Soneto LVII , Ovídio Saraiva

Mil e mil vezes tua carta leio,

E mil beijos lhe dou com a boca ansiosa;

Ave desejo ser, que vá gostosa

Esse teu claustro ver, medonho e feio.

 

Sim, ausente de ti tremo e receio,

Que o teu peito me roube a sorte irosa;

Cubro de pragas minha estrela odiosa,

Por não me unir contigo em doce enleio.

 

Meu firme coração somente estuda,

Em como há de gozar dos teus agrados,

Teus tesouros gozar, que o claustro escuda:

 

Ah! e se tu não crês nestes meus brados,

Querendo antes, meu bem, linguagem muda,

Digam-te os olhos meus os meus cuidados

 

Soneto de Ovídio Saraiva do livro “Poemas” (1989)

 

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