quando os pés adoecem
e esquecem os caminhos
o corpo precisa inventar voos.
os peixes nadam na profundidade da costela direita
na obscuridade do entre-ossos
migrando para o aconchego do litoral carnudo.
(a língua quando bem plantada
atinge veios profundos
manancial voluptuoso de fabulações)
busco então, a sobrenatural beleza:
as ancas africanas, a envergadura monárquica,
a anatomia incendiária.
me visto de asas e de lâmpadas e vou ao teu encontro
com uma palavra-mágica adornando os olhos.