A Flor que fito, de Francisco Gomes

A flor que fito
distante
no fátuo eflúvio do horizonte – fovismo
, sinestesia provocante-canto-de-sereia,
, é abismo
: ilusão desnorteadora do tangível.
A flor que fito
errante
fincada na ferida a fogo a ferro
(lágrimas de sangue e um berro)
, pela pétala de brutalidade instigante
, torna-se
num sopro paradoxal
singular suave bela…
Tão bela essa flor mutante!
A flor que fito
descomunal
habita a visceral entranha
: tamanha é a força instintiva primal
fricçãocarne-carne
afago que arranha
fluido corporal.
A flor que fito
embevecida
também fede também cheira
; não é Amor
nem flor amarela.
A flor que fito
– nudez-mais-que-merecida –
não é Vênus de Milo
; só o sonho revela…
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