uns versos, de Adriano Lobão

entre linha limpa descanso sutil não se desdobra

claro enigma em superfície inerte paz abandonada

o inexato revelar de obscura possibilidade

 

ou sem linha alguma talvez planta ou gelo ou chama abstrata

ameno vácuo inscrevendo a simbologia do caos

surdo grito perdido em tinta pelos signos da mão

 

este estranho arabesco de murmúrio e cinza detém

esta palavra infecunda em lauda congelada em vão

rabisco hieróglifo ideograma eólico beijando o vazio

 

nem mestre nem discípulo em apagada estrada escura

como palavra reescrita esquecida de acontecer

poesia de Adriano Lobão

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