O designer, ator, diretor e dramaturgo Rodrigo Serra é natural de Parnaíba. É formado em Ciência da Computação, pela Universidade Estadual do Piauí, mas enveredou mesmo pelo caminho das artes. Fruto de uma geração que nasceu conectada, Rodrigo trouxe, para o seu fazer teatral, essa ânsia de se entender, de pesquisar e de se desafiar. O ator é um ser aberto para experimentar o novo e essa sede de entender as diversas linguagens fez do ator um explorador de técnicas e estilos. O tempo é um lapidador natural, um agente esmerilador das vivências e do domínio da profissão. Com cinco anos de imersão no teatro, o ator já experimentou intensamente o seu tempo praticando e pesquisando sobre o teatro. Rodrigo Serra já apresentou peças como “Aurora” (2018), “Fragilidades” (2018), “Somos Todos Catirina” (2017), “Bullying” (2017), “Paradas de Palhaço” (2016), “Lisbela” (2016), “Faz de conta que acontece” (2014), entre outras. Como diretor, foi contemplado com a indicação da obra “Casa Lenon” (2017), que ganhou o prêmio de Melhor Texto. Rodrigo Serra já participou de festivais pelo Piauí e está constantemente produzindo. Junto do grupo de teatro Sketch, organizou a Mostra Sketch de Teatro, movimentando a cena teatral parnaibana.
“A primeira vez que eu subi no palco foi fabuloso. As emoções que senti no palco nunca havia sentido antes e aquilo me fascinou de um jeito que até hoje me fascina.”
Nome Completo: Rodrigo Serra Albuquerque
Descrição: designer, ator, diretor e dramaturgo
Data de Nascimento: 19/09/1994
Local de Nascimento: Parnaíba-PI
Perfil escrito pela Geleia Total
Escrito por: Alisson Carvalho
Revisado por: Noé Filho e Narley Pereira Cardoso
Cadernos de criação
Tem gente que já nasce para a arte. A criação é um dom humano, estamos constantemente criando e ressignificando o mundo que nos rodeia ou tentando compreender os fenômenos que interferem na natureza. Criar precede a própria racionalização desse ato e, mesmo sem contato algum com as artes, podemos pincelar sobre uma tela e dar contornos para nossas ideias, desejos ou sonhos. Assim, sem poucas referências, Rodrigo Serra começou a criar. Ele não teve nenhum contato significativo com as artes durante a infância, mesmo assim, espontaneamente, transformou as ideias em texto. A ação espontânea de criar histórias e dar vida aos personagens perdurou, mas sem que o próprio artista percebesse. Os primeiros escritos do artista tinham a característica de contos, com a predominância da narração. Foi somente quando Rodrigo Serra ingressou no teatro que sua escrita ganhou outros contornos, começou a se refinar para comportar a dramaturgia teatral, com uma técnica mais apurada na metragem, linha de raciocínio e no roteiro de marcações. Sem perceber ou entender, nascia ali um dramaturgo apaixonado pela criação.
Atravessado pelo teatro
O primeiro contato de Rodrigo Serra com o teatro aconteceu fora dos palcos. Na época, o rapaz era envolvido com design e usava a sua criatividade para elaborar as artes dos diversos eventos que apareciam na sua empresa, especializada em serviços de informática e design. Rodrigo Serra recebeu a encomenda para elaborar a arte de divulgação de um dos espetáculos do Grupo Ato. Depois desse contato, o designer foi estreitando os laços com o grupo até ser inserido nele, ajudando nos bastidores. E foi assistindo ao espetáculo do grupo que Rodrigo se interessou pelo processo de construção de uma peça. O fascínio virou curiosidade e o designer decidiu experimentar a sensação de construir uma personagem e apresentá-la ao público. Decidido, Rodrigo Serra deixou de lado a área de Tecnologia da Informação e participou do seu primeiro teste para composição de elenco. O teste, bem-sucedido, era para compor o elenco de uma adaptação da obra de Jane Austen, Orgulho e Preconceito, dirigida por Wagner José. “A primeira vez que eu subi no palco eu senti várias emoções, senti coisas que eu não sei explicar”, diz Rodrigo Serra. Apesar da identificação com a arte, somente representando outro papel foi que o artista se sentiu atravessado pelo teatro, pois foi o momento em que ele percebeu todas as mudanças que uma personagem produz no corpo do ator. “Foi só a partir daquele momento que eu entendi o que é o meu teatro, a minha linguagem. Antes eu estava apenas subindo no palco, me apresentando”, pontua.
A importância do diálogo
A experiência é essencial em qualquer profissão. Não basta apenas munir-se de teoria, é necessário aplicar tudo o que se aprende. Para o profissional das artes cênicas, quanto mais vivência, maior será o seu repertório. O ator se abastece das experiências que vivencia, dos conhecimentos adquiridos ao longo da vida. Quanto mais material existir, mais variados poderão ser as suas personagens. Por isso, Rodrigo Serra frisa a importância do diálogo e do quão importante foi para a sua carreira ter pesquisado diversas linguagens até se encontrar. O ator passou pela direção de Rodrigo Serra, Mariane Sales, Ryck Costa, Wagner José, Sonária Vasconcelos, Hirlan kupfer e Frank Cunha. Cada diretor, com sua particularidade, acrescentou ao repertório do artista uma visão diferente e única, um olhar particular e essa diversidade de pensamentos foi moldando Rodrigo e ajudando na busca pessoal pela sua identidade artística. O ator pesquisou e explorou, com esses diretores, desde métodos que priorizavam a palavra até os que focavam na expressão corporal como forma de transmissão da mensagem. A partir dessa mistura toda, ele criou a sua própria síntese, que continua sendo aperfeiçoada. Rodrigo Serra é um artista que não se contenta, está sempre buscando se aprimorar. “Dialogar foi importante porque eu peguei várias linguagens e entendi que isso é essencial para evoluir. Tentei colher e absorver o conhecimento de cada um dos diretores e ver como isso me ajudava a refletir sobre o mundo”, diz Rodrigo Serra.
“O teatro me permite vivenciar uma outra verdade. Se o teatro for falso ele fica estéreo, nem o ator reage e nem o público reage.”
Juntando a galera
Rodrigo Serra envolveu-se tanto com as artes, que deixou qualquer perspectiva meramente egoísta de lado e quis levar alguma contribuição para a cena teatral parnaibana. Não satisfeito com o seu fazer teatral, o artista começou a refletir sobre a necessidade de integração da classe artística e o quanto a fragmentação de interesses enfraquecia as artes. Sentindo a necessidade de inter(agir) com outros grupos e fortalecer os laços entre os artistas, teve a ideia de criar a Mostra Sketch de Teatro, cujo objetivo era justamente o de criar um espaço de diálogo entre os grupos e mostrar para a sociedade o que estava sendo produzido no teatro parnaibano. A mostra contou com a presença dos grupos: Coletivo Cabaça, Grupo Metáfora, Grupo Ato, Mais Brava e o Grupo de Experimentação Cênica e aconteceu em 2016, por iniciativa independente. A partir desse evento, Rodrigo Serra teve contato com outros grupos, como o Grupo Metáfora, da atriz e diretora Fernanda Silva. Rodrigo Serra já participou dos festivais FestLuso (2017), Festival Nacional de Teatro (2016), Senthe (2016 e 2017). Cada experiência foi uma oportunidade de dialogar com os artistas e com o público dos festivais, afinal, não há teatro sem o diálogo e, como pontua Rodrigo, a arte sem união é uma arte estérea, um terreno infértil.
Eu escrevo sentimentos
“O meu teatro é um teatro de dúvidas, ou seja, o público não sairá com certezas do teatro. O teatro é para fazer você pensar. Todos os meus personagens são dúvidas, pois ninguém pode impor uma verdade, e eles discutem isso no palco.” Rodrigo Serra trouxe essa ânsia de se entender para o teatro. Dessa forma, os seus textos possuem indagações suas, compartilhadas com o público e que foram adicionadas ao longo da sua trajetória como dramaturgo. A sua escrita foi sendo reinventada à medida que o artista foi encontrando o seu fazer teatral e, com isso, ele passou a se desprender dos formatos e métodos de escrita, que outrora eram nitidamente percebidos na sua dramaturgia. Da primeira peça dirigida, “Fim do mundo” (2014), até a mais recente, “Aurora” (2018), o público se deparará com a preocupação em entender o mundo, reflexões sobre os problemas sociais e como é a relação das personagens com o mundo e com elas mesmas. Rodrigo Serra escreve sentimentos e organiza os retalhos de pensamentos que lhe vêm à mente, a partir dos estímulos despertados pelas preocupações e indagações momentâneas que ganham força na forma de um roteiro e, posteriormente, uma peça. A escrita de Rodrigo tenta retratar a crueza do ser humano, sem nenhuma maquiagem, com todos os seus erros, é uma escrita visceral e tem como proposta incomodar. Por isso, uma das suas referências no teatro é o ator, dramaturgo e diretor Antonin Artaud, pensador do teatro da crueldade, cujas ideias seduziram e guiam o trabalho de Rodrigo. “O meu teatro não nasceu em mim, eu nasci do meu teatro e vou mudando a partir disso”, cita Rodrigo Serra, parafraseando Antonin Artaud.
O teatro provocador
“O teatro me permite vivenciar uma outra verdade. Se o teatro for falso ele fica estéreo, nem o ator reage e nem o público reage”, diz Rodrigo Serra. A arte, para Rodrigo Serra, é um meio para compartilhar inquietações e pensamentos. O ator, diretor e dramaturgo tenta entender o seu lugar no universo, a sua condição, na sua dramaturgia. Além disso, é por meio do teatro que Rodrigo pode ter acesso às diferentes personagens e a vivência de tantas vidas no palco acaba sendo um laboratório para as suas reflexões. Rodrigo Serra é um artista ávido por conhecimento e não se contenta com o que já domina, seu ímpeto é de sempre buscar certo desconforto para se entender diante do desafio de superar o estado de desconforto e dilatar a sua capacidade de comunicação no palco. O artista que veio do taekwondo e explorou o parkour, encontrou na dança um espaço para entender melhor a sua expressão corporal e ampliar a noção espacial, consequentemente levando esses conhecimentos para o palco. E por não gostar do lugar comum, Rodrigo Serra é um exemplo de artista que não cansa de tentar se aprimorar, mesmo que incomode e incomodará, ele veio para questionar pensamentos que estão sedimentados e que precisam se reinventar.
Contatos
facebook.com/rodrigo.serraalbuquerque
(86) 9 9840-1999 / (86) 3323 – 3708
e-mail: rodrigoserra3@gmail.com
Fotos
Vídeo
Lista de espetáculos
Ator
Fragilidades (2018);
Somos Todos Catirina (2017);
Intimidação (2017);
Cortejo Prosa e Poesia (2017);
O Pequeno Príncipe (2017);
Paradas de Palhaço (2016);
Encontro Chance (2016);
Se Papai Soubesse (2016);
O Primo Basílio (2016);
A Morte Lhe Cai Bem (2015);
Razão e Sensibilidade (2015);
A Hora da Estrela (2015);
O Retrato de Dorian Gray (2014);
Orgulho e Preconceito (2014);
Faz de conta que acontece (2014).
Diretor
Aurora (2018);
Casa Lenon (2017);
Lisbela (2016);
Fim do mundo (2014).
Outras fontes
http://entrecultura.com.br/2017/11/24/trofeu-os-melhores-do-teatro-piauiense-2017/
https://cidadeverde.com/parnaiba/89811/espetaculo-teatral-aborda-desejos-intimos-de-sete-freiras
Última atualização: 29/07/2018
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