O Salão do Livro do Piauí -SALIPI-, realizado anualmente desde 2003 através da Fundação Quixote, é o maior evento literário do Piauí e figura entre as principais Feiras e Bienais de Livros do Brasil. Em sua décima sexta edição, que acontece de 1º a 10 de junho no Espaço Rosa dos Ventos na Universidade Federal do Piauí, traz ao público, palestras, bate-papo literário, exposições, danças, músicas, apresentações teatrais e feira de livros. Um evento tão grandioso só pode ter mesmo boas histórias pra contar.
Para mais informações, acesse: www.salipi.com.br
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“Tudo começou com o Seminário Língua Viva. O Cineas Santos iniciou e eu o acompanhava. A gente pensou em um evento que pudesse juntar inteligência, professores e pesquisadores da nossa área mesmo e então surgiu o Seminário. Certa vez, no Rio de Janeiro, eu perguntei ao Cineas Santos se não dava pra fazer um evento amplo, democrático, popular, simples. Era fevereiro de 2003 e estávamos na companhia do grande poeta H. Dobal. A ideia foi fervendo, acontecendo na nossa cabeça. Quando voltamos para Teresina, quase imediatamente nós detonamos o primeiro SALIPI e a coisa aconteceu. Tivemos como homenageado o super intelectual do Piauí, Mário Faustino. Super inteligente, culto, brilhante e incompreendido. O nosso primeiro SALIPI foi um estouro, foi grandioso. A impressão era que a cidade já esperava há tempos por um evento assim”, conta eufórico o Professor Luiz Romero, um dos idealizadores do SALIPI e coordenador do Bate-Papo Literário.
Algumas coisas nem sempre são planejadas e nem por isso deixam de dar certo. Aconteceu no SALIPI com o Bate-Papo Literário, que não foi, em nenhum momento, programado, mas que a cada ano foi se tornando um espaço disputado no Salão e serve de vitrine para os escritores iniciantes. “Na primeira edição do Salão, o Professor Romero observou as pessoas que não tinham acesso ao auditório, que estava lotado. Então ele colocou umas cadeiras e começou a conversar com essas pessoas, a bater papo. No ano seguinte ele já colocou um tapete, depois um microfone por causa do aumento do número de participantes. Só depois o espaço foi fechado, climatizado e foi se tornando um dos pontos mais altos do Salão”, explica quase incrédulo, Kássio Gomes, presidente da Fundação Quixote.
A professora universitária e integrante da comissão organizadora do SALIPI, Jasmine Malta, fala de como passou a fazer parte do evento, da responsabilidade, do empenho: “No primeiro ano fiz a palestra de abertura, no segundo ajudei na venda das inscrições, e no terceiro já comecei a fazer parte direta da Coordenação. É muita responsabilidade e compromisso, porque não realizamos algo para nós, mas sim para nosso Estado inteiro. E focados na formação e permanência de leitores. O envolvimento é grande, pois passamos a fazer parte também dos eventos no interior. Trabalhar com Educação e Cultura não é fácil, mas bastante prazeroso”, conta.
Quando perguntada sobre histórias divertidas ou mesmo cômicas que aconteceram durante as edições do Salão, Jasmine revela, sem citar nomes, alguns episódios difíceis de esquecer: “Teve um grupo de escritoras que já chegou com uma agenda de baladas e caíram na noite teresinense, o blogueiro que passeou pela cidade de madrugada e ficou marcado pelas pichações sobre o “Alcindo”, na região do Marquês, os camarins dos artistas com suas toalhas brancas. Sim, eles realmente pedem isso e é quase uma gincana atender todas as exigências. Já me pediram 1 kg de pão de queijo em estufa aquecida, em um domingo à tarde! E cinco pizzas para 19:45h e outras cinco para 20:20h. E teve também um escritor cubano que passou mal de tanto comer carne de sol, numa alegria de menino com um pote de doces! Foi Sonrisal aos litros”, conta Jasmine, aos risos.
O homenageado desta edição é o jornalista e escritor piauiense, natural de Barras, Arimathéa Tito Filho. Escreveu inúmeros livros, que destacavam principalmente sua preocupação e amor por Teresina. Também era Bacharel em Direito e ocupou inúmeros cargos públicos e também a cadeira 29 da Academia Piauiense de Letras, onde foi presidente por onze mandatos, a primeira vez em 1971 aos 21 anos de idade.
Quanto aos convidados, nomes que já são consagrados, novos autores em evidência, gente que movimenta a Arte e a Cultura no Piauí e as sugestões dos próprios Salipianos; tudo isso é levado em conta na hora de escolher os palestrantes, escritores e músicos, sempre levando em consideração agenda das atrações e a capacidade financeira do evento. Em edições anteriores já passaram pelo evento Thalita Reboucas , Isabela Freitas e Jout Jout, Ignácio de Loyola Brandão e Ariano Suassuna . Este ano o Salão traz José e Lucas de Nicola, Gabriel o Pensador, Luiz Ruffato, Márcia Tiburi, Bráulio Bessa. Pelo palco do Salão passaram Patrícia Mellodi, Vagner Ribeiro e Valor de Pi, Rita Ribeiro e Oswaldo Montenegro. Na décima sexta edição, o show de encerramento ficará por conta de Chico César e da banda piauiense Validuaté.
Com uma equipe pequena, mas empenhada e formada essencialmente por professores, o Salão do Livro do Piauí não fica restrito a capital Teresina e se expande cada vez mais pelo interior do estado, carregando ano a ano a responsabilidade de levar cultura em forma de literatura e arte aos piauienses.
Por Naftaly Nascimento.