Bia e Moisés são dois intérpretes!
Com voz, performance, carisma, sentimento e até malemolência – com tudo o que a afirmativa acima tenha de significado. Eles fizeram do encontro no show “Cancioneiros do Piauí” algo bom de se ver. Em muitos momentos privilegiaram a emoção no lugar da técnica, as vezes prejudicada pelo som e a luz, que nem de longe estiveram à altura de ambos.
Deram vida a 20 composições de autores piauienses, fazendo o que o intérprete deve fazer: revelar a beleza da música. E como temos compositores incríveis! Foi de dar orgulho.
Para mim os pontos altos foram: a abertura, com “Deus vos salve essa casa santa”, letra de Torquato Neto e música de Caetano Veloso; a interpretação para a letra “Duas ou três Coisas”, de Patricia Mellodi, ainda com música incidental “Últimas Palavras”, também de Patrícia – puro sentimento; e a desenvoltura de intérpretes e banda, arrebatando o público, quando cantaram “Vendedor de Cajuína”, do Conjunto Roque Moreira.
O que, para mim, merece ser revisto: a música “A volta do zorro”, de Teofilo Lima– não pela composição, que é incrível, mas porque ainda não encontraram a forma de dizê-la, nem na interpretação, nem no arranjo.
A produção do show ficou a cargo do grupo Geleia Total, que também merece os créditos pelo que está tentando realizar: espetáculos diferenciados que valorizem compositores, intérpretes e músicos.
Ninguém me perguntou nada e nem sou crítica de espetáculos. Mas resolvi escrever pensando o quanto é difícil, para o artista, a falta de uma interação. Nesse ponto chego no jornalismo, onde me incluo: estamos a dever aos artistas uma crítica séria. Ela tem estado ausente mesmo nos maiores veículos de comunicação, mas ensaia uma volta em espaços na internet, com mais destaque para o cinema, de modo geral. Se ainda não conseguimos fazê-la, o primeiro passo pode ser ir aos espetáculos. Vai ficar limitado a gente divulgar o que acontece, mas não entender o que acontece.
Continuo aplaudindo vocês com alegria, Bia Magalhães, Moises Chaves, banda e a turma da Geleia Total. Foi lindo! Bravos!
Por fim, os créditos corretos da banda (graças a Cami Rabêlo):
André Wilker (teclado), Jardel Lopes (bateria), Kamila Canabrava (baixo) e Mário Araújo (direção musical e guitarra).
Crítica escrita pela jornalista Samaria Andrade.