Sombras entre ruínas, de Alcenor Candeira Filho


Sombras e mais sombras
de sombrios olhares
num mundo de ruínas
andam lentamente.
Estão sempre mudas
tristes e cansadas.
E nem sonham mais
com um mundo que seja
menos miserável.
A voz que, aqui,
ali ou acolá,
de quando em vez
se levanta e quebra
a monotonia
grave do silêncio,
logo se esmaece
no deserto imenso.
E só ardentes preces,
ditas em segredo,
dia e noite sobem,
sobem para um céu
mais longe que perto.

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