Quando sinto cantarem sobre as telhas
O ouro da luz e a voz das madrugadas,
vou ver morrer no céu as irisadas,
pequeninas e fúlgidas centelhas.
Ainda não despertaram as abelhas
para a festa das ramas enfloradas.
Pássaros dormem. Abertas nas estradas,
Rosas pompeiam pétalas vermelhas…
De onde lhe vem aquele sangue rubro?
Sigo, pé ante pé, olho e me encubro
Nos roseirais e de onde posso vê-las,
E vejo, então, velando o espaço infindo,
aquele sangue vir do céu caindo
pelos olhos de prata das estrelas…
(1876-1928)