O dia que te vi comer um sanduíche gritei desejando ser um pouco do que foi mastigado, de Alisson Carvalho

Arte de Lidia Martins

Prólogo

[Caro leitor, este prólogo pode ser ignorado, pois não acrescentará em nada o entendimento do conteúdo do texto.]

Eu sou um otário, tudo bem, sabemos disso, mas não precisa deixar tão explícito. Posso camuflar isso e mesmo assim serei um otário. Se você assumir essa condição ainda continuará sendo um otário, por isso tudo bem se mudarmos de assunto pelo menos por um instante? Não me importo com os seus assuntos, mas pode mudar sim. Eu sou um otário, não posso negar isso, tenho que me conformar e assumir o meu fardo. Sim, claro, mas de que adianta se definir em frases e orações se o conteúdo continuará sendo o mesmo?

Pausei e refleti. Não tem significado algum, quero dizer que não terá nenhum efeito, mas sinto que serei melhor entendido me separando da sua fala. E porque eu deveria me interessar pelas suas tragédias se você mesmo é condescendente com tudo que te fere? De fato sou sim, mas não consigo não ser, imagina que tudo que faço é apenas mergulhar no que me machuca. Pois, cara, abandona isso, fazer isso nõ vai te nutrir, não contribuirá para nada se autoflagelar.

Talvez não te acrescente, talvez nem me acrescente, mas vomitar isso pode me beneficiar. E se a minha indiferença te ferir mais? Mais é impossível, sou inatingível, então fala logo o que te aflige!

Começo verdadeiro

O dia foi um dia qualquer…

Era tão mais confortável digitar…

 

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