…
Que é feito desse amor que tanto me entristece,
Que nasceu de um olhar, germinou num sorriso,
Que viveu num segredo e morreu numa prece?!
É um mysterio talvez; desvendal-o preciso.
A alma sincera e justa—odeia, não esquece…
Si essa a quem tanto quiz hoje me não conhece,
Morra a ventura vã que debalde idéaliso.
Ai! desse amor nasceu a dor que me subjuga:
A dor me fez verter a lagrima primeira,
E a lagrima, a brilhar, cava a primeira ruga…
Atra desillusão crava-me a garra adunca.
Cego de amor, em vão tacteio a vida inteira,
Buscando o amor feliz e esse amor não vem nunca.